R$ 1,8 bilhão e 4 estados: O plano agressivo de aquisições da Intermédica
Na pandemia, operadora de saúde aproveita para fincar bandeiras em estados promissores, como Minas Gerais
Mariana Desidério
Publicado em 28 de outubro de 2020 às 12h26.
Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 13h53.
A operadora de planos de saúde Grupo Notredame Intermédica (GNDI) foi às compras nesta pandemia. O ano de 2020 nem terminou e a companhia já fez oito aquisições, duas só na última segunda-feira (26). O momento é propício para a empresa, que tem uma operação eficiente, com sinistralidade de 64,7%, uma das mais baixas do mercado. Desde o início do ano, a operadora já fechou aquisições que somadas representam 1,8 bilhão de reais. As ações da Intermédica podem ser a próxima supervalorização da Bolsa? Veja a lista completa das empresas com IronCaps da EXAME Research
Com medo da covid-19, pacientes adiaram cirurgias eletivas e diminuíram a frequência ao pronto-socorro dos hospitais, deixando muitos em dificuldades financeiras. Além disso, algumas operadoras de planos têm sofrido perda de vidas com a alta do desemprego.
Esse cenário é um prato cheio para o GNDI, cujo modelo de negócio verticalizado exige ter uma forte operação em hospitais e clínicas próprios. A operadora ainda trabalha com ticket médio mais baixo nos planos, o que atrai empresas que buscam economizar no benefício de saúde de seus funcionários em meio à crise causada pela pandemia.
O plano da operadora então é aproveitar o momento para crescer e fincar bandeiras nas regiões prioritárias para sua expansão. A empresa nasceu em São Paulo, estado onde tem maior presença, e tem focado sua expansão principalmente em Minas Gerais e a região Sul do país.
Das oito aquisições feitas nos últimos meses, quatro foram de operações em municípios mineiros, com destaque para o sul e o centro-oeste do estado. Outras três aquisições foram de operações em estados du Sul do país, onde o Grupo Notredame Intermédica atua através da operadora Clinipam. As aquisições na região envolvem um hospital em Curitiba (PR), uma operadora de saúde com beneficiários em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul e um hospital em Santa Catarina. A oitava aquisição foi no estado de origem da operadora, em São Paulo.
No segundo trimestre de 2020, o Grupo GNDI teve receita de 2,6 bilhões de reais, alta de 27,9% em relação ao mesmo período de 2019, e 223,4 milhões de reais em lucro líquido, alta de 149% em relação ao segundo trimestre de 2019.
Veja a seguir as aquisições do grupo na pandemia (algumas delas ainda precisam de aprovação do Cade e da ANS (Agência nacional de Saúde Suplementar):
1 – Hospital e Maternidade Santa Brígida – Paraná – R$ 48, 5 milhões
Na segunda-feira (26/10), a Notredame Intermedica anunciou duas aquisições. A primeira, feita através da subsidiária Clinipam, foi a do Hospital e Maternidade Santa Brígida, em Curitiba, que tem 72 leitos, sendo 15 de UTI. O GNDI pagou 48,5 milhões de reais pelo ativo. Em 2019, o hospital teve faturamento de 31,2 milhões de reais. O hospital será integrado à Clinipam, operadora da rede forte no Paraná.
2 – Operadora Sepram - Minas Gerais – R$ 170 milhões
A segunda compra anunciada no dia foi a da Sepram, operadora de planos e saúde verticalizada com atuação no sul de Minas Gerais. A aquisição, no valor de 170 milhões de reais, inclui o Hospital Imesa e o Hospital Varginha.
A Sepram tem atuação nas regiões de Alfenas, Varginha, Extrema e Pouso Alegre (sul de Minas Gerais), a cerca de 100 quilômetros de distância de Poços de Caldas, onde a companhia comprou em agosto a operadora de saúde Climepe. A área de influência da Sepram tem mais de 1,4 milhão de habitantes, sendo 312 mil beneficiários de planos de saúde. A operadora adquirida tem uma carteira com 47 mil beneficiários de saúde (sendo 96% em plano corporativo ou por adesão) e 10 mil beneficiários de plano odontológico. Em 2019, teve faturamento de 108 milhões de reais, com sinistralidade de 76%.
3 – Operadora Lifeday - Santa Catarina e Rio Grande do Sul – R$ 70 milhões
Em 1º de outubro, a Clinipam comprou a operadora de planos de saúde Lifeday, por 70 milhões de reais. A Lifeday tem uma carteira de 57 mil beneficiários principalmente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo 95,8% com planos corporativos ou PME. O faturamento da Lifeday nos 12 terminados em junho de 2020 foi de 95 milhões de reais, com sinistralidade de 82,5%.
4 – Grupo Medisanitas Brasil – Minas Gerais – R$ 1 bilhão
No dia 26 de agosto, a operadora divulgou sua maior aquisição do ano, do grupo Medisanitas Brasil, com valor de transação de 1 bilhão de reais. O Medisanitas concentra as operações brasileiras do grupo colombiano Keralty, que atua no setor de saúde em Venezuela, Colômbia, Peru, México, Estados Unidos, Europa, Indonésia e Filipinas . A empresa entrou no Brasil em 2011. Em 2019, teve faturamento de 572 milhões de reais, com sinistralidade de 82,3%.
O Grupo Medisanitas Brasil tem 340 mil beneficiários de planos de saúde e 3 mil beneficiários de plano odontológico, sendo 85% deles em Minas Gerais, e 84% na categoria corporativa, Tem também uma rede própria verticalizada em Minas Gerais, com hospital, pronto-socorro, clínicas e laboratórios de análises clínicas.
5 – Bio Saúde – São Paulo - R$ 79 milhões
Em 12 de agosto, a operadora comprou a operadora de planos de saúde Bio Saúde, por 79 milhões de reais. A Bio Saúde tem uma carteira de cerca de 100 mil beneficiários no estado de São Paulo, principalmente na capital paulista, sendo mais de 70% com planos corporativo e PME. Em 2019, o faturamento foi de 103 milhões de reais, com sinistralidade de 85,2%.
6 – Climepe – Minas Gerais – R$ 168 milhões
No dia 4 de agosto a operadora divulgou acordo para a aquisição da Climepe, por 168 milhões de reais. A Climepe é uma operadora de saúde verticalizada com atuação na região de Poços de Caldas (MG). A empresa tem uma carteira com 33 mil beneficiários de saúde (81% corporativo/adesão), 6 mil beneficiários de plano odontológico, um hospital com 119 leitos, uma clínica para procedimentos de baixa complexidade e centro de diagnóstico por imagem. Em 2019, teve faturamento de 74,4 milhões de reais, com sinistralidade de 73%.
7 – Grupo Santa Mônica – Minas Gerais – R$ 233 milhões
Em 25 de junho, a operadora divulgou acordo para aquisição do grupo Santa Mônica, maior operador de saúde verticalizado do centro-oeste de Minas Gerais. Sua área de atuação tem mais de 1,1 milhão de habitantes (340 mil beneficiários de planos de saúde). O grupo possui 41 mil beneficiários, sendo 88% com plano corporativo. Tem também dois hospitais dentre outros ativos.
Em 2019, o Grupo Santa Mônica teve faturamento de 89 milhões de reais, com sinistralidade de 74%. O preço de aquisição foi de 233 milhões reais.
8 – Hospital do Coração de Balneário Camboriú – Santa Catarina – R$ 65,7 milhões
Em 20 de maio, a operadora divulgou acordo para aquisição do Hospital do Coração de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, por 65,7 milhões de reais. O Hospital do Coração tem 58 leitos, sendo 10 de UTI, além de uma unidade de hemodinâmica, ala oncológica e laboratório de análises clínicas. Em 2019, teve faturamento de 42,5 milhões e reais.