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Quatro amigos se juntam para vender pele sintética de tubarão. O motivo? Surfar mais rápido

Empresa vai usar tecnologia da alemã Basf, atualmente aplicada em aviões, para surfar mais rápido

Leandro Dolfini, Sergio Ficarelli, Valter Pieracciani e Eduardo Takeuchi, da Shark Coat: há 30 milhões de surfistas no mundo, e esse é o mercado que a Shark Coat mira (Bruno Cals / Shark Coat/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de junho de 2024 às 15h55.

Um projeto da multinacional alemã Basf estará, em breve, nas ondas dos mares do Brasil.

Quatro empresários brasileiros estão trazendo uma tecnologia da empresa que reproduz a pele de tubarão para diminuir o atrito, e irão aplicar em pranchas de surfe. A ideia é aplicar essa camada no equipamento, fazendo com que as pranchas deslizem mais rapidamente pela água, ganhando até 30% de velocidade.

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“O tubarão é um dos animais mais antigos da face da terra e vem evoluindo há mais de 450 milhões de anos”, diz Valter Pieracciani, fundador e CEO da Shark Coat, empresa que vende a pele sintética de tubarão. “Além da aerodinâmica dele permitir deslocamentos rápidos, cientistas descobriram que sua pele tem 4.000 micro escamas por centímetro quadrado, o que permite que ele saia de zero para 50 quilômetros por hora em fração de segundos”.

Os cientistas da Basf desenvolvem, a partir desse conhecimento, uma pele sintética de tubarão. A primeira aplicação no mercado foi em asas de avião para reduzir a resistência aerodinâmica, economizando combustível, numa parceria com a Lufthansa.

Agora, em parceria com a brasileira Shark Coat, a Basf usará o mesmo material para fazer as capas às pranchas.

“Essa biotecnologia chamou nossa atenção”, diz Pieracciani. “Somos pesquisadores, estamos sempre procurando o que acontece. Identificamos essa tecnologia e pensamos que poderíamos usar no surfe”.

Por que o surfe? Os quatro sócios são apaixonados pelo esporte. Pieracciani e Sérgio Ficarelli, que é chefe de operações da Shark Coat, por exemplo, já surfam há mais de 50 anos. Os outros dois, Leandro Dolfini e Eduardo Takeuchi, também praticam o esporte.

A expectativa da Shark Coat é que a capa de pele sintética de tubarão aumente em 30% a velocidade da prancha.

Como foi o processo para criação da Shark Coat

Pieracciani é engenheiro mecânico, mas há anos trabalha como especialista em gestão de inovação. Foi nessa área que se aproximou de negócios como o da Basf, um gigante laboratório de pesquisa e inovação sediado na Alemanha.

Quando se juntaram com os cientistas alemães para comentar sobre a possibilidade de aplicar a tecnologia em pranchas de surfe, o negócio começou a decolar.

“A própria Basf ficou bastante empolgada”, diz Ficarelli. “Eles estavam focados na aviação, e apresentamos um novo mundo para eles”.

A parceria dará representação exclusiva desse produto da Basf para que os brasileiros sejam os únicos a vender o produto no Brasil, nos Estados Unidos e na Austrália, três países com mercado potencial grande no mundo de surfe.

“No Brasil, temos cerca de 120.000 pranchas novas por ano. Entre os Estados Unidos e a Austrália, são outras 600.000”, diz o fundador.

Como funciona o Shark Coat

O Shark Coat é uma película plástica que envolve toda parte de baixo da prancha, que desliza na água. Ela é colocada na prancha por um grupo de aplicadores parceiros treinados pela Shark Coat.

No Brasil, a ideia será vender diretamente para o consumidor final. Nos Estados Unidos e na Austrália, a ideia é fazer parcerias com as fabricantes e oferecer para os clientes enquanto eles estão customizando o novo equipamento, como se fosse um acessório.

O material é de alta durabilidade, e a expectativa da empresa é faturar ao longo prazo pela própria tendência de mercado de renovação das pranchas.

“Temos um universo de 30 milhões de surfistas pelo mundo. E a média é que cada um tenha cerca de quatro pranchas”, afirma. “Além disso, a média de duração de uma prancha é de três anos. Agregando esses dois fatores, acreditamos que temos um bom mercado pela frente”.

Cada Shark Coat custará cerca de 1.500 reais. O produto será produzido na Alemanha e será importado para o Brasil. A empresa ainda não tem estimativa de quanto irá faturar neste primeiro ano de operação.

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