Projeto refinado

A retração econômica vivida em 2003 jogou água fria em um dos mais disputados projetos do governo. Cobiçada por 12 estados brasileiros, uma nova refinaria da Petrobras corre o risco de não sair do papel até 2008 e ficar pronta apenas em 2010. Isto é, nem em uma eventual reeleição de Lula. O presidente da República, por sinal, é um dos maiores defensores da idéia: já afirmou que a nova refinaria sai, sim, e que será construída no Nordeste. A Petrobras faz questão de frisar que, por critérios técnicos, não há a menor necessidade de uma nova unidade. E que o apagão da gasolina está descartado. "A redução do consumo interno, a entrada do gás na matriz energética e as constantes descobertas de petróleo afastam esse risco", afirma Eider Prudente de Aquino, diretor-gerente de refino da estatal. "Mesmo se houver o chamado espetáculo do crescimento, nada sai antes de 2008."

Além da retração, das descobertas e da entrada de gás na matriz energética brasileira, outro fator adia a necessidade de uma nova refinaria. Até 2007, a Petrobras gastará 5,5 bilhões de dólares -- mais que 16% do total previsto em investimentos no período -- na modernização e no aumento de capacidade de oito de suas atuais 11 refinarias no Brasil. "Precisamos produzir derivados de melhor qualidade e reforçar a produção de nafta, GLP e diesel, que são as áreas com déficit", diz Aquino.

Seja em 2006, 2008, seja em 2010, a Petrobras não quer entrar sozinha na construção da refinaria. Na estatal, não se fala em bancar totalmente os quase 2,2 bilhões de dólares necessários para o empreendimento. Em tempos globalizados, a empresa quer um parceiro que tenha interesse em ingressar no mercado brasileiro. Encabeça a lista a estatal venezuelana PDVSA. Ela já até assinou o protocolo de intenções com o governo de Pernambuco, onde está instalada a Refinaria do Nordeste (Renor) -- que não é da Petrobras.