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Presidente do Bradesco diz não ter medo das fintechs, mas das big techs

Octávio de Lazari defendeu a existência de uma tarifa para atuantes do open banking, sistema que permitirá o compartilhamento dos dados dos clientes

Bradesco: CEO do banco falou sobre os cenários do mercado com a regularização do open banking (Paulo Fridman/Bloomberg)

Bradesco: CEO do banco falou sobre os cenários do mercado com a regularização do open banking (Paulo Fridman/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de outubro de 2019 às 15h24.

Última atualização em 11 de outubro de 2019 às 15h25.

São Paulo — O presidente do Bradesco, Octávio de Lazari, afirmou que não tem medo das fintechs, mas das big techs como Amazon, Apple e Google. "Imagine um desses entrando no mercado e, com os milhões de clientes que essas casas têm, acessando os sistemas dos bancos? O sistema trava. Não há tecnologia que suporte", alertou ele, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2019.

Nesse contexto, ele defendeu a existência de uma tarifa entre os players atuantes do open banking, sistema que permitirá o compartilhamento dos dados dos clientes. "É preciso ter cuidado para evitar dissabores e tarifas. Temos de corrigir assimetrias de informação. Tudo o que é de graça não é valorizado", enfatizou Lazari.

Quanto à possibilidade da cobrança de tarifas aos participantes do open banking, o sócio fundador do Nubank, David Vélez, ficou ao lado do concorrente Bradesco. De acordo com o executivo, se as big techs obtiverem informações junto à base dos grandes bancos, o inverso também tem de valer. "Os grandes bancos também têm de conseguir ter acesso à base de dados das big techs. É uma questão de reciprocidade", acrescentou.

Segundo Vélez, o Nubank apoia a cobrança de uma tarifa no âmbito do sistema de open banking. Ele ponderou, contudo, a necessidade de esse custo ser apropriado de modo que não inviabilize o novo instrumento no Brasil. "Nós temos um baixo custo, não temos agência. Os grandes bancos têm um custo mais alto por conta do legado que possuem, mas não são os outros players que têm de pagar por isso", exemplificou.

Questionado pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente do Bradesco explicou que o banco é a favor de uma tarifa que garanta o bom funcionamento do open banking e que não o inviabilize. Sobre a possibilidade de repasse desse custo para o consumidor, ele disse que isso não será possível em um ambiente de maior concorrência no Brasil.

"Se eu repassar esse custo para meu cliente e o concorrente não, eu posso perder meu cliente", avaliou Lazari.

Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a cobrança de tarifas para players terem acesso a informações de clientes no sistema de open banking é um tema importante. O ponto, conforme ele, ainda está em discussão e não há uma definição a respeito. Não se sabe, por exemplo, o tamanho de uma eventual tarifa e se mudaria dependendo do player.

Campos Neto destacou ainda que o tema da reciprocidade e da proteção de dados também merece atenção no sistema de open banking e, por tanto, o regulador está debruçado numa regulação predeterminada para evitar que experiências ruins aconteçam. "Ter algum vazamento de dados pode fazer com que o open banking perda credibilidade antes de nascer", avaliou.

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