Exame Logo

Pré-sal terá competição entre investidores, diz Petrobras

Exploração da maior parte dos blocos será licitada pelo governo

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Apesar das críticas ao viés estatizante do novo marco regulatório para a exploração do pré-sal, a Petrobras afirma que as regras garantem a competição entre todos os investidores interessados. Durante o fórum "O Novo Cenário Energético Mundial e as Oportunidades para o Brasil", promovido nesta quinta-feira pela revista EXAME em São Paulo, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Almir Barbassa, disse que a maior parte dos blocos do pré-sal poderá ser disputada por todas as companhias que tenham como objetivo aumentar suas reservas. Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Pergunta - O novo marco regulatório do pré-sal representa um retorno ao monopólio no setor de petróleo?

Veja também

Almir Barbassa - Absolutamente não. Vai haver competição entre os investidores. A maior parcela dos blocos vai ser aberta a todos que quiserem obter resultados com o pré-sal no Brasil, garantir reservas e ter uma produção e um volume para colocar nos seus balanços.

Pergunta - Há uma definição de como a Petrobras vai participar como operadora de todos esses blocos?

Barbassa - Primeiro a gente tem que ver como os projetos serão aprovados no Congresso. Mas se sair como está proposto, a Petrobras vai ter um mínimo de 30% em cada bloco e, além disso, poderá se candidatar a ter os 70% restantes. Ou seja, ela pode chegar a 100% ou ter parceiros para dividir esse investimento.

Pergunta - Há muitas críticas em relação ao fato de a Petrobras se tornar a operadora única de todos os blocos. Como a Petrobras vê essa questão? Ela está aberta a discutir uma eventual mudança?

Barbassa - Eu acho que se o governo quiser mudar isso, ele não precisa discutir com a Petrobras.

Pergunta - Essa obrigação de a Petrobras estar em todos os blocos do pré-sal não pode fazer a empresa frear ou até deixar de investir no exterior devido ao alto volume de investimentos que será feito no Brasil?

Barbassa - Existem várias condicionantes para esse crescimento. É bom lembrar que hoje nós temos uma participação que é praticamente o dobro de 30% em todas as áreas do pré-sal.

Pergunta - Qual o tamanho da capitalização que será feita na estatal e em qual valor pode sair o barril do petróleo nessa operação?

Barbassa - Essas são variáveis ainda indeterminadas. O que existe na proposta é que o limite será de até 5 bilhões de barris.

Pergunta - Qual será a produção futura da Petrobras com o pré-sal?

Barbassa - A nossa projeção hoje é que o consumo brasileiro estará em torno de 3 milhões de barris por dia em 2020 ou um pouco menos que isso. Também acreditamos que haverá uma sobra de 1 milhão de barris para exportar.

Pergunta - O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) disse que os primeiros leilões de blocos do pré-sal deverão começar no primeiro semestre de 2010. É isso mesmo? Qual a disponibilidade da Petrobras participar desses leilões?

Barbassa - A data de realização dos leilões é uma decisão do governo. Foi dito que a Petrobras foi a empresa que teve maior participação em todos os leilões. Eu acho que ela continua com esse mesmo interesse.

Pergunta - A Petrobras já tem mapeado em quais blocos ela vai apostar?

Barbassa - Não, está muito cedo. (Continua)


Pergunta - O Haroldo Lima falou que a participação do governo na Petrobras poderia chegar a 55%. Você concorda com esse percentual? É possível que isso aconteça?

Barbassa - Eu não sei como ele fez esse cálculo. Há muitas variáveis envolvidas: exercício do minoritário e quanto ele irá exercer, valor que vai ser utilizado como aporte e o preço do barril. Isso tudo vai ser avaliado.

Pergunta - O acionista minoritário da Petrobras deve ficar preocupado? E quem comprou ações com recursos oriundos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) deve se preocupar?

Barbassa - Eu não vejo motivo. O minoritário vai ter a opção de acompanhar a capitalização. Quem comprou ações com recursos do FGTS também não perde porque o fundo hoje pode ceder gratuitamente ao cotista o direito de fazer a subscrição.

Pergunta - A agência Moody´s colocou a nota da dívida da Petrobras em revisão para uma possível melhoria. Isso ajuda na rolagem dos débitos?

Barbassa - Não temos pressa para fazer isso. No momento oportuno, vocês serão surpreendidos com a operação.

Pergunta - Muitas cidades próximas à Bacia de Santos devem lucrar com essa exploração do pré-sal. O que está previsto? Esses municípios podem se beneficiar mesmo?

Barbassa - Vai depender muito não só da Petrobras mas de toda a cadeia de suprimento da companhia, que é um conjunto de empresas que vão crescer no Brasil. Essas empresas trarão tecnologias que hoje não existem no Brasil. Portanto, há oportunidade não só para as cidades costeiras, mas as interioranas também, não só de São Paulo, mas de todo o Brasil. Nós temos feito e apresentado o nosso programa de investimentos em vários países. Semana passada, por exemplo, estivemos na França e na Inglaterra. No final de outubro iremos para o Canadá. Estivemos no Japão, na Coreia, em Cingapura, na Noruega e na Itália. Nós estamos mostrando que o Brasil é o lugar que está crescendo e que tem oportunidade. As empresas desses países estão motivadas. Aquilo que nós não fabricamos hoje pode vir a ser produzido em qualquer lugar do Brasil.

Pergunta - Existe uma ameaça de que o pré-sal suje a nossa matriz energética?

Barbassa - Eu acredito que não. A tendência é a que o Brasil desenvolva energias alternativas, assim como o resto do mundo. Todos precisam de mais fontes alternativas e renováveis porque, se você olhar para 2030, será necessário desenvolver projetos que atendam o consumo de mais cerca de 40 a 50 milhões de barris por dia. Esses volumes ainda não foram descobertos. Você não tem reservas hoje existentes capazes de fornecer a demanda de 2030. Portanto, qualquer outra alternativa que virá será bem-vinda, ainda mais se for renovável e limpa.


Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame