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Possível fusão com Brasil Telecom terá preço alto para a Oi

Leilão de recompra das ações da Oi, realizado nesta terça, mostra que minoritários cobrarão caro pela reestruturação que permitirá a união das operadoras

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A Oi (ex-Telemar) pagará um preço salgado para se unir à Brasil Telecom - uma das fusões mais esperadas do mercado brasileiro de telefonia. Para abrir caminho para a operação, a Oi tenta reorganizar sua estrutura societária desde o ano passado. Nesta terça-feira (24/7), porém, ficou claro que os minoritários da companhia cobrarão caro para permitir que os controladores da empresa avancem na negociação da parceria. Mesmo pagando um ágio de 28,8% sobre o valor do edital, o leilão de recompra das ações preferenciais da Telemar Norte Leste (Tmar) contou com uma adesão bastante baixa diante das expectativas - foram recomprados 10,091 milhões de papéis, o equivalente a 25,75% das ações em circulação.

No edital, a Oi dispunha-se a pagar 52,39 reais por ação. Durante o leilão, realizado hoje entre as 13h15 e as 14h15, na Bolsa de Valores de São Paulo, o preço ofertado foi elevado quatro vezes para persuadir os interessados, até chegar ao valor final de 67,50 reais por papel. Para os analistas, o resultado reforça as chances de os controladores da Oi aumentarem também o preço das preferenciais da Tele Norte Leste Participações (TNLP), no leilão de recompra previsto para 14 de agosto. Se for mantido o mesmo ágio de hoje (28,8%), o preço de edital dos papéis, 35,09 reais por ação, poderia subir a 45,19 reais.

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Quando a recompra dos papéis foi anunciada, em abril, tanto minoritários quanto analistas aprovaram o formato da operação. A adesão voluntária foi bem vista, depois do fracasso da reestruturação tentada pela Oi no ano passado, que envolvia a troca de papéis numa proporção que desagradou os investidores. Na época, o mercado avaliou que a recompra de papéis da Tmar e da TNLP custaria cerca de 11 bilhões de reais à Oi. Se o ágio de 28,8% for aplicado sobre esse valor, a reestruturação da companhia custará 14,16 bilhões de reais. E, mesmo assim, não há garantias de que os minoritários vão vender todos os seus papéis.

O valor superaria a captação de 11,45 bilhões de reais anunciada pela Oi no início deste mês, a fim de liquidar a reestruturação. Para levantar o dinheiro, a Oi recorrerá à emissão de 4,8 bilhões de reais em notas promissórias, além de 6,65 bilhões em empréstimos no exterior.

Ponto em comum

Para os analistas, o que dificulta o sucesso da reestruturação da Oi é a própria expectativa de que, uma vez reorganizada, a companhia teria condições de se unir à Brasil Telecom e compor um grande grupo nacional no setor de telecomunicações - hipótese que agrada ao governo federal. "Tanto os controladores, quanto os minoritários enxergam a mesma situação: uma mudança na legislação permitiria a união", afirma Felipe Cunha, analista de investimentos da corretora Brascan.

O problema é que, embora a percepção seja idêntica, as conseqüências para as duas partes são opostas. Os controladores correm para recomprar os papéis antes da mudança na lei, o que lhes garantiria um preço mais baixo pelas ações. Já os minoritários resistem, à espera de que a nova legislação valorize seus títulos. "A dúvida é saber que preço fará com que os minoritários abram mão de um ganho futuro, em troca de uma realização imediata", diz Cunha. Nesse aspecto, as especulações são muitas. Para Cunha, por exemplo, um preço justo pelos papéis da Tmar é 81 reais. Se a cotação fosse essa, a Oi teria de desembolsar mais de 2 bilhões de reais apenas pelos 29 milhões de papéis ainda em mãos dos investidores.

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