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Por que a produção de combustíveis da Petrobras está crescendo na pandemia

Os produtos da estatal voltados para caminhões e navios estão ganhando destaque no mercado

Operação fabril da Petrobras (Germano Lüders/Exame)
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Juliana Estigarribia

Publicado em 22 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 11h15.

O cenário para a indústria petrolífera não poderia ser mais desafiador, diante da queda abrupta do consumo e das dificuldades para controlar a oferta em meio à pandemia do novo coronavírus. Mas é justamente neste ambiente que a Petrobras registrou, nos nove primeiros meses do ano, uma produção de combustíveis 1,7% maior do que no mesmo período de 2019. A fórmula para este crescimento reside principalmente em dois produtos da companhia. As empresas do futuro estão aqui. Conheça os melhores investimentos em ESG na EXAME Research.

Um deles é o combustível de navegação, conhecido como bunker. A produção, segundo a Petrobras, tem apresentado crescimento contínuo “devido à captura de oportunidades no mercado externo, oriundas das novas especificações de qualidade de bunker pela Organização Marítima Internacional”.

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No início deste ano, uma norma da entidade entrou em vigor, obrigando os armadores a diminuir os níveis de enxofre do combustível usado nas embarcações. Uma das alternativas para isso é a adoção de bunker com menor teor de enxofre, como é o caso da versão produzida pela Petrobras.

Isso porque o petróleo extraído nos campos do pré-sal possui, naturalmente, um nível menor de enxofre. “O nosso petróleo tem essa vantagem competitiva. Produzir um bunker com baixo teor de enxofre não é problema para a Petrobras”, afirma Lavinia Hollanda, doutora em energia pela Fundação Getulio Vargas e presidente da consultoria Escopo Energia.

Em entrevista à revista EXAME, Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, afirmou que a companhia vem obtendo prêmios pelo bunker. “No início do ano, os prêmios estavam muito elevados e caíram pela metade desde então. Mas eles continuam existindo e talvez se acomodem nesse patamar.”

Castello Branco disse que, de maneira geral, todos os países que têm petróleo “leve” (ou “sweet”) podem ter um produto com teor de contaminantes e de enxofre mais baixo. “Este é um mercado novo e que está indo muito bem”, disse o executivo, acrescentando que o centro das negociações do produto tem sido Singapura.

Hollanda destaca que um aumento do prêmio do bunker só faria sentido a partir de agora com a retomada plena da economia global. "No médio e longo prazo, a tendência é que alternativas ainda mais 'limpas' acabem ganhando espaço no transporte marítimo."

Enquanto isso, diante do aumento significativo das exportações de óleo combustível em 2020 pela Petrobras -- puxado pelo bunker -- a produção total da companhia acabou sendo beneficiada no período.

No mercado interno, a venda de bunker pela estatal também vai bem. Em agosto, a entrega no Porto de Santos alcançou 190.000 toneladas, o maior volume desde abril de 2009, motivado pela “exportação de grãos do período e pela retomada da movimentação de contêineres”.

Diesel

Conforme relatório da Petrobras, desde julho a produção de diesel S-10, com baixo teor de enxofre, também vai bem e tem batido recordes, em meio à estratégia da companhia de substituir o S-500, diesel mais poluente.

“O crescimento da produção do diesel S-10 reflete a maior demanda pelo produto no Brasil, acompanhando a evolução dos motores de veículos pesados e utilitários”, diz a empresa em relatório de produção e vendas.

A petroleira acrescenta que, no terceiro trimestre, houve recuperação da demanda e também de market share de diesel sobre o período imediatamente anterior, devido à retomada da atividade econômica. De julho a setembro, a produção de diesel foi 22,3% superior ao trimestre anterior.

O desafio da petroleira, a partir de agora, será a recuperação das vendas de combustíveis, que ainda enfrentam as consequências da pandemia. Ou ao menos até a Petrobras concluir a venda da maior parte das suas refinarias, dentro do plano estratégico de desinvestimentos.

Paralelamente, a companhia aposta no projeto debiorrefino. A ideia é conseguir a classificação do diesel renovável como biocombustível pelo Conselho Nacional de Política Energética. Segundo a Petrobras, o produto tem uma redução das emissões de cerca de 70% em relação ao diesel comum e de 15% sobre o biodiesel.

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