Por dentro da VLI, empresa de logística criada pela Vale
Companhia opera em 9 estados e no Distrito Federal. Conheça a oficina em que ela coloca seus trens nos trilhos
Luísa Melo
Publicado em 16 de junho de 2015 às 12h04.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h40.
São Paulo - A VLI foi criada em 2010 para reunir, em uma só companhia, todos os ativos de carga geral da Vale . Basicamente, seu objetivo é integrar as ferrovias, terminais e portos pelos quais transporta carregamentos de terceiros. Em 2014, parte da empresa de logística foi vendida. Seu capital agora está distribuído entre a Vale (37,6%), a Brookfield (26,5%), a Mitsui (20%) e o FI-FGTS (15,9%). A VLI tem clientes de diversos setores e movimenta grãos, açúcar, fertilizantes, produtos siderúrgicos e industrializados. A produção de minério da Vale, porém, não é escoada por ela, mas por um sistema próprio da mineradora. A companhia atua em 9 estados e no Distrito Federal por meio de cinco corredores logísticos que interligam as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. Ela engloba as ferrovias Norte Sul (FNS) e Centro-Atlântica (FCA), além de terminais intermodais, onde produtos são carregados e descarregados, e terminais nos portos de Santos (SP), São Luís (MA) e Vitória (ES). Só no ano passado, a VLI faturou 3,7 bilhões de reais e movimentou 48,8 milhões de toneladas de carga em ferrovias e 27,4 milhões de toneladas em portos. Nas fotos, conheça um pouco mais sobre empresa e veja imagens da oficina em que ela coloca seus trens nos trilhos.
Para manter seus trens funcionando perfeitamente, a VLI possui 12 oficinas de manutenção pelo país. A maior delas fica em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Gerais. A unidade tem 55.000 metros quadrados, o equivalente a seis campos de futebol, e é a maior do tipo em toda a América Latina. Os trens que são reparados por lá transportam cargas como grãos, fertilizantes, produtos siderúrgicos e industrializados.
A base da oficina é antiga, existe desde 1916. Ela integra um conjunto de ativos que pertenceram à Rede Mineira de Viação (RMV) e, posteriormente, à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). Em 1996, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), hoje controlada pela VLI, obteve a concessão da Malha Centro-Leste da RFFSA, que englobava a estrutura. Desde então, a empresa realizou diversas obras de ampliação no local.
Apesar das muitas reformas necessárias para readequar o espaço aos equipamentos modernos, alguns prédios da estrutura antiga foram preservados pela VLI. O que aparece na foto, por exemplo, foi transformado em um auditório.
Por mês, cerca de 160 manutenções são feitas em locomotivas, desde preventivas a corretivas. Por precaução, os trens passam por três tipos de reparos: inspeção, revisão intermediária e geral. As inspeções ocorrem a cada 45 dias e duram 8 horas. Nelas, são verificados os níveis de óleo, água e areia e trocados os filtros dos motores.
As revisões intermediárias ocorrem uma vez por ano e duram cerca de cinco dias. Nelas, alguns componentes das máquinas são substituídos de acordo com a recomendação dos fabricantes. Juntos, os dois galpões destinados para esses reparos leves têm capacidade para receber 15 locomotivas simultaneamente.
As revisões gerais também consistem na troca obrigatória de peças e ocorrem a cada dois anos. Porém, por serem mais complexas e envolverem reparos pesados, elas levam em média 20 dias. Já as manutenções corretivas acontecem quando algum problema é identificado em uma máquina. Nelas, podem ser substituídos, por exemplo, os rodeiros–conjunto de rodas–das locomotivas (foto), ou os motores de tração.
Nos vagões, a quantidade de reparos necessários é ainda maior que nas locomotivas. Eles passam por cerca de 270 intervenções por mês.
Três tipos de manutenções preventivas são feitas nos carros. A cada dois ou três anos todo o sistema é inspecionado. A cada seis anos os componentes do sistema de freio e rolamento são substituídos. E, a cada 12 anos, os conjuntos de tração dos vagões são trocados.
Além das locomotivas e vagões, outras máquinas utilizadas pela VLI passam por manutenção na oficina de Divinópolis. Entre eles estão equipamentos de bordo e de controle de tráfego. Na foto, é possível ver uma esmerilhadora de trilhos, ferramenta que regulariza a superfície da linha férrea por meio da remoção de metal, ou seja, de polimento.
A VLI ainda possui oficinas em cidades como Uberaba, Montes Claros e Lavras, todas em Minas, mas classifica a unidade de Divinópolis como seu principal polo de manutenção. Segundo a empresa, a estrutura tem capacidade e expertise técnica para atender qualquer trem que circule nos 7.200 quilômetros de linha férrea da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), linha férrea controlada pela empresa.
A oficina de Divinópolis emprega cerca de 800 pessoas. São mecânicos, eletricistas, soldadores e engenheiros que atuam em três turnos, durante 24 horas por dia, sete dias por semana. Eles são chamados de ferroviários.
A atividade ferroviária é bastante específica e encontrar mão de obra especializada no mercado é um desafio. Por isso, a VLI investe bastante na formação da sua força de trabalho. A empresa faz parcerias com instituições técnicas para formar profissionais operacionais e criou um plano de capacitação interna para desenvolver os funcionários que já atuaram no setor.
Para ministrar treinamentos a empregados que atuam nas ferrovias, nos terminais e nos portos, a companhia criou o Centro de Especialização e Desenvolvimento (CED). Ele fica junto da oficina, em Divinópolis e existe desde 2011. Só em 2014, esse núcleo de formação ofereceu cursos a 1.300 funcionais. Os equipamentos utilizados são de alta tecnologia, incluindo simuladores de tráfego ferroviário (foto).
O refeitório da oficina da VLI serve, em média, 190 quilos de alimentos variados aos funcionários. O almoço é servido das 10h30 às 13h e o jantar entre 21h e 23h.
No laboratório químico, que também fica junto da oficina, são analisadas diariamente cerca de 100 amostras de óleo dos motores e dos compressores e também da água do sistema de refrigeração das locomotivas. Esses estudos avaliam diferentes fatores como a viscosidade, o percentual de água, a basicidade do óleo, o nível de pureza, a presença de metais e a diluição do óleo, o que ajuda a prevenir problemas no funcionamento das máquinas.
Por meio de um programa chamado "Braços Abertos", a VLI recebe visitas da comunidade na oficina de Divinópolis. Elas geralmente ocorrem aos fins de semana, quando as atividades da unidade são reduzidas. Neste ano, mais de 1.000 pessoas já conheceram a estrutura.
Durante muitos anos, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA, hoje controlada pela VLI) usou uma sirene para orientar os funcionários sobre os turnos de trabalho. Ela era tocada às 6h30, 6h45, 6h55, 7h, 10h55, 11h, 12h15, 12h30, 16h55 e 17h. Com o passar dos anos e os avanços tecnológicos, a empresa decidiu que o aparelho não era mais necessário e decidiu parar de usá-lo em 2000. Já acostumados a se guiarem pelo som da sirene, os moradores de locais próximos à oficina se mobilizaram pedindo a volta do aparelho, segundo conta a VLI.
Como dito anteriormente, além de oficinas, a VLI possui diversos terminas de carga e descarga pelo país. Na foto, é possível ver um trem da VLI carregado de soja partir do Terminal Integrador Araguari, que fica no Triângulo Mineiro, em direção ao Porto de Tubarão, em Vitória (ES).
Em Belo Horizonte (MG), a VLI possui um centro de controle de operações da VLI, onde é monitorado o tráfego dos 8.000 quilômetros de malha ferroviária administrados pela empresa.
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