Petrobras lucra R$ 18 bilhões no 2º trimestre, mas corta investimentos
A petroleira estatal foi beneficiada, em grande parte, pela alta dos preços do petróleo e venda de ativos no período
Juliana Estigarribia
Publicado em 1 de agosto de 2019 às 23h01.
Última atualização em 14 de outubro de 2019 às 07h50.
A Petrobras reportou um lucro líquido de 18,8 bilhões de reais no segundo trimestre do ano, alta de 87% na comparação anual, segundo balanço divulgado pela empresa na noite desta quinta-feira, 1º. Apesar do bom desempenho, a companhia anunciou a redução do guidance de investimentos (Capex) de 16 bilhões de dólares, em 2019, para um intervalo de 10 bilhões a 11 bilhões de dólares.
O presidente da estatal, Roberto Castello Branco, destacou em teleconferência com analistas que o montante previsto para capex neste ano não contempla os leilões de petróleo previstos para o segundo semestre no Brasil, incluindo o megaleilão da cessão onerosa, que deverá ofertar de 6 bilhões a 10 bilhões de barris na camada pré-sal.
Segundo a companhia, a principal redução de investimentos, de 1,7 bilhão de dólares, foi feita diante da decisão de postergar atividades de perfurações, desmobilização de linhas de gás e paradas programadas.
Para o analista da Guide Investimentos, Rafael Passos, no curto prazo o corte de capex é positivo para o fluxo de caixa para Petrobras, assim como contribui para acelerar a velocidade de redução da dívida, que já vem sendo feita por meio de venda de ativos. "Porém, no médio e longo prazo, esses cortes podem influenciar na curva de produção se o Brent se mantiver em níveis mais baixos", avalia.
O sócio-diretor da consultoria especializada Gás Energy, Rivaldo Moreira Neto, pondera que a Petrobras tem reagido bem às oscilações. "Ainda não consigo enxergar riscos em relação a esses cortes de investimentos, a Petrobras tem mostrado boa capacidade de resposta aos problemas. A companhia implantou um grande número de projetos e é normal que ocorram alguns soluços no meio do caminho."
Andrea Almeida, diretora financeira da Petrobras, afirmou que a companhia deve rever o capex no novo plano estratégico. "Ainda precisamos fazer um trabalho mais aprofundado para ter noção do que vai acontecer no próximo ano em termos de investimentos", disse a analistas.
Executivos reforçaram que o atraso na entrega de novos equipamentos contribuiu para a decisão de postergar atividades, o que influenciou na decisão de cortes.
Os investimentos nos negócios da petroleira foram de 9,2 bilhões de reais no segundo trimestre, sendo 82% destinados para a área de exploração e produção.
A Petrobras também revisou neste trimestre o guidance de produção de 2019 para 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia, com variação em torno de 2,5%. A justificativa é que a empresa está trabalhando para solucionar problemas relativos ao sistema de gás, que são essenciais para o escoamento da produção.
Balanço
A receita líquida da companhia atingiu 72,5 bilhões de reais de abril a junho, uma queda de 3% na comparação anual. Já a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 32,7 bilhões de reais, 19% maior do que o trimestre imediatamente anterior e 8,6% superior a igual intervalo de 2018, refletindo o aumento do Brent e do câmbio, que resultaram em maiores preços do petróleo.
"A Petrobras apresentou bom desempenho financeiro no segundo trimestre, embora tenhamos sido beneficiados por fatores externos, como preços do petróleo, taxa de câmbio [dólar] e por eventos não recorrentes, como desinvestimento de ativos", disse Castello Branco em relatório. De abril a junho, a petroleira reconheceu em seu balanço a venda da TAG, malha de gasodutos.
Excluindo eventos não recorrentes, o lucro líquido da companhia teria girado em torno de 5 bilhões de reais no segundo trimestre.
O Brent registrou forte queda nesta quinta-feira com as declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, de restrições adicionais ao mercado chinês. No entanto, no acumulado do ano, os preços do barril vêm apresentando viés de alta principalmente devido à manutenção dos cortes de produção por países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).