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Petrobras praticamente dobra investimento em áreas como o refino

Maior parte do investimento de US$ 23 bilhões destinados para a área de abastecimento até 2011 irá para refino, mas outras atividades - petroquímica, transporte marítimo, dutos e terminais - também receberão recursos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A Petrobras planeja investir 23 bilhões de dólares na área de abastecimento entre 2007 e 2011. O montante é quase o dobro dos 12,4 bilhões previstos no plano de negócios anterior da companhia, que cobria o período de 2006 a 2010. A área de abastecimento da estatal responde por uma série de atividades, como refino, petroquímica, transporte marítimo, dutos e terminais. A maior parte dos recursos, 14,2 bilhões, irá para a área de refino e contempla projetos de ampliação, modernização e construção de novas refinarias. A empresa não descarta a aquisição de plantas no exterior, embora o orçamento para essas compras não esteja incluído nos 23 bilhões anunciados nesta terça-feira (22/8).

A estatal justifica os maiores investimentos em refino com a expectativa de crescimento da produção de petróleo nos próximos cinco anos. Entre 2005 e 2011, a produção total da companhia - que envolve óleo cru, líquidos de gás natural (LGN) e gás natural - deve subir ao ritmo anual, de 7,8%, passando de 2,217 milhões de barris diários para 3,493 milhões. As matérias-primas que podem ser refinadas - óleo cru e LGN - terão sua produção ampliada de 1,913 milhão de barris diários para 2,757 milhões.

É para acompanhar esse salto que a Petrobras pretende investir pesado na área de refino. "Não adianta apenas produzir petróleo. Todo aumento de produção deve ser acompanhado por uma maior capacidade de refino. Além disso, vender derivados é um modo de agregar valor ao negócio", afirma o diretor da Área de Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa.

Conversão de refinarias

Quando a auto-suficiência na produção petrolífera foi anunciada, em abril, muitos especialistas apontaram que o governo estava carregando nas cores. O tipo de óleo extraído no Brasil - pesado - não pode ser processado plenamente pelas 16 refinarias que a Petrobras possui (11 no país e cinco no exterior), pois as plantas foram construídas no período em que o Brasil era grande importador de petróleo, sobretudo do Oriente Médio. O produto trazido do exterior é, principalmente, leve e as refinarias foram estruturadas para processá-lo.

Por isso, a maior parte dos recursos destinados ao refino até 2011 - 26%, ou 3,7 bilhões de dólares - irá para a conversão de refinarias, a fim de que sejam capazes de processar o material extraído no país. Outros 19%, ou 2,7 bilhões de dólares, serão investidos na ampliação da capacidade instalada.

No ano passado, a empresa refinou 1,766 milhão de barris diários de petróleo (bpd) no Brasil. A expectativa é que a demanda por derivados cresça a um ritmo anual de 3,1% até 2011, chegando a 2,117 milhões de barris diários. A Petrobras quer atingir uma capacidade de refino de 2,376 milhões. Nesta conta, está principalmente a expansão do segmento de derivados médios, como diesel e querosene de aviação. Esse segmento deve pular de 777 000 barris diários, em 2005, para 935 000 bpd ao final de 2011. Nesta conta também está incluso uma expansão da área de biodiesel.

Expansão

Além da conversão de refinarias, a empresa também planeja construir novas refinarias. Na semana passada, Costa esteve em Pernambuco, assinando documentos referentes à doação do terreno de 420 hectares onde será construída a refinaria Abreu e Lima, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, região metropolitana de Recife. Com investimento total de 2,8 bilhões de dólares - rateado meio-a-meio com a estatal venezuelana PDVSA -, a refinaria deve começar a operar em 2011 e terá capacidade para refinar 200 000 bpd de petróleo, dos quais, 100 000 provenientes da Venezuela e o restante, da Petrobras. A Abreu e Lima será a primeira uma refinaria da Petrobras construída em quase 30 anos.

Outro projeto, ainda em estudo pela estatal, é a construção de uma grande refinaria - chamada, provisoriamente, de "premium" - capaz de processar 500 000 bpd. Hoje, a maior unidade em operação da Petrobras é a Replan, em Paulínia (SP), com capacidade de 360 000 bpd. A nova "premium" deve entrar em operação em 2014. "Não temos ainda o custo total do projeto, e sua localização só começará a ser estudada mais tarde, por volta de 2009", afirma Costa.

Exterior

O executivo não descartou, também, eventuais aquisições de refinarias no exterior. "Estamos hoje olhando oportunidades de novas plantas nos Estados Unidos, Europa e Ásia", afirma Costa. A empresa também participará de uma concorrência na Colômbia.

A internacionalização da área de refino será um modo de atender ao aumento da produção da Petrobras no exterior. Por questões de logística e de mercado, é mais vantajoso que o óleo extraído no Golfo do México, por exemplo, seja processado por uma planta da empresa nos Estados Unidos. Pensando nisso, a Petrobras também já planeja a expansão da refinaria de Passadena, na qual detém 50% do capital, em parceria com a americana Astra. Atualmente, a unidade refina 100 000 bpd, sendo que apenas 20% disso é petróleo pesado. A meta é dobrar a capacidade de refino da planta, e, ao mesmo tempo, elevar para até 130 000 bpd o processamento de óleo pesado.

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