Petrobras espreme margens de empresas de serviços
Companhias do setor de serviços e equipamentos apontam dificuldades específicas para se fazer negócios no Brasil
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2013 às 14h17.
Londres - O tamanho das reservas de petróleo na costa brasileira deveria estar trazendo bons negócios para as empresas de serviços e equipamentos, mas as táticas de negociação da Petrobras , que domina o setor no país, somadas às demandas do governo brasileiro, têm espremido as margens da indústria.
As empresas de serviços de petróleo --fornecedores de itens que variam desde sondas a equipes de engenheiros-- dizem que questões no Brasil devem contribuir para uma série de decepções em relação aos ganhos. A tendência foi reforçada nesta quinta-feira, com a norueguesa Subsea 7 avisando que vai reduzir sua previsão de lucro para 2013 devido a excessos de custo em seu projeto no Brasil.
"Certamente o Brasil, para muitos players neste ano, rendeu menos do que esperava-se", disse à Reuters o sócio do fundo de capital privado de serviços de petróleo Epi-V, Glynn Williams.
Há dificuldades específicas para se fazer negócios no Brasil, disse o diretor-executivo da Subsea 7, Jean Cahuzac, ao explicar o aumento de 250 a 300 milhões de dólares nos custos de seu projeto Guará-Lula, no pré-sal brasileiro.
"É parcialmente por conta do projeto, mas em grande parte é devido ao ambiente brasileiro", disse ele. "É mais difícil trabalhar no Brasil, é uma situação mais complexa por causa do conteúdo local, a administração... os impostos." Ainda assim, o tamanho das ambições brasileiras para seu petróleo e gás offshore fazem do país um lugar difícil de ser ignorado pelos prestadores de serviços internacionais.
A gigantesca descoberta na camada pré-sal em 2006, onde a Petrobras é a principal operadora, causou uma corrida à maior economia da América Latina por parte de empresas de serviços de petróleo, que auxiliam as petroleiras com experiência e equipamento que permitem a exploração e o desenvolvimento dos campos.
Cerca de 27 por cento de todos os poços profundos e ultraprofundos perfurados nos últimos dois anos foram no Brasil, segundo dados da companhia de pesquisa IHS.
Por isso, para prestadoras de serviço como a Subsea 7, a Saipem, a Aker Solutions e a Technip, o litoral brasileiro se tornou um centro de operações crucial, representando 15 por cento da receita do primeiro trimestre da Subsea 7, por exemplo.
No entanto, nos últimos meses, as empresas que aproveitaram os anos de preços elevados do petróleo, quando perfuradoras corriam para garantir seus escassos serviços, encontraram-se diante de apertadas margens de contratos, nos quais elas carregam uma grande parte do risco operacional.
Conteúdo Local
As estritas regras de conteúdo local brasileiras e um rápido aumento dos custos trabalhistas também têm provocado impacto.
As empresas Saipem, Aker e Subsea 7 emitiram alertas sobre riscos para seus lucros este ano, culpando parcialmente suas atividades no Brasil.
No final do ano passado, a Petrobras prometeu cortar 32 bilhões de reais em custos em 2013 e 2016, respondendo a uma queda na produção, preços controlados dos combustíveis pelo governo, preços cada vez mais altos para projetos em mar e crescentes dívidas.
A estatal tem um programa de investimento de 237 bilhões dólares em cinco anos, o maior plano de gastos corporativos do mundo.
Ainda assim, a Petrobras continua dominante no setor de perfuração no Brasil, responsável por 90 por cento da produção em mar do país. Isso dá à empresa um forte poder quando se trata de negociações.
A Petrobras tem exigido um desconto adicional dos fornecedores, que já haviam oferecido o preço mais competitivo por meio de um processo de licitação, disse uma fonte da indústria à Reuters.
"Ao precificar um material, alguma porcentagem tem que ser acrescentada para fazer frente ao desconto que eles sempre pedirão ao vencedor da licitação, apesar de ser um leilão onde o menor preço vence", disse a fonte que falou à Reuters sob condição de anonimato.
A fonte disse que a Petrobras também havia cortado novos projetos. "Agora eles estão sem dinheiro... A Petrobras cancelou e adiou novas oportunidades, mesmo as menores." Em nota, a Petrobras salientou que os fornecedores competem por contratos, mas não fez comentários sobre se ela pede descontos sobre os preços propostos durante o leilão.
A Petrobras tampouco disse se sua postura em relação aos prestadores de serviço havia mudado desde o lançamento de sua campanha de redução de custos.
"Em nossa gestão de fornecedores, incentivamos o desenvolvimento tecnológico das empresas de uma forma que atenda as demandas da indústria brasileira", disse a empresa.
Londres - O tamanho das reservas de petróleo na costa brasileira deveria estar trazendo bons negócios para as empresas de serviços e equipamentos, mas as táticas de negociação da Petrobras , que domina o setor no país, somadas às demandas do governo brasileiro, têm espremido as margens da indústria.
As empresas de serviços de petróleo --fornecedores de itens que variam desde sondas a equipes de engenheiros-- dizem que questões no Brasil devem contribuir para uma série de decepções em relação aos ganhos. A tendência foi reforçada nesta quinta-feira, com a norueguesa Subsea 7 avisando que vai reduzir sua previsão de lucro para 2013 devido a excessos de custo em seu projeto no Brasil.
"Certamente o Brasil, para muitos players neste ano, rendeu menos do que esperava-se", disse à Reuters o sócio do fundo de capital privado de serviços de petróleo Epi-V, Glynn Williams.
Há dificuldades específicas para se fazer negócios no Brasil, disse o diretor-executivo da Subsea 7, Jean Cahuzac, ao explicar o aumento de 250 a 300 milhões de dólares nos custos de seu projeto Guará-Lula, no pré-sal brasileiro.
"É parcialmente por conta do projeto, mas em grande parte é devido ao ambiente brasileiro", disse ele. "É mais difícil trabalhar no Brasil, é uma situação mais complexa por causa do conteúdo local, a administração... os impostos." Ainda assim, o tamanho das ambições brasileiras para seu petróleo e gás offshore fazem do país um lugar difícil de ser ignorado pelos prestadores de serviços internacionais.
A gigantesca descoberta na camada pré-sal em 2006, onde a Petrobras é a principal operadora, causou uma corrida à maior economia da América Latina por parte de empresas de serviços de petróleo, que auxiliam as petroleiras com experiência e equipamento que permitem a exploração e o desenvolvimento dos campos.
Cerca de 27 por cento de todos os poços profundos e ultraprofundos perfurados nos últimos dois anos foram no Brasil, segundo dados da companhia de pesquisa IHS.
Por isso, para prestadoras de serviço como a Subsea 7, a Saipem, a Aker Solutions e a Technip, o litoral brasileiro se tornou um centro de operações crucial, representando 15 por cento da receita do primeiro trimestre da Subsea 7, por exemplo.
No entanto, nos últimos meses, as empresas que aproveitaram os anos de preços elevados do petróleo, quando perfuradoras corriam para garantir seus escassos serviços, encontraram-se diante de apertadas margens de contratos, nos quais elas carregam uma grande parte do risco operacional.
Conteúdo Local
As estritas regras de conteúdo local brasileiras e um rápido aumento dos custos trabalhistas também têm provocado impacto.
As empresas Saipem, Aker e Subsea 7 emitiram alertas sobre riscos para seus lucros este ano, culpando parcialmente suas atividades no Brasil.
No final do ano passado, a Petrobras prometeu cortar 32 bilhões de reais em custos em 2013 e 2016, respondendo a uma queda na produção, preços controlados dos combustíveis pelo governo, preços cada vez mais altos para projetos em mar e crescentes dívidas.
A estatal tem um programa de investimento de 237 bilhões dólares em cinco anos, o maior plano de gastos corporativos do mundo.
Ainda assim, a Petrobras continua dominante no setor de perfuração no Brasil, responsável por 90 por cento da produção em mar do país. Isso dá à empresa um forte poder quando se trata de negociações.
A Petrobras tem exigido um desconto adicional dos fornecedores, que já haviam oferecido o preço mais competitivo por meio de um processo de licitação, disse uma fonte da indústria à Reuters.
"Ao precificar um material, alguma porcentagem tem que ser acrescentada para fazer frente ao desconto que eles sempre pedirão ao vencedor da licitação, apesar de ser um leilão onde o menor preço vence", disse a fonte que falou à Reuters sob condição de anonimato.
A fonte disse que a Petrobras também havia cortado novos projetos. "Agora eles estão sem dinheiro... A Petrobras cancelou e adiou novas oportunidades, mesmo as menores." Em nota, a Petrobras salientou que os fornecedores competem por contratos, mas não fez comentários sobre se ela pede descontos sobre os preços propostos durante o leilão.
A Petrobras tampouco disse se sua postura em relação aos prestadores de serviço havia mudado desde o lançamento de sua campanha de redução de custos.
"Em nossa gestão de fornecedores, incentivamos o desenvolvimento tecnológico das empresas de uma forma que atenda as demandas da indústria brasileira", disse a empresa.