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Pesquisa qualitativa orientou criação do Banco Popular

Sem emprego formal, sem conta no banco e com rendimento pessoal inferior a R$ 600, entrevistados afirmaram que agiotas são uma fonte de crédito arriscada, porque costumam ser violentos para cobrar pagamentos atrasados. As financeiras, por outro lado, cobr

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Antes de abrir o Banco Popular, em julho deste ano, o Banco do Brasil promoveu uma pesquisa junto à população de baixa renda para entender suas relações com as instituições financeiras. O resultado é um painel sobre as crenças e valores dessa camada da população em relação ao dinheiro. "Precisávamos entender o cliente de baixa renda para nos adaptarmos às suas necessidades", diz Ivan Guimarães, presidente do banco popular.

As informações foram obtidas partir de grupos de discussões e entrevistas com homens e mulheres entre 25 e 45 anos, sem emprego formal, sem conta no banco e com rendimento pessoal inferior a 600 reais -- camelôs, taxistas e empregadas domésticas, por exemplo.

De acordo com o levantamento, essa fatia da população vive a "lógica do limite" - não tem segurança de que terá trabalho, alimento ou um parceiro ao seu lado no dia de amanhã, por isso, prioriza o bem-estar no presente. O dinheiro é importante para a compra de bens materiais, mas não é apontado como uma prioridade porque "não traz amor, saúde ou felicidade".

O crédito é interpretado como um "voto de confiança" do credor. A dívida, por sua vez, é revestida de fortes valores emocionais e compromete a auto-estima, a honestidade e o orgulho do devedor. Uma conta só não será paga se o dinheiro for importante para outras prioridades, como a compra de comida ou remédios.

Segundo o levantamento, boa parte dessa associação vem do fato dessa camada não ter acesso sequer às financeiras, que costumam trabalhar apenas com pessoas que têm conta em banco. A alternativa é pedir dinheiro a parentes e amigos, que confiam na palavra daquele que pede emprestado.

Outras fontes de crédito são consideradas distantes ou arriscadas. O agiota, por exemplo, é apontado como uma alternativa perigosa, porque costuma ser violento para cobrar pagamentos atrasados. As financeiras cobram juros altos e o atraso no pagamento poderá fazer a dívida crescer como "uma bola de neve". Os bancos, por sua vez, são instituições inatingíveis. "Os bancos são vistos como algo distante", diz Guimarães. "Ouvi pessoas comentarem que se sentem constrangidas quando precisam passar pela porta giratória."

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