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Pecuaristas e frigoríficos buscam entendimento

Pela primeira vez, lideranças de toda a cadeia da carne, do couro e do leite vão se encontrar num único evento. Pecuaristas e frigoríficos, que travam uma queda-de-braço em razão do preço da carne

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Pecuaristas e frigoríficos, que travam uma queda-de-braço em razão do preço da carne, vão ganhar um campo neutro para discutir suas diferenças. A ExpoZebu, de Uberaba, Minas Gerais, tradicional feira voltada para a negociação do gado geneticamente aprimorado, o chamado gado de elite, vai reunir neste ano representantes de toda a cadeia da carne, do couro e do leite. É a primeira vez que lideranças de todo setor vão se encontrar num único evento. "Será um primeiro passo para solucionarmos nossas diferenças", diz Orestes Prata Tibery Júnior, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

Os pecuaristas acusam as indústrias frigoríficas por tabelarem o preço da arroba do boi. No início de março, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados protocolaram na Secretaria de Direito Econômico (SDE) pedido de investigação dos principais frigoríficos do país por formação de cartel. Entre as indústrias acusadas estão Bertin, Friboi, Independência, Minerva e Marfrig, os maiores exportadores de carne e couro.

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Além de discutir a questão dos preços, os pecuaristas querem aproveitar a reunião para abordar outros temas sensíveis do setor, como a questão sanitária. "Queremos transformar toda a América do Sul em área livre de febre aftosa", diz Juvelino Carvalho Mineiro Filho, diretor da ABCZ. "Quando isso acontecer, teremos condições de conseguir um preço melhor para a carne brasileira no mercado internacional."

Foram convidados para o encontro na ExpoZebu, os presidentes dos principais frigoríficos, como José Batista Júnior, do Friboi, e Natalino Bertin, do grupo Bertin; grandes pecuaristas, como Roque Quagliato e José Carlos Bumlai, além de representantes de entidades do setor, como Antenor Nogueira, da CNA, e Marcus Vinícius Pratini de Moraes, da Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina.

A ExpoZebu é uma das mais importantes feiras de gado de elite do mundo. Na edição do ano passado, a feira recebeu 400 000 visitantes e seus 52 leilões movimentaram 123 milhões de reais. Segundo os organizadores, a edição deste ano, que ocorre de 29 de abril a 10 de maio, deve atrair um números maior de delegações estrangeiras. "Serão pelo menos 1 000 visitantes de outros países, contra os 700 que recebemos o ano passado", diz Orestes. A região de Uberaba recebe visitas periódicas de delegações de outros países. Recentemente, empresários chineses fizeram contatos com produtores locais em busca de informações sobre gado leiteiro.

Embriões da Índias

Orestes, presidente da ABCZ, acredita que no segundo semestre o governo brasileiro finalmente liberará a importação de embriões de gado indiano. A maior parte do gado brasileiro descende de animais da Índia e os embriões poderão ser usados para padronizar o rebanho local, o que permitiria a valorização do preço final da carne brasileira no mercado internacional. "Nossas pesquisas permitiram que o Nelore crescesse e engordasse, mas o rebanho perdeu as características originais", diz Orestes. "Precisamos dos embriões da Índia para padronizar os animais."

Há sete anos, um grupo de criadores de gado de elite tenta importar os embriões, mas o governo brasileiro impõem restrições a esse tipo de comércio por questões sanitárias. As autoridades temem que doenças ou deficiências físicas restritas ao animais do continente asiático contaminem o gado brasileiro. Entre os empresários que aguardam a liberação está o próprio Orestes e Jonas Barcellos, presidente da Brasif, maior rede de free shops do Brasil, e dono das matrizes mais valorizadas do setor.

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