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Pecuarista espera relação mais profissional com Sadia e Perdigão

Empresas ainda estão se ajustando para atuar, mas já assumiram a aquisição dos animais

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Acostumados a discutir com os frigoríficos o preço do boi, os criadores de gado receberam com alívio a volta da Sadia e da Perdigão ao abate de carne bovina. "Existe no mercado a percepção que por serem duas tradicionais indústrias de alimentos elas são capazes de estabelecer uma relação comercial mais profissional", diz Miguel da Rocha Cavalcanti, da consultoria BeefPoint. "E que também estariam dispostas a pagar o preço justo pelos animais com mais qualidade." A avaliação leva em consideração a relação que as empresas mantêm com os criadores de suínos e de frangos. "A expectativa é que a volta delas vá acelerar o processo de organização da cadeia", diz Cavalcanti.

As duas empresas ainda estão se ajustando para atuar, mas já assumiram a aquisição dos animais. A equipe da Sadia na unidade em Várzea Grande, no Mato Grosso, ficou responsável pela formação de uma lista de fornecedores. A Perdigão, por sua vez, organizou um departamento para cuidar exclusivamente da compra dos bois e da comercialização da carne. "A idéia é selecionar criadores principalmente em confinamentos", diz Nildemar Secches, presidente da Perdigão. Duas preocupações são prioritárias para ambas empresas: garantir a sanidade dos animais e a qualidade da carne. "Sanidade e qualidade são os grandes trunfos do Brasil e precisamos preservá-los", diz Alfredo Felipe da Luz Sobrinho, diretor de relações institucionais da Sadia.

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Existe uma divergência histórica entre criadores e frigoríficos na definição do preço dos animais, mas a relação comercial entre as duas partes azedou principalmente nos últimos dois anos. Enquanto as exportações de carne decolaram, elevando expressivamente a receita dos frigoríficos, o preço do boi caiu e a renda do pecuarista despencou. Os próprios avanços na criação do gado provocaram o aumento da oferta de bois e pressionaram o preço para baixo. A grande queixa do pecuarista é que os frigoríficos adotaram tabelas que pagam a cotação de mercado pelos melhores animais e aplicam deságios sobre o boi considerado inferior quando deveriam assumir um ágio pelos bois que estivessem acima da média. Para piorar a situação, os custos de produção têm aumentado.

O tamanho das perdas foi medido por um estudo realizado em parceria pela Confederação Nacional da Agricultura e da Pecuária (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Entre janeiro e julho, os custos de produção aumentaram em quase 5%, enquanto que o preço pago pelo boi gordo caiu cerca de 13%. A análise considerou os preços em nove dos principais estados produtores que concentram quase 80% do rebanho brasileiro, entre eles Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo. O estudo também mostrou que o pecuarista vem aumentando o abate de fêmeas na tentativa de elevar a liquidez do negócio. Com menos matrizes, há queda no número de bezerros sinalizando que nos próximos anos a oferta de carne pode cair, comprometendo o avanço das exportações.

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