Para evitar falência, Forever 21 pode ser comprada por donos de shopping
Consórcio formado por grupos imobiliários Brookfield e Simon Property fez uma oferta de 81 milhões de dólares pela empresa, que está em recuperação judicial
Carolina Riveira
Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 13h19.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2020 às 14h54.
A varejista de moda Forever 21 pode encontrar uma luz no fim do túnel nas próximas semanas. A empresa recebeu uma oferta de compra de 81 milhões de dólares de um consórcio liderado pelos fundos donos de shoppings Simon Property Group e Brookfield Partners.
Com mais de 500 milhões de dólares em dívidas, a Forever 21 está em um processo de "proteção à falência" (uma espécie de recuperação judicial nas leis americanas) desde setembro do ano passado.
O Simon e o Brookfield já são os maiores locadores da Forever 21, uma vez que boa parte das mais de 700 lojas da rede está em shopping centers nos Estados Unidos.
Para ser fechado, o negócio de venda da Forever 21 precisa da aprovação da Justiça americana. Outros potencias compradores podem fazer ofertas até 7 de fevereiro e, se houver propostas, um leilão acontecerá dias depois.
Com sede em Los Angeles, a Forever 21 é uma rede atualmente em posse da família Chang, imigrantes coreanos que fundaram a empresa em 1984. A atual presidente, Linda Chang, é filha dos fundadores Do Won e Jin Sook Chang.
Os últimos números divulgados em setembro dão conta de que a empresa tem mais de 700 lojas no mundo, mais de 540 nos Estados Unidos. Na ocasião, a empresa anunciou que fecharia 350 unidades (180 nos EUA). A empresa deverá sair de mercados internacionais como Ásia e Europa, mas deve continuar a operar na América Latina.
No processo de recuperação judicial, a empresa afirmou no ano passado que 350 unidades deverão ser fechadas em todo o mundo, incluindo quase 180 nos Estados Unidos. A empresa planeja ainda sair de mercados internacionais como Ásia e Europa, mas deve continuar a operar na América Latina. A Forever 21 tem 549 lojas nos Estados Unidos e 251 no resto do mundo. No Brasil, a empresa chegou em 2014, abrindo a primeira unidade no Shopping Morumbi, em São Paulo, e hoje tem mais de 20 lojas no país.
No ano passado, a empresa afirmou que continuaria operando suas lojas normalmente, apesar da recuperação judicial. O consórcio interessado na Forever 21 não divulgou comunicado sobre o negócio ou se manterá eventuais planos de fechamento de lojas.
Uma sobrevida ao fast fashion?
O caso da Forever 21 é o mais emblemático das mudanças de hábitos dos consumidores nos Estados Unidos e no mundo. Com lojas gigantes em espaços de destaque, como a Times Square em Nova York, em menos de seis anos, a empresa foi de sete a 47 países, o que aumentou a complexidade do negócio.
Ao lado da Zara e da H&M, a Forever 21 cunhou o termo fast fashion, ou moda rápida. Ao invés de oferecer roupas novas em coleções a cada mudança de estação, a empresa lança novidades a um ritmo frenético. No entanto, a Forever 21 já não é a mais rápida do segmento. Varejistas como Asos e Fashion Nova, voltadas para o consumidor digital, lançam novos modelos ainda mais rapidamente.
Mas com o avanço do comércio eletrônico fez com que os shopping centers e grandes lojas de departamento sofreram com a queda de visitas e vendas. Apenas nos primeiros nove meses de 2019, cerca de 8.200 lojas fecharam nos Estados Unidos, mais do que as quase 5.600 unidades fechadas em 2018, de acordo com uma pesquisa da Coresight Research. O número de unidades fora de operação neste ano pode chegar a 12.000, segundo o levantamento.
Apesar do cenário devastador, esse é só o começo do chamado “apocalipse do varejo”. Um relatório do UBS prevê que mais de 75 mil lojas devem fechar na América do Norte entre 2019 e 2026.
Em carta aos clientes no ano passado, a Forever 21 diz que o pedido de recuperação judicial protege seus negócios, “para que as lojas continuem operando normalmente enquanto ela dá passos positivos para reorganizar o negócio, retornar para a lucratividade e focar novamente em entregar estilos incríveis e moda ainda por muitos anos”.
Se concretizada, a compra pelas redes de shopping pode dar sobrevida à empresa -- e aos próprios shoppings.