O imparável Lemann
Apenas dois dias depois de a Kraft Heinz ter retirado sua oferta de 143 bilhões pela Unilever, seus controladores brasileiros, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fecharam uma aquisição bilionária. A Restaurante Brands International (RBI), rede de fast-food controlada pelo 3G e pelo fundo Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, comprou nesta terça-feira […]
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2017 às 18h27.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h40.
Apenas dois dias depois de a Kraft Heinz ter retirado sua oferta de 143 bilhões pela Unilever, seus controladores brasileiros, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fecharam uma aquisição bilionária. A Restaurante Brands International (RBI), rede de fast-food controlada pelo 3G e pelo fundo Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, comprou nesta terça-feira a rede Popeyes Louisiana Kitchen, especializada em frango frito.
A companhia é pouco conhecida fora do Brasil, mas tem mais de 2.600 restaurantes em 25 países e custou 1,8 bilhão de dólares. Faz parte agora de um conglomerado que inclui a rede Burger King, comprada em 2010, e a rede Tim Hortons, adquirida em 2014. O grupo passa a ter 20.000 restaurantes em 100 países. Uma das prioridades é crescer na Ásia. A China é o maior mercado da concorrente KFC, mas não tem nenhum restaurante da Popeyes.
A aquisição pode ser seguida por outras compras do 3G neste ano, segundo analistas e investidores. O fundo tem 10 bilhões de dólares para aquisições e farto acesso a crédito bancário. Os próximos alvos podem ser General Mills, Kellogg’s, Mondelez (que foi separada da Kraft em 2012) — e até a própria Unilever, numa nova investida. Nesta terça-feira, após o feriado nos Estados Unidos, as ações da Kraft Heinz chegaram a cair 4%, num sinal de que investidores desanimaram com o cancelamento da oferta.
Uma dúvida volta a ganhar força após cada nova aquisição do 3G: o modelo de comprar companhias de alimentação, cortar custos e ganhar na escala é vitorioso no longo prazo? Ou afeta a qualidade dos produtos e, consequentemente, será rejeitado pelos consumidores? “O modelo começou para valer em 2004. É cedo para dizer se uma empresa mais enxuta traz benefício aos consumidores ou se é um caminho para um longo e irrefreável declínio”, diz Roger Martin, professor na escola de negócios Rothman, da Universidade de Toronto. Enquanto a questão permanece no ar, Lemann e sua turma continuam comprando.