Com mais de oito mil quilômetros de rede ferroviária, a ALL Argentina era a primeira operadora do país em extensão e a segunda em volume de carga transportada (Divulgação/ALL)
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2013 às 07h25.
São Paulo - A brasileira América Latina Logística (ALL) anunciou nesta quarta-feira que adotará "todas as medidas legais admissíveis" para enfrentar a decisão do governo argentino de anular sua concessão de serviços ferroviários no país.
"A companhia reafirma que adotará todas as medidas legais admissíveis", destaca nota publicada em seu site. A ALL "manterá seus acionistas e o mercado informados sobre a eventual evolução deste assunto".
O ministro argentino do Interior e Transportes, Florencio Randazzo, explicou na terça-feira que a decisão de rescindir o contrato com a ALL foi adotada diante de "graves violações do contrato de concessão".
Com mais de oito mil quilômetros de rede ferroviária, a ALL Argentina era a primeira operadora do país em extensão e a segunda em volume de carga transportada: mais de 5 milhões de toneladas anuais, segundo o site da empresa.
A ALL operava duas das redes ferroviárias de carga mais importantes do país.
A primeira se estende das províncias de Mendoza e San Juan (ambas no oeste), passando por San Luis e Córdoba (centro), depois pela zona de Rosario, onde funciona o maior porto de escoamento de cereais do país, terminando na capital argentina.
A segunda linha une as províncias de Misiones, Corrientes e Entre Ríos, no nordeste do país, e chega a Paraguai e Uruguai, se conectando com a rede ferroviária da ALL no Brasil.
Ambos os ramais serão operados pela empresa Belgrano Cargas, que foi recentemente estatizada, segundo o ministro.
O ministro lembrou em coletiva de imprensa que a concessão à ALL foi firmada em 1999 e que desde então vários relatórios revelaram descumprimentos de contrato.
"Foi realizada uma auditoria em 2012 e como foi constatado que a empresa tinha multas que superavam os 30% da garantia do contrato, descumprimento do programa de investimentos, abandono de ramais e suspensão de vias, entre outras", afirmou.
O ministro explicou que as medidas "não terão custo algum para o Estado" ao "ser comprovado os descumprimentos da concessionária" e garantiu que o motivo está "ligado ao não cumprimento dos contratos e ao compromisso do governo nacional de baixar os custos de logística para que as produções regionais sejam cada vez mais competitivas".