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Negociação deve garantir ocupação de shoppings até 2017

Acordos entre lojistas e administradores que incluem descontos de aluguel devem garantir ocupação de shopping centers até 2017


	Shoppings: fluxo de clientes caiu 2,5% em agosto em relação ao mesmo período do ano passado
 (Denis Maciel/DGABC)

Shoppings: fluxo de clientes caiu 2,5% em agosto em relação ao mesmo período do ano passado (Denis Maciel/DGABC)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2016 às 09h37.

São Paulo - Acordos entre lojistas e administradores de shopping centers, contemplando, entre outros fatores, descontos temporários em preços de aluguel, devem seguir favorecendo uma relativa estabilidade nas taxas de ocupação dos empreendimentos este ano e no começo de 2017.

Apesar da melhora recente em indicadores de confiança tanto do consumidor como do empresariado, ainda são escassos os sinais de retomada efetiva do consumo dado o quadro ainda desafiador da economia brasileira, afirmam especialistas do setor.

"O que tem acontecido, mas em escala ainda bem fraca, é alguma diminuição na vacância em razão de acordos entre os empreendedores e os comerciantes, favorecendo os comerciantes com descontos (no aluguel de lojas) em razão da demanda fraca", disse o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luis Augusto Ildefonso da Silva.

Na visão dele, houve uma atenuação no ambiente de incertezas políticas, mas ainda são necessárias várias condições para a economia se reestruturar de modo a permitir uma melhora nos valores dos alugueis das lojas.

"Não há nenhum indicador, nenhuma previsão de quando essa situação econômica possa ser modificada", disse Silva.

No Brasil, há 549 shopping centers, conforme dados até setembro da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), com mais de 100 mil lojas. Em 2015, o faturamento do setor, que tinha na época 538 empreendimentos, alcançou 151,5 bilhões de reais.

O fluxo de clientes nesses centros de compras caiu 2,5 por cento em agosto em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Iflux, indicador específico do mercado de shoppings, desenvolvido pelo IBOPE Inteligência e pela Mais Fluxo.

Em números absolutos, isso significa que os 505 shoppings brasileiros considerados do levantamento deixaram de atrair 5,5 milhões de visitas no último mês, de acordo com a pesquisa.

Números do segundo trimestre das maiores companhias que administram shopping centers no Brasil mostram que a taxa de ocupação oscilava entre 93,8 e 98,1 por cento, com piora marginal em relação ao primeiro trimestre na maioria dos casos.

Com este cenário, a vice-presidente de Finanças e Diretora de Relações com Investidores da Iguatemi, Cristina Betts, avalia ser difícil imaginar que haverá menos descontos em alugueis no segundo semestre, até mesmo entrando em 2017.

"O fator preponderante para isso mudar é o aumento do consumo das famílias", disse Betts, citando que, apesar da perspectiva de melhora da confiança, ainda há uma sequência de fatores para uma revisão significativa na política de descontos, incluindo a queda do desemprego.

A executiva destacou, porém, que os descontos estão mais visíveis em empreendimentos ainda em maturação, enquanto nos shoppings mais maduros quase não há concessões.

Mudança de mix

De acordo com o diretor de relações com investidores da administradora Aliansce, Eduardo Prado, há uma parcela de lojistas que enxerga o atual momento do mercado como oportunidade para entrar em shoppings, para começar a alugar uma loja em condições mais favoráveis, com descontos, e isso tem ajudado na manutenção da taxa de ocupação dos empreendimentos.

Segundo ele, esse movimento está sendo considerado como uma janela de oportunidade para ajustes de portfólio de lojas dos shoppings, com a saída de comerciantes com desempenho abaixo da média e entrada de novos nomes nos empreendimentos.

"Quando a economia está forte ninguém sai, nem o lojista que ganha mais, nem o que ganha menos... Esse é o momento de manejar lojas que têm desempenho abaixo do esperado pela companhia para colocar aquelas com melhor performance", concordou Betts.

Por trás dessa visão, entre os principais fatores, está a perspectiva relacionada ao aluguel calculado sobre as vendas, além do custo mínimo de locação.

Segundo Prado, mesmo que o aluguel mínimo seja mais baixo, ou igual ao da loja anterior, se existe uma expectativa melhor de vendas, o aluguel percentual ficará mais alto. "O processo de ajuste de mix é sempre feito, mas em um momento como o atual o impacto é muito maior."

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