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Na crise, brasileiros vendem mais usados e fazem a alegria da OLX

A OLX teve em 2017 seu primeiro ano com resultados positivos no Brasil, após um crescimento de mais de 50% na receita em relação ao ano anterior.

OLX (Karin Salomão/Site Exame)

Mariana Desidério

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 15h28.

São Paulo – A OLX, plataforma de compra e venda de usados, teve em 2017 seu primeiro ano com resultados positivos no Brasil, após um crescimento de mais de 50% na receita em relação ao ano anterior. A empresa não divulga números de faturamento.

De forma aparentemente contraditória, 2017 também foi o ano em que a empresa viu uma redução drástica no aumento do número de anúncios feitos na plataforma. Se em 2016, os posts cresceram 53%, em 2017 esse aumento foi de apenas 4%. Mas isso não é preocupante, garante o CEO Andries Oudshoorn. Segundo ele, essa mudança se deve a melhorias no sistema.

“Antes muitas pessoas deletavam seus anúncios e publicavam novamente todos os dias, porque, se o anúncio fica no topo, você vende mais rápido. E ano passado nós lançamos serviços para automaticamente subir os anúncios ao topo”, explica.

A métrica que Oudshoorn gosta de usar para medir o sucesso da plataforma – além da receita, é claro – é a de successfull sellers, ou seja, usuários que anunciaram e conseguiram vender, que cresceu 16% em 2017.

Dentre as categorias que se destacam nesse crescimento estão artigos para a casa (aumento de 26% no número de vendedores bem sucedidos), moda e beleza (24%), eletrônicos e celulares (20%) e artigos infantis (17%).

Vendedores de ocasião

A meta da OLX é fortalecer a cultura da venda de usados por pessoas físicas, e a empresa cuida para que os vendedores profissionais, que também estão na plataforma, não tomem o espaço dos pequenos.

Isso porque, apesar de os vendedores profissionais gerarem receita para a OLX (eles pagam para anunciar, enquanto a pessoa física anuncia de graça), são os vendedores de ocasião que criam um ambiente favorável para o engajamento do comprador.

“Somos focados em um movimento popular, de ajudar todos os brasileiros a vender coisas online. Isso não é só pelo impacto que queremos ter na sociedade, mas também pelo engajamento. Ter muitas pessoas diferentes vendendo coisas diferentes no site é muito mais interessante para quem vai visitar a plataforma do que ter só empresas vendendo itens de catálogo”, explica.

Por isso, além de resolver a questão da repostagem de anúncios, a empresa também investiu em tecnologia para garantir que os itens certos apareçam para o melhor comprador possível e também na melhoria do chat que facilita o contato entre vendedor e comprador.

Mudança de hábito

Para Oudshoorn, esse crescimento visto em 2017 pode ser apenas o início de uma mudança de cultura no Brasil, com um empurrãozinho da crise econômica. Uma pesquisa feita pelo Ibope mostrou que 91% dos internautas têm algo em casa para ser vendido.

É fato que o interesse por colocar coisas usadas para vender na internet aumenta em períodos de crise, e a OLX se beneficiou desse momento de recessão no Brasil. Porém, a possível retomada da economia não assusta.

“Vemos que, em mercados como o da Europa, a crise criou um hábito de compra e venda de usados, e que ele perdurou depois, mesmo com a retomada da atividade econômica”, afirma.

Nesse sentido, a expectativa da OLX é que o mercado de usados cresça por aqui. Tanto que o CEO se diz tranquilo em relação à fusão entre ZAP e Viva Real, anunciada em novembro.

“Isso muda um pouco a dinâmica no mercado, mas esse ainda é um setor muito imaturo no Brasil. Não estamos preocupados com a concorrência, o mais importante é ter empresas construindo esse mercado”, afirma.

Com o mesmo otimismo, Oudshoorn diz esperar manter os bons números e crescer mais de 50% também em 2018. A ver.

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