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Prejuízo com aftosa será melhor avaliado na próxima semana

Notícia não confirmada indica segundo foco de febre aftosa em município próximo a Eldorado. Importadores deverão esclarecer alcance geográfico e período de suspensão das compras no início da próxima semana. Governo contingenciou 78% da verba para defesa e

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Uma avaliação mais precisa do estrago às exportações brasileiras de carne bovina por conta do caso de febre aftosa em um rebanho no Mato Grosso do Sul só será possível no início da próxima semana. "É lógico que a situação é muito ruim, mas qualquer antecipação é mera especulação", diz Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

União Européia, Chile, África do Sul, Israel, Rússia e Paraguai anunciaram formalmente nesta terça-feira (11/10) a suspensão das importações da região (#tabela). Conhecidos pelo rigor extremo, os russos suspenderam a compra da carne bovina e também de frangos e suínos -- apesar de não haver contaminação por aftosa entre as espécies.

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A medida, entretanto, faz parte de uma praxe internacional de interromper automaticamente os embarques após o anúncio de ocorrências como essa. "As áreas técnicas brasileiras trataram do foco com muita transparência, o que confere credibilidade ao país", afirma Nogueira. Ainda nesta semana, equipes do Ministério da Agricultura vão tratar do assunto com técnicos da União Européia (UE) e da Rússia.

"Creio que essa suspensão preventiva será rápida, não deve passar de poucos dias", diz José Vicente Ferraz, analista da consultoria de agronegócio FNP. "Mas é evidente que haverá estrago, aliás a imagem da carne brasileira já foi prejudicada." O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo.

Apresentados os detalhes técnicos, mais países importadores poderão anunciar suspensões para todo o Mato Grosso do Sul, como fizeram Rússia e Paraguai, ou apenas para a região do município de Eldorado (a 440 quilômetros da capital Campo Grande). O município é sede da Fazenda Vezozzo, onde foram identificados 140 cabeças de gado com febre aftosa, de um total de 582 animais. O rebanho inteiro foi sacrificado hoje. Há uma notícia ainda não confirmada pelo governo de Mato Grosso do Sul de um segundo foco de aftosa em um município vizinho a Eldorado. De qualquer forma, o caso já confirmado acarretou a interdição de todas as propriedades com atividades pecuárias em um raio de 25 quilômetros a partir da Fazenda Vezozzo.

"Por enquanto, é difícil estimar prejuízo porque não se sabe qual será a decisão de todos os importadores quanto a prazo e alcance geográfico das suspensões", afirma Ferraz. O Brasil vende carne bovina industrializada e in natura para 142 países. Pelas estimativas da CNA e da FNP, anteriores à ocorrência em Eldorado, a exportação fechará 2005 com faturamento de 3,1 bilhões de dólares, 30% acima do apurado no ano passado. De outubro de 2004 a setembro de 2005 o Brasil exportou 3,134 bilhões de dólares. O Mato Grosso do Sul responde por quase metade da carne bovina exportada pelo Brasil. Com um rebanho de 25 milhões de cabeças, o estado abate mensalmente 320 mil animais em seu território, e remete todo mês 80 mil bovinos para outros estados, principalmente São Paulo.

Novo tipo de vírus

O Ministério da Fazenda deteve temporariamente 78% do orçamento de 167 milhões de reais para defesa fitossanitária. Ou seja, o dinheiro efetivamente disponível para a proteção dos rebanhos caiu para 37 milhões de reais. "Isso é um desastre, e deixa quem trabalha no setor deprimido", afirma Ferraz. "Não consigo entender como um setor dinâmico como o pecuário não recebe recursos do governo para defesa sanitária."

"Não adianta agora esconder a cara, o governo contingenciou mesmo", diz Nogueira. "Mas isso não é motivo para culpar a área técnica, que apesar do pouco dinheiro, vinha fazendo seu trabalho." Para Nogueira, o urgente agora é rastrear o foco. Não era registrado nenhum caso de febre aftosa em Mato Grosso do Sul desde 1999. Leôncio de Sousa Brito Filho, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) não descarta o surgimento de um novo tipo de vírus.

Na quarta-feira (12/10) o Centro Panamericano de Febre Aftosa vai se reunir em Eldorado para que os países da região discutam conjuntamente o problema.

Países que formalizaram embargo à carne brasileira
País Regiões produtoras embargadas
África do SulBrasil inteiro
Chileextensão não confirmada
IsraelBrasil inteiro
ParaguaiMato Grosso do Sul
RússiaMato Grosso do Sul
União EuropéiaMato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo
fonte: Ministério da Agricultura
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