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Mercedes: maior problema do Brasil é falta de previsibilidade

A indústria, de acordo com o presidente da Mercedes, precisa de uma previsão do que vai acontecer nos próximos 20 ou 30 anos

Mercedes-Benz: "Amanhã vamos abrir o país, ótimo. E daqui a dois anos, vamos fechar o país de novo?" (Thomas Niedermueller/Getty Images)

Mercedes-Benz: "Amanhã vamos abrir o país, ótimo. E daqui a dois anos, vamos fechar o país de novo?" (Thomas Niedermueller/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 16h31.

São Paulo - O presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO para América Latina, Phillip Schiemer, disse nesta terça-feira, 28, em evento no Insper, que, se ocorrer uma abertura do mercado automotivo com redução de alíquotas de importações, como sugere relatório do Banco Mundial, quase todas as indústrias fecharão.

Para ele, um dos problemas da indústria automotiva e que pesa muito nas decisões é não saber o que vai acontecer amanhã.

"Amanhã vamos abrir o país, ótimo. E daqui a dois anos, vamos fechar o país de novo? Então o maior problema do Brasil para a indústria automobilística é a falta de previsibilidade das coisas", disse.

A indústria, de acordo com o presidente da Mercedes, precisa de uma previsão do que vai acontecer nos próximos 20 ou 30 anos.

"Os ciclos de investimentos, e eu represento uma base maior porque para automóveis se fala de cinco a sete anos e caminhões e ônibus de 15 anos. Então precisamos de uma previsibilidade", disse.

"Então sem dúvida que, se amanhã abrirmos o mercado, podem se fechar quase todas as indústrias aqui. Aí, o problema é da indústria? Não é, porque, se eu olho a nossa indústria, a nossa fábrica por dentro, as coisas estão funcionando bem. A questão é o quanto estamos competitivos como país e como podíamos trabalhar aqui", reclamou o executivo.

De acordo com Schiemer, a indústria vai acompanhar e participar desta discussão. "Mas não podemos achar que daqui a seis meses pode mudar todo o nosso modelo", disse. Sobre a retirada do Inovar-Auto, ele sugeriu que a saída deveria ser gradual.

Nesse ponto, o assessor especial do Ministério da Fazenda para reforma microeconômica, João Manoel de Pinho Mello, discordou do presidente da Mercedes. De acordo com ele, o governo gostaria de transitar com suavidade, mas infelizmente terá que "trocar o pneu" com o carro andando. O assessor lembrou que o Inovar-Auto foi considerado ilegal pela OMC.

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