Latam: previsão é recuperar mais de 85% da sua capacidade global da operação até o fim de 2022 (Latam/Divulgação)
A Latam anunciou nesta quinta-feira, 3, que saiu da recuperação judicial, situação em que se encontrava desde maio de 2020 quando entrou com o pedido nos Estados Unidos no começo da pandemia de Covid-19. A operação da empresa no Brasil seguiu a mesma direção 45 dias depois, após negociações de financiamento com o BNDES fracassarem.
Para deixar o processo de recuperação judicial para trás, o grupo emitiu US$ 1,15 bilhões em títulos, parte com vencimento em cinco anos e parte em sete anos. Também conseguiu um financiamento de US$ 1,1 bilhão por cinco anos.
Os valores serão utilizados para pagar outro financiamento que a companhia contraiu no início do processo de recuperação. A empresa obteve ainda uma linha de crédito rotativa de cerca de US$ 500 milhões.
“Hoje é um marco importante para a LATAM. Estamos satisfeitos por concluir uma transformação significativa e sair do nosso processo de reorganização com uma posição financeira fortalecida e um compromisso renovado com a excelência operacional", afirma Roberto Alvo, CEO do LATAM Airlines Group, em fato relevante.
Em entrevista com jornalistas, o executivo disse que a conclusão encerra também o processo de recuperação judicial de todas as filiais que acompanharam o movimento da holding. A partir de agora, restam apenas questões burocráticas, mas todos pontos relacionados ao chapter 11 foram finalizados.
A companhia informou que a dívida hoje é aproximadamente US$ 3,6 bilhões menor em seu balanço patrimonial em relação ao período anterior ao processo - a redução é equivalente a 35%.
A companhia prevê que irá recuperar mais de 85% da sua capacidade global de operação até o fim de 2022 em comparação com o ano de 2019. E, em meados de 2023, atingir 100%.
A empresa deve anunciar nas próximas semanas como será a estratégia da joint-venture firmada com a Delta em 2020 e só recentemente aprovada pelo Departamento de Transportes (DOT) do Estados Unidos. O acordo permite que os passageiros tenham acesso a mais de 300 destinos entre Estados Unidos e Canadá e a América do Sul (Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai).
"Tem muita oportunidades de crescimento e vamos trabalhar na expansão da malha que faça mais sentido para os nossos clientes", afirmou Alvo.
A Latam também se prepara para renovar o Conselho de Administração da companhia, com votação prevista para o próximo dia 15 na Assembleia Geral Extraordinária. A quadro será formado por nove membros, cinco dos quais indicados pelos credores e o restante pelos acionistas.
Além disso, a composição acionária pode ser alterada caso todos os credores optem por converter os seus bônus em ações. Os acionistas chamados de "estratégicos" (Delta, Qatar e a família Cueto) ficariam com 27% da companhia e os credores (Sixth Street, Strategic Value Partners e Sculptor Capital Management), 67%. Aos minoritários, restariam 6%.
A estrutura final, no entanto, só deve ser conhecida em dois meses, prazo que os credores têm para decidir o que farão com os bônus.
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