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JBS vê sinergias de R$1,2 bilhão após Seara

Seara Brasil e um esperado crescimento orgânico deverão elevar o faturamento anual da companhia para R$ 120 bilhões em 2014


	Rebanho do JBS: companhia também focará no ano que vem na redução dos níveis de endividamento
 (John Blake/EXAME.com)

Rebanho do JBS: companhia também focará no ano que vem na redução dos níveis de endividamento (John Blake/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de novembro de 2013 às 15h34.

São Paulo - A JBS, maior produtora global de carnes, estimou em 1,2 bilhão de reais as sinergias que poderão ser obtidas em 2014 com a compra da Seara Brasil, unidade de frango, suínos e processados adquirida neste ano que também elevou fortemente as dívidas da companhia.

A Seara Brasil e um esperado crescimento orgânico deverão elevar o faturamento anual da companhia para 120 bilhões de reais em 2014 - a título de comparação, a receita líquida foi de 24,2 bilhões de reais somente no terceiro trimestre de 2013.

A companhia também focará no ano que vem na redução dos níveis de endividamento, disseram nesta quinta-feira executivos da empresa, durante comentários dos resultados do terceiro trimestre.

A projeção do presidente da empresa, Wesley Batista, é reduzir a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) para no mínimo 3,0 vezes ainda em 2014.

"Não vou me comprometer, mas no mínimo três vezes é bem realista", disse Batista, em conferência com analistas.

A alavancagem da JBS - incluindo a assunção de 5,85 bilhões de reais em dívidas provenientes da aquisição da Seara e sem considerar o Ebitda da companhia adquirida da Marfrig - encerrou o terceiro trimestre em 4,03 vezes, contra 3,28 vezes em 30 de junho de 2013.

Segundo Batista, a meta de reduzir alavancagem será alcançada com a redução de custos e geração de caixa.

Ele disse que a aquisição da Seara --que agrega 10 bilhões de reais em faturamento-- está em linha com a estratégia da empresa de tradicionalmente reverter resultados de companhias com baixo desempenho, como ocorreu com a Swift e Pilgrim's Pride, compradas no passado.

"Não vai ser diferente, estou mais confiante (com a Seara) do que todas as aquisições que fizemos... Estamos no detalhe e focados, olhando da porta para dentro (para reduzir custos)... A Seara vai ser a maior surpresa que a JBS já apresentou ao mercado em termos de entrega de resultado", disse o executivo.


Batista afirmou que a partir do primeiro trimestre de 2014 a companhia vai divulgar o resultado da JBS Foods aberto, e o mercado vai acompanhar o desempenho da divisão que inclui a Seara. No quarto trimestre, porém, os dados referentes à Seara vão estar incluídos na JBS Mercosul.

A compra da Seara Brasil, no início de junho, levou a JBS à liderança global na produção de aves.

O lucro líquido consolidado da JBS no terceiro trimestre recuou com força, para 258,3 milhões de reais, ficando abaixo das estimativas do mercado, impactado pelo aumento de 45 por cento nas despesas operacionais.

Às 15h10, a ação da companhia operava em alta de 0,5 por cento, enquanto o Ibovespa subia 1,8 por cento.

Sinergias

A sinergia com a compra da Seara Brasil deverá representar 1,2 bilhão de reais em 2014 para a JBS, em áreas como vendas, operação industrial, logística e suprimentos, disse o presidente da unidade JBS Foods, Gilberto Tomazoni.

As iniciativas da companhia para reduzir custos incluem uma "redução significativa" no portfolio de marcas da JBS Foods, onde foi alocada a recém-adquirida Seara Foods.

Atualmente, a divisão conta com 29 marcas de produtos processados, das quais 25 são oriundas da Seara.

JBS USA

Nos Estados Unidos, onde a JBS tem a Pilgrim´s Pride, a companhia traçou um cenário positivo para consumo de carne de frango, que deve ser beneficiada pela redução prevista em cerca de 3 por cento na produção de carne bovina e suína.

Batista lembrou ainda que a redução de custos com grãos, principal insumo na avicultura, é outro fator a beneficiar a área de carne de frango.


Ele observou que no ano passado, por exemplo, o preço médio do milho estava entre 7 a 7,5 dólares por bushel, mas com a grande safra norte-americana este preço tende a recuar para 4 a 4,5 por bushel.

Do lado de bovinos, a JBS vê um cenário positivo para as vendas externas, uma vez que a China segue com demanda crescente, com embarques dos EUA para lá somando 1,5 milhão de toneladas, volume que pode dobrar até 2020, segundo o presidente da unidade norte-americana, André Nogueira.

Mas o custo de produção com bovinos pode ter alguma alta oriunda do aumento da retenção de vacas, por conta do processo de recuperação do estoque de animais, que caiu aos menores níveis em mais de 50 anos no ano passado, em função do alto nível de abates depois que uma forte seca atingiu o país.

JBS Mercosul

A JBS estima um aumento de 35 por cento nas vendas de carne bovina este ano na unidade Mercosul, por conta da forte demanda externa e um dólar mais forte favorecendo os negócios.

O presidente da JBS Mercosul, Miguel Gularte, lembrou que o Brasil deve bater recorde em receita nas vendas externas deste ano.

"Estamos vivendo um bom momento, o volume cresceu e sem sacrificar os preços (da carne bovina), que continua com valores estáveis ou em crescimento, dependendo do mercado", afirmou Gularte.

Para ele, o aumento dos preços da arroba bovina é momentâneo em função do período entressafra. Ele acredita na manutenção de um ciclo favorável à indústria, com boa disponibilidade de animais para abate para atender a crescente demanda, de países como Rússia e China.

Ele apontou um aumento de 15 por cento nos abates de bovinos no Brasil em 2014, um incremento que acontecerá mesmo com a expectativa de um custo 6 por cento maior para o setor na produção em relação a este ano.

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