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Na mira da Lava Jato, fundo do FGTS perde R$ 900 milhões

Fundo de investimento que usa recursos dos trabalhadores para aplicar em infraestrutura perdeu R$ 900 milhões em patrimônio líquido

Infraestrutura: fundo do FGTS chegou a ter mais de um terço do patrimônio aplicado em empresas envolvidas na Lava Jato (Arquivo/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2016 às 08h16.

Brasília - No foco da Operação Lava Jato , o FI- FGTS , fundo de investimento que usa recursos dos trabalhadores para aplicar em infraestrutura, registrou, pela primeira vez em seus oito anos, prejuízo no resultado anual.

A rentabilidade de 2015 ficou negativa em 3%, e houve uma perda de R$ 900 milhões do patrimônio líquido.

A principal razão para resultado tão ruim foi o provisionamento de R$ 1,8 bilhão para cobrir os prejuízos do colapso da Sete Brasil, criada para construir e administrar os navios sondas do pré-sal.

O FI-FGTS, criado no governo Lula, entrou de vez na mira da Lava Jato após a prisão de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, que participava do comitê que decidia os investimentos do fundo e é apontado como ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Cleto já teve sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, e há uma expectativa de que seus depoimentos mostrem como funcionava o esquema de aprovação dos projetos que recebiam dinheiro do fundo.

O investimento malsucedido na Sete Brasil não foi o único em empresas também envolvidas na Lava Jato.

O FI-FGTS chegou a ter mais de um terço do total do patrimônio líquido, de R$ 34 bilhões, aplicado em companhias envolvidas no escândalo.

Estão na lista a Odebrecht Transport e a Odebrecht Ambiental, empresas de capital fechado do Grupo Odebrecht, além da OAS Óleo e Gás e da CCR (concessionária de rodovias dos grupos Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa).

Alguns desses investimentos também têm provocado perdas: como o fundo é obrigado a remarcar o valor das empresas das quais é sócio, teve de registrar a desvalorização de R$ 400 milhões no valor de mercado da Odebrecht Transport, por exemplo.

Referência

Além de financiar projetos de infraestrutura, o FI-FGTS foi criado também com o objetivo de melhorar a rentabilidade do FGTS (de 3% ao ano mais a Taxa Referencial - TR).

Pelas regras do fundo, a rentabilidade de referência é de 6% ao ano, mais a TR - ou seja, o desempenho do ano passado ficou muito distante disso.

Mas não há punição por não alcançar essa meta. A Caixa, gestora do fundo, precisa entregar esse desempenho ao fim de toda a maturação dos investimentos.

Há ainda uma gordura para queimar, já que o retorno dos últimos anos foi acima da referência. A rentabilidade acumulada é de 53%, superior ao mínimo exigido para o período, que é de 33%.

O retorno do fundo em 2014 já tinha caído por causa da Sete Brasil. Naquele ano, o FI-FGTS reservou R$ 374 milhões para cobrir as perdas com a empresa. Com dívida de R$ 19,3 bilhões, a Sete entrou com pedido de recuperação judicial em abril.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Brasília - No foco da Operação Lava Jato , o FI- FGTS , fundo de investimento que usa recursos dos trabalhadores para aplicar em infraestrutura, registrou, pela primeira vez em seus oito anos, prejuízo no resultado anual.

A rentabilidade de 2015 ficou negativa em 3%, e houve uma perda de R$ 900 milhões do patrimônio líquido.

A principal razão para resultado tão ruim foi o provisionamento de R$ 1,8 bilhão para cobrir os prejuízos do colapso da Sete Brasil, criada para construir e administrar os navios sondas do pré-sal.

O FI-FGTS, criado no governo Lula, entrou de vez na mira da Lava Jato após a prisão de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, que participava do comitê que decidia os investimentos do fundo e é apontado como ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Cleto já teve sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, e há uma expectativa de que seus depoimentos mostrem como funcionava o esquema de aprovação dos projetos que recebiam dinheiro do fundo.

O investimento malsucedido na Sete Brasil não foi o único em empresas também envolvidas na Lava Jato.

O FI-FGTS chegou a ter mais de um terço do total do patrimônio líquido, de R$ 34 bilhões, aplicado em companhias envolvidas no escândalo.

Estão na lista a Odebrecht Transport e a Odebrecht Ambiental, empresas de capital fechado do Grupo Odebrecht, além da OAS Óleo e Gás e da CCR (concessionária de rodovias dos grupos Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa).

Alguns desses investimentos também têm provocado perdas: como o fundo é obrigado a remarcar o valor das empresas das quais é sócio, teve de registrar a desvalorização de R$ 400 milhões no valor de mercado da Odebrecht Transport, por exemplo.

Referência

Além de financiar projetos de infraestrutura, o FI-FGTS foi criado também com o objetivo de melhorar a rentabilidade do FGTS (de 3% ao ano mais a Taxa Referencial - TR).

Pelas regras do fundo, a rentabilidade de referência é de 6% ao ano, mais a TR - ou seja, o desempenho do ano passado ficou muito distante disso.

Mas não há punição por não alcançar essa meta. A Caixa, gestora do fundo, precisa entregar esse desempenho ao fim de toda a maturação dos investimentos.

Há ainda uma gordura para queimar, já que o retorno dos últimos anos foi acima da referência. A rentabilidade acumulada é de 53%, superior ao mínimo exigido para o período, que é de 33%.

O retorno do fundo em 2014 já tinha caído por causa da Sete Brasil. Naquele ano, o FI-FGTS reservou R$ 374 milhões para cobrir as perdas com a empresa. Com dívida de R$ 19,3 bilhões, a Sete entrou com pedido de recuperação judicial em abril.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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