Intel encontra resistência para extinguir minas de milícias
Chips da companhia podem conter minerais extraídos de partes devastadas pela guerra na República Democrática do Congo
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2014 às 23h46.
Os chips da Intel contêm tântalo, ouro, estanho e tungstênio: todos fabricados a partir de minerais que podem ser extraídos de partes devastadas pela guerra na República Democrática do Congo. O trabalho de Carolyn Duran é garantir que isso não aconteça.
Durante os últimos cinco anos, Duran e sua equipe enfrentaram empresas que produzem os minerais para descobrir se elas utilizavam minérios provenientes das minas controladas pelas milícias no país da África Central.
A iniciativa pretende deixar as gangues sem receita e já implicou um recorrido por 21 países e visitas a 86 empresas que transformam minério em metal.
Ao longo do caminho, disse Duran, sua equipe foi recebida com indiferença e resistência declarada, o que ressalta o espinhoso processo de excluir minérios que passaram pelas mãos das milícias do Congo.
De acordo com a lei de reforma da Wall Street e de proteção dos consumidores Dodd-Frank, as empresas dos EUA devem revelar o uso de minerais de zonas de conflito do Congo ou dos países vizinhos à Comissão de Valores Mobiliários até o dia 2 de junho.
As empresas que não cumprirem serão obrigadas a divulgar publicamente o que fizeram para identificar os minerais de zonas de conflito em seus produtos.
“Cada um dos membros da equipe de conflito da Intel sentiu, em algum momento, que enfrentava uma tarefa insuperável”, disse Duran, 43, engenheira que mora em Portland, Oregon, e possui um Ph.D. em ciências dos materiais da Universidade de Northwestern.
Forças opositoras
A regra enfrenta desafios legais da Câmara de Comércio dos EUA, do grupo Business Roundtable e da Associação Nacional de Fabricantes dos EUA.
Esses grupos dizem que o cumprimento forçaria as empresas a revelarem como elas contribuem para as questões de direitos humanos e isso violaria seu direito à liberdade de expressão.
Eles também argumentam que a regra impõe “custos assombrosos” porque não existe uma infraestrutura para certificar fornecedores que não utilizam matérias-primas de zonas de conflito.
“Compreendemos a seriedade da situação humanitária na República Democrática do Congo”, disseram os grupos em um comunicado conjunto.
“Mas acreditamos que os requisitos de divulgação para as empresas constituem um modo inadequado e ineficiente de lidar com os distúrbios existentes naquela região”.
Caso de estudo
A Intel, junto com a Hewlett-Packard e a Apple, estão entre as empresas que se esforçam para que seus produtos não contenham elementos oriundos de zonas de conflito e por isso são os primeiros casos de estudo para outras companhias que quiserem seguir o exemplo.
Embora Duran e outros tenham enfrentado a resistência de fornecedores e condições penosas, seus esforços até o momento já ajudaram aproximadamente 100 fundidores a obterem o certificado por não utilizar minério do Congo, de acordo com a Conflict-Free Sourcing Initiative, uma organização sem fins lucrativos que tem sede em Alexandria, Virginia.
Estima-se que existam entre 300 e mais de 600 fundidores em todo o mundo, de acordo com Julie Schindall, porta-voz da CFSI.
Duran disse que mais empresas precisam entrar em ação para acabar com o mercado de minério extraído a ponta de pistola do solo do Congo.
Os minérios de tântalo, estanho, tungstênio e ouro são encontrados no Congo, em grande parte oriundos de minas controladas pelas milícias.
Mesmo quando os fundidores eram convencidos a colaborar, muitos diziam que não poderiam pagar os custos de uma auditoria.
A Intel, com contribuições da Hewlett-Packard e da GE Foundation, cobriu os custos que, de acordo com as empresas, foram de apenas US$ 5.000.
Outros fundidores disseram que não tinham nenhuma documentação que demonstrasse a origem do minério porque fecharam acordos com um aperto de mão.
A Hewlett-Packard e a Apple realizaram um trabalho parecido. Jay Celorie, que dirige o programa de minerais de conflito da Hewlett-Packard, disse que visitou os fundidores para convencê-los. Ir pessoalmente é o melhor modo de persuadir os fornecedores, disse ele.
“A decisão de um fundidor em participar se baseia principalmente nas demandas do cliente dele”, disse. “O objetivo final, que a Intel demonstrou, é convencer os fundidores de que participar do programa e ser auditado é bom para os negócios deles”.
Em janeiro, Brian Krzanich, CEO da Intel, declarou que nenhum processador da empresa utiliza metais de zonas de conflito. Isso não põe fim aos esforços de Duran. Segundo ela, ainda há mais a fazer porque mais empresas precisam seguir este exemplo.
“Ainda não chegamos lá”, disse Duran.
Os chips da Intel contêm tântalo, ouro, estanho e tungstênio: todos fabricados a partir de minerais que podem ser extraídos de partes devastadas pela guerra na República Democrática do Congo. O trabalho de Carolyn Duran é garantir que isso não aconteça.
Durante os últimos cinco anos, Duran e sua equipe enfrentaram empresas que produzem os minerais para descobrir se elas utilizavam minérios provenientes das minas controladas pelas milícias no país da África Central.
A iniciativa pretende deixar as gangues sem receita e já implicou um recorrido por 21 países e visitas a 86 empresas que transformam minério em metal.
Ao longo do caminho, disse Duran, sua equipe foi recebida com indiferença e resistência declarada, o que ressalta o espinhoso processo de excluir minérios que passaram pelas mãos das milícias do Congo.
De acordo com a lei de reforma da Wall Street e de proteção dos consumidores Dodd-Frank, as empresas dos EUA devem revelar o uso de minerais de zonas de conflito do Congo ou dos países vizinhos à Comissão de Valores Mobiliários até o dia 2 de junho.
As empresas que não cumprirem serão obrigadas a divulgar publicamente o que fizeram para identificar os minerais de zonas de conflito em seus produtos.
“Cada um dos membros da equipe de conflito da Intel sentiu, em algum momento, que enfrentava uma tarefa insuperável”, disse Duran, 43, engenheira que mora em Portland, Oregon, e possui um Ph.D. em ciências dos materiais da Universidade de Northwestern.
Forças opositoras
A regra enfrenta desafios legais da Câmara de Comércio dos EUA, do grupo Business Roundtable e da Associação Nacional de Fabricantes dos EUA.
Esses grupos dizem que o cumprimento forçaria as empresas a revelarem como elas contribuem para as questões de direitos humanos e isso violaria seu direito à liberdade de expressão.
Eles também argumentam que a regra impõe “custos assombrosos” porque não existe uma infraestrutura para certificar fornecedores que não utilizam matérias-primas de zonas de conflito.
“Compreendemos a seriedade da situação humanitária na República Democrática do Congo”, disseram os grupos em um comunicado conjunto.
“Mas acreditamos que os requisitos de divulgação para as empresas constituem um modo inadequado e ineficiente de lidar com os distúrbios existentes naquela região”.
Caso de estudo
A Intel, junto com a Hewlett-Packard e a Apple, estão entre as empresas que se esforçam para que seus produtos não contenham elementos oriundos de zonas de conflito e por isso são os primeiros casos de estudo para outras companhias que quiserem seguir o exemplo.
Embora Duran e outros tenham enfrentado a resistência de fornecedores e condições penosas, seus esforços até o momento já ajudaram aproximadamente 100 fundidores a obterem o certificado por não utilizar minério do Congo, de acordo com a Conflict-Free Sourcing Initiative, uma organização sem fins lucrativos que tem sede em Alexandria, Virginia.
Estima-se que existam entre 300 e mais de 600 fundidores em todo o mundo, de acordo com Julie Schindall, porta-voz da CFSI.
Duran disse que mais empresas precisam entrar em ação para acabar com o mercado de minério extraído a ponta de pistola do solo do Congo.
Os minérios de tântalo, estanho, tungstênio e ouro são encontrados no Congo, em grande parte oriundos de minas controladas pelas milícias.
Mesmo quando os fundidores eram convencidos a colaborar, muitos diziam que não poderiam pagar os custos de uma auditoria.
A Intel, com contribuições da Hewlett-Packard e da GE Foundation, cobriu os custos que, de acordo com as empresas, foram de apenas US$ 5.000.
Outros fundidores disseram que não tinham nenhuma documentação que demonstrasse a origem do minério porque fecharam acordos com um aperto de mão.
A Hewlett-Packard e a Apple realizaram um trabalho parecido. Jay Celorie, que dirige o programa de minerais de conflito da Hewlett-Packard, disse que visitou os fundidores para convencê-los. Ir pessoalmente é o melhor modo de persuadir os fornecedores, disse ele.
“A decisão de um fundidor em participar se baseia principalmente nas demandas do cliente dele”, disse. “O objetivo final, que a Intel demonstrou, é convencer os fundidores de que participar do programa e ser auditado é bom para os negócios deles”.
Em janeiro, Brian Krzanich, CEO da Intel, declarou que nenhum processador da empresa utiliza metais de zonas de conflito. Isso não põe fim aos esforços de Duran. Segundo ela, ainda há mais a fazer porque mais empresas precisam seguir este exemplo.
“Ainda não chegamos lá”, disse Duran.