Indústria de laticínios dobrará de tamanho na China até 2010
Empresas estrangeiras podem avançar muito no país, devido ao baixo nível tecnológico dos concorrentes locais, diz pesquisa
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A expansão da renda e as mudanças de hábito dos consumidores deverão dobrar o tamanho da indústria chinesa de laticínios até o final da década, quando o setor faturará 20 bilhões de dólares por ano, segundo pesquisa da consultoria McKinsey. O trabalho ressalta que as empresas estrangeiras que quiserem explorar esse mercado terão muito espaço, diante das deficiências competitivas dos produtores locais.
A China já é o segundo maior mercado consumidor de laticínios da Ásia, atrás apenas do Japão, mas o McKinsey observa que ainda há muito potencial de expansão. Produtos de maior valor agregado, como bebidas lácteas, queijos e iogurtes, ainda têm uma presença pequena na alimentação diária dos chineses, quando comparados com outros países. No Japão, por exemplo, esses artigos representam 60% do consumo de laticínios, contra 25% na China.
A pesquisa afirma, porém, que a expansão da renda, fruto do crescimento econômico, deverá contribuir para uma aceleração da demanda. Nos próximos cinco anos, as taxas anuais de crescimento do consumo de bebidas lácteas, queijos e iogurtes deverão ser, respectivamente, de 22%, 38% e 31%. Para os produtores, isso também permitirá maiores ganhos, já que as margens de lucro desses artigos costumam ser duas a três vezes maiores que as do leite convencional.
De acordo com o McKinsey, há grandes oportunidades de negócios no setor para as empresas estrangeiras que desejam atuar no país. A principal fraqueza dos produtores locais é o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, o que os leva a apostar em estratégias mais simples de diferenciação, como variedade de sabores e embalagens de design mais atraente. Enquanto os laticínios chineses investem menos de 1% de seu faturamento com pesquisa, seus concorrentes de outros países desembolsam de 3% a 4%.
As multinacionais também podem se favorecer com as mudanças em curso nos canais de distribuição. Em dezembro de 2004, a China removeu as barreiras para que estrangeiros atuassem no ramo de varejo - uma das exigências para que o país entrasse na Organização Mundial de Comércio. Desde então, o setor vive um período de renovação, com crescente presença de redes de supermercados e hipermercados - pontos-de-vendas mais familiares às empresas ocidentais.
Alguns grupos estrangeiros também partiram para parcerias e aquisições no setor de laticínios. No ano passado, por exemplo, o grupo neozelandês Fonterra adquiriu 43% do capital da Sanlu. A consolidação do setor e o fracasso de muitos produtores locais em concorrer com as multinacionais são dados como certos pelo McKinsey. Segundo a consultoria, mais da metade dos 1 600 laticínios chineses deverão falir até 2010, em decorrência da abertura desse mercado à competição internacional.