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Impacto de megaloja virtual extrapola o comércio eletrônico

Criação de uma superestrutura, a partir da fusão do Submarino com a Americanas.com, terá repercussões também sobre o varejo "real"

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

O impacto da fusão entre a Americanas.com e o Submarino será sentido não apenas pelas suas concorrentes diretas - as lojas virtuais de comércio - mas também por todo o varejo brasileiro. A parceria criará uma nova empresa, a B2W, que já nasce com mais de metade do faturamento do varejo online do país - projetado em 4,3 bilhões de reais para este ano. Essa superestrutura trará vantagens competitivas também nas operações físicas - como a ampliação da estrutura de logística de entregas e um forte poder de negociação com os fornecedores -, e forçará os demais varejistas a acelerarem seus planos de atuação no mercado virtual. A fusão entre os dois maiores sites de varejo online do país foi antecipada nesta quarta-feira (22/11) por EXAME e confirmada hoje pelas empresas.

De posse de 53,25% do capital da B2W, a Lojas Americanas poderá elevar seu poder de barganha junto aos fornecedores, realizando pedidos para as quatro marcas do grupo (Americanas.com, Shoptime, Submarino e Ingresso.com) conjuntamente. Os descontos conquistados poderão ser repassados aos clientes, aumentando ainda mais seu apelo de vendas.

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"Isso deverá fazer a concorrência se mexer, se não quiser perder espaço. Os consumidores serão beneficiados não só com menores preços, mas também com melhores serviços", afirma Pedro Guasti, diretor-geral da e-bit, uma consultoria especializada em comércio eletrônico. Detentora de 210 pontos de venda em ruas e shoppings centers de 19 estados e do Distrito Federal, a Lojas Americanas terá, ainda, a possibilidade de introduzir no mercado brasileiro um modelo que já é sucesso nos Estados Unidos: a opção de comprar pela internet e retirar as mercadorias em lojas físicas. O serviço é útil principalmente para quem tem dificuldades de prever se estará presente no local indicado no momento da entrega e para aqueles que querem dispor do produto imediatamente - e sem pagar frete.

"Com isso, a empresa poderá conquistar também os consumidores que ainda têm receio de comprar virtualmente. Sabendo que há uma estrutura física nacionalmente conhecida e respeitada, o consumidor sente-se mais seguro e confiante de comprar pela internet", diz Guasti. A novidade promete deixar os grandes varejistas que ainda não estrearam seus sites de vendas - como Casas Bahia, Carrefour e Wal-Mart - bastante preocupados. "Eles terão que repensar suas estratégias, podendo até mesmo realizar fusões ou injetar capital para desenvolvimento de novos projetos", afirma o diretor-geral da e-bit.

Revolução

A fusão também é vista pelos especialistas como um possível início de revolução no e-commerce. Para o consultor e especialista em economia digital, Cid Torquato, o negócio deve gerar uma onda positiva de desenvolvimento do comércio eletrônico no Brasil. Diante da pesada concorrência da B2W, os rivais terão que ser mais criativos e buscar novas ferramentas para estimular as vendas - e os consumidores e agências de publicidade também lucrarão com a disputa. "Oferecer só o menor preço não vai ser suficiente para conquistar e fidelizar clientes. As empresas terão que investir em serviços e vantagens, para incentivar o relacionamento."

Segundo Torquato, uma das tendências que deve crescer nos sites de vendas, já em 2007, é a utilização de recursos de vídeo. "Aos poucos, as empresas devem migrar do texto para o vídeo. O texto passaria a ser somente apoio, e a comunicação passaria a ser baseada em vídeo, que é uma linguagem muito mais agradável", diz. Torquato acredita que as companhias desenvolverão uma nova linguagem própria para vídeos na web, diferente da utilizada nos canais de venda pela TV. "O maior desafio não será a obtenção de recursos para investimentos ou mudanças estruturais, mas sim o desenvolvimento de estratégias eficazes. A inovação e a inteligência ditarão o sucesso ou o fracasso das empresas", diz.

Mercado

A e-bit estima que o comércio eletrônico no Brasil crescerá 40% este ano, alcançando 4,3 bilhões de reais de faturamento. Desse total, 60% deve ser gerado por apenas dez empresas, incluindo Americanas.com, Shoptime e Submarino.

Apesar do forte crescimento, os números mostram que o comércio eletrônico ainda é bastante incipiente no país. "Há 26 milhões de consumidores com acesso ao internet banking, que são potenciais clientes do comércio eletrônico. Destes, apenas 6,8 milhões fazem compras pela internet", afirma Pedro Guasti.

De acordo com ele, o maior empecilho para um maior desenvolvimento do e-commerce no país é a falta de acesso à internet por cerca de 20% da população. "Além disso, as pessoas precisam ter renda para comprar", afirma.

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