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Gastos privados com ferrovias até 2010 devem somar R$ 11,5 bi

Até 2008, 30% de toda a produção nacional deverá estar viajando de trem. Um dos efeitos será sentido nas estradas brasileiras: a partir de 2008, 36 mil caminhões deverão ter saído do asfalto

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Depois de mais de 20 anos na mais absoluta penúria, dependendo de gastos governamentais, as ferrovias brasileiras voltaram a receber investimentos, mas do setor privado. As três maiores empresas do setor -- Vale Logística, MRS e ALL -- aumentaram consideravelmente seus investimentos com ferrovias nos últimos anos, e prevêem crescimento por pelo menos cinco anos mais. Segundo estimativa da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, os gastos do setor privado com ferrovias até 2010 devem somar 11,5 bilhões de reais.

Até 2009, a MRS Logística deve aplicar 2,5 bilhões de reais na compra de vagões e melhoria da malha ferroviária. A empresa é a maior transportadora de contêineres do país, ou seja, forte em carga geral, de alto valor agregado. Tem 1,7 mil km de trilhos nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. "Estamos nos preparando para crescer ainda mais", diz Júlio Fontana, presidente da empresa.

Já a Vale, a maior do setor, terá aplicado até o final do ano 760 milhões de dólares, ou 1,8 bilhão de reais, em suas ferrovias. Nem a Vale nem a ALL divulgam planos fechados de investimento para os próximos cinco anos, mas as estimativas dentro dessas empresas são de que eles continuem a crescer.

Na ALL Logística, 200 milhões de reais já estão assegurados por compras e encomendas de vagões feitas pelos clientes da empresa, como a Bunge. Sem falar dos 190 milhões de reais, que, estimam os analistas de mercado, a empresa deva aplicar neste ano.

Os fabricantes de vagões, que vivem um 2005 extraordinário, com 7 mil vagões vendidos, comemoram. A Amsted-Maxion, a maior do setor, espera encomendas continuem num ritmo de pelo menos 3 mil vagões por ano até 2010.

O cenário para o setor de logística, portanto, não podia ser mais otimista. Até 2008, numa previsão otimista, 30% de toda a produção nacional deverá estar viajando de trem. Um dos efeitos será sentido nas estradas brasileiras: a partir de 2008, 36 mil caminhões deverão ter saído do asfalto.

A expressão "otimista" se explica: segundo os operadores privados das ferrovias, é necessário que o governo invista ainda 4,5 bilhões de reais nos próximos anos, para a eliminação dos chamados gargalos logísticos. "Se esses investimentos não foram feitos, vamos ter de parar de crescer", diz Rodrigo Vilaça, da ANTF.

Navegação

Grande beneficiado pelo crescimento das empresas de logística, a navegação cresce de 10% a 15% ao ano, mas também depende em boa parte de investimentos públicos. Aos poucos, esse dinheiro está chegando. Graças a financiamentos do BNDES e do uso do Fundo de Marinha Mercante, os estaleiros nacionais receberam neste ano as primeiras encomendas de navios para o setor privado.

As grandes empresas de navegação costumavam alugar navios. No último dia 15, quatro navios de transporte de contêineres foram encomendados pela Aliança Navegação ao estaleiro Mauá-Jurong, de Niterói. Eles vão custar 240 milhões de dólares e serão financiados pelo BNDES, com recursos do fundo.

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