Ford vai investir na Ásia para recuperar as vendas

O presidente da Ford Motor, Bill Ford Jr., anunciou, em entrevista ao americano The Wall Street Journal nesta quinta-feira (26/10), os planos da companhia de crescimento na Ásia. O crescente mercado consumidor da China se tornou um alvo da empresa, que teve os piores resultados trimestrais dos últimos 14 anos. A Ford terminou o período registrando prejuízo de 1,98 bilhão de dólares das suas operações na América do Norte e de 56 milhões na Ásia e a África. Em 2007, serão abertas duas fábricas da Ford, em parceria com a japonesa Mazda, no leste da China, uma para produzir motores e outra para montar veículos populares. A companhia também vai abrir um centro de pesquisa e desenvolvimento na Austrália e já considera expandir a produção na Índia.

Os planos de expansão da Ford na Ásia contrastam com a retração que a empresa vive nos Estados Unidos. Nos países da América do Norte, o corte de 58.000 postos de trabalho deve ser acelerado, como anunciou a direção em setembro. Além disso, nove fábricas serão fechadas até o fim de 2008, e outras sete, até 2012.

Segundo Ford, para crescer, a companhia não tem outra escolha além de olhar para fora dos Estados Unidos. "Cerca de 90% de todo o volume de crescimento nos próximos 10 anos será na Ásia e estamos nos preparando para lucrar com isso", ele diz. O interesse da Ford na China segue a tendência já criada pela General Motors (GM) e a DaimlerChrysler. No futuro, as três grandes de Detroit terão de ser menores e menos americanas para sobreviver.

De acordo com o presidente da montadora, a Ford está firme financeiramente e não precisa fazer mais alianças com empresas estrangeiras. São desmentidos mais uma vez os boatos de que a companhia buscava acordos com a Renault e a Nissan Motor, depois da falha das negociações dessas duas montadoras com a GM. "Existem grandes oportunidades dentro da Ford para alcançar mais sinergias antes de buscar apoio de fora", diz Ford.

A mudança de estratégia da Ford ocorre depois da queda das vendas dos veículos populares em 2005. A montadora lucrou com a venda de esportivos utilitários e picapes. A transferência da produção dos populares para países onde a mão-de-obra é mais barata pode ajudar a reverter o problema.