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Expansão e diversificação são metas de novo CEO da Gerdau

Aquisição de usina alemã deve ser a primeira operação comandada por André Johannpeter

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Na sua primeira apresentação pública como presidente da Gerdau, nesta terça-feira (21/11), André Gerdau Johannpeter afirmou que seu desafio será manter o crescimento com rentabilidade e investir mais nos mercados de aços especiais e planos. "Meu desafio é enfrentar a globalização e posicionar a Gerdau nessa consolidação acelerada, procurando oportunidades, tendo sempre a preocupação com a rentabilidade", disse. "O dilema é: como manter a Gerdau nesse mundo global competitivo."

Atualmente, o grupo é um dos maiores produtores mundiais de aços longos. "A Gerdau precisa ser uma das líderes na consolidação da siderurgia mundial", afirmou André. A companhia é a 14omaior do mundo no setor siderúrgico, com produção de 15 milhões de toneladas. Mas a líder do ranking, a Mittal, produz 100 milhões de toneladas. Ele lembrou que, nos últimos cinco anos, a Gerdau ganhou 11 posições na lista e é um dos grupos siderúrgicos que mais crescem.

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Com valor de mercado estimado em 10 bilhões de dólares e 111.000 acionistas, a Gerdau começa a era André voltada para novos mercados. "Buscamos expandir na Europa, onde chegamos no ano passado, inclusive no Leste Europeu, e entrar na Ásia e na Índia", disse. "Chega um ponto em que não tem mais como crescer nas Américas, dependendo da linha, do segmento de produtos como lá na origem, quando a Gerdau saiu do Brasil porque não tinha mais tanta oportunidade de crescer aqui." A idéia de André é focar não apenas no crescimento geográfico, mas também na diversificação de produtos. "Precisamos oferecer todos os tipos de aços para nossos clientes", diz.

A primeira aquisição dessa nova era deve ser uma usina na Alemanha, a Arcelor Thüringer, que a Mittal está sendo obrigada a vender por determinação da comissão européia.

Tranqüilidade

Sobre a responsabilidade de substituir seu pai, Jorge Gerdau Johannpeter, que comandou os negócios por 23 anos, André mostrou-se tranqüilo. "É um orgulho. É um desafio. Mas eu não estou substituindo o Jorge", afirmou. "O Jorge tem suas características, sua maneira, e o André tem a sua." Segundo ele, a fase vivida pela Gerdau é uma transição que vai além da figura do pai. "A gente centra muito no Jorge, mas é toda uma geração que está mudando e cada um tem seu estilo", afirmou. "Eu e o Cláudio [Gerdau Johannpeter, primo de André e novo diretor de Operações da empresa] tivemos o privilégio de aprender e conviver com os quatro irmãos. Sempre há o ônus de ser da família dentro da empresa, mas isso é parte da nossa vida."

Esta é a quinta sucessão no grupo ao longo de uma história de 105 anos. Conforme EXAME antecipou ontem, André foi nomeado o novo presidente da Gerdau, marcando uma nova etapa na evolução da governança corporativa da companhia. André é o filho mais moço de Jorge Gerdau. "Estou extremamente feliz neste momento", disse Jorge, visivelmente emocionado. O anúncio oficial foi feito hoje, em Porto Alegre, na presença dos irmão de Jorge - Frederico, Klaus e Germano.

Novo modelo

A grande novidade trazida pelo grupo nesse processo de sucessão foi a adoção de duas nomenclaturas para designar os principais executivos, conforme EXAME também já havia antecipado em outubro. No dia 2 de janeiro, André assumirá a função de diretor-presidente (CEO - Chief Executive Officer) no lugar de Jorge, que ocupa o cargo desde 1983. Simultaneamente, Claudio, primo de André, se tornará diretor geral de Operações (COO - Chief Operating Officer), cargo definido para a coordenação operacional dos negócios e a busca de sinergias entre as diversas operações. Desde 2002, André e Claudio atuam como vice-presidentes executivos. "Há mais de 50 anos, trabalho nesta empresa com meus irmãos, e temos certeza de que esses dois profissionais vão assegurar alegria aos acionistas", disse Jorge.

Embora no Brasil essa estrutura ainda seja pouco comum, a opção da Gerdau levou em conta a dimensão, a complexidade e os desafios do grupo, um dos agentes de consolidação da siderurgia mundial. Também considerou as melhores práticas de grandes empresas no mundo, a partir de estudos com o apoio de consultorias internacionais. "Nenhum dos dois têm mais ou menos competência. É apenas uma diferença de funções", afirmou Jorge. "No nosso negócio, com essa dimensão, é importante ter essa estrutura."

O empresário e seu irmão Frederico, além do executivo Carlos Petry, deixarão as atividades cotidianas, mas continuam no conselho em seus respectivos cargos, presidente e vice-presidentes. André presidirá o Comitê Executivo Gerdau (CEG), uma espécie de colegiado que administra o grupo, responsável pela proposição e implementação das estratégias aprovadas no conselho. Na nova posição, torna-se o principal representante do Grupo Gerdau frente aos diversos públicos e, nas responsabilidades de relacionamento e políticas institucionais, será apoiado pelo seu pai, presidente do conselho. "Eu construí uma rede de relacionamentos que precisa ser transferida para o André", declarou Jorge. "Portanto haverá um período transitório em que estarei junto com ele."

A partir de 2 de janeiro, quando deixa a cadeira de presidente do grupo, Jorge pretende mudar pouco sua rotina. "Eu tenho uma atuação externa à Gerdau muito forte e pretendo continuar com ela", diz. "Só que, hoje, eu trabalho das 7:30 da manhã até as 10 da noite. Agora vou tentar um horário comercial das 8:30 até as 8 da noite", diz. Além disso, a tarefa de presidente do conselho deve tomar muito seu tempo. Segundo Jorge, os conselhos de administração estão ganhando muita importância. "As decisões precisam ser cada vez mais rápidas e os executivos precisam do respaldo do conselho", diz ele. "Não me preocupa não ter o que fazer. Muito pelo contrário."

Cuidado na transição

O processo de sucessão iniciou em 2000. A decisão final, incluindo a opção por ter um CEO e um COO foi anunciada oficialmente a André e Claudio há três meses. Segundo informou hoje o agora ex-presidente, a decisão foi tomada de forma consensual entre os membros do conselho de administração. "Foram levadas em conta as características pessoais mais ajustadas para liderar globalmente o negócio", diz Jorge.

A conclusão da análise resultou que a gestão executiva do Grupo Gerdau deveria continuar com a família controladora, considerando a existência de profissionais capacitados para as funções designadas no novo modelo de governança corporativa. A empresa ressaltou também o fato de que a trajetória de 105 anos de gestão da família frente aos negócios vem sendo marcada por crescimento com rentabilidade, respeito e transparência junto aos diversos públicos internos e externos.

O processo de mudança da governança teve como um de seus marcos históricos o ano de 2002, quando foi criado o Comitê Executivo Gerdau (CEG), com o objetivo de ampliar a capacidade de gestão do grupo em vista do expressivo crescimento no cenário internacional. Ao longo desses anos, o CEG consolidou-se como um órgão executivo de decisão colegiada, que coordena e supervisiona as Operações de Negócios para viabilizar as estratégias e políticas definidas no Conselho de Administração.

Na mesma época, o Grupo Gerdau passou a contar com membros independentes em seu conselho de administração, órgão encarregado de estabelecer as estratégias da siderúrgica e de acompanhar a execução das políticas adotadas.

Experiência no exterior

André está há 25 anos no grupo e hoje lidera globalmente as áreas de marketing e vendas, metálicos, suprimentos, logística, gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional. Anteriormente, também na posição de vice-presidente, respondia pela operação na América do Norte (Gerdau Ameristeel) e pelo processo de tecnologia da informação. Exerceu também a função de Chief Operating Officer (COO) da Gerdau Ameristeel, abrangendo as atividades nos Estados Unidos e Canadá. Desde 2002 faz parte do conselho de administração da Gerdau Ameristeel.

Em 2001, exerceu a função de diretor de desenvolvimento de negócios no Brasil e, em 2002, foi COO para as atividades no Canadá, país onde já havia atuado entre 1992 e 1994 como assistente do presidente executivo e gerente de Recursos Humanos da Courtice Steel, atual Gerdau Ameristeel Cambridge.

Também exerceu diversas funções nas áreas de tecnologia da informação, vendas, recursos humanos e planejamento estratégico. É graduado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e complementou sua formação acadêmica com os cursos General Business Administration, na Universidade de Toronto (Canadá), Marketing, em Ashridge (Inglaterra) e Advanced Management Program na Wharton School - Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos).

Sobre Claudio Johannpeter

Como diretor geral de Operações (COO), Claudio Gerdau Johannpeter, 43 anos, exercerá a coordenação operacional dos diversos negócios - aços longos Brasil, Açominas, América do Norte, aços especiais e América do Sul. É formado em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e acumula 25 anos de experiência no Grupo Gerdau. Terá também responsabilidade direta sobre os processos funcionais de Marketing e Vendas, Industrial, Suprimentos Gerais, Suprimentos Metálicos, Logística, Engenharia, Meio Ambiente e Energia, Tecnologia de Gestão e Planejamento Operacional.

Na posição de vice-presidente executivo, respondeu pela operação de aços especiais e, atualmente, pela Açominas. Há quatro anos, também lidera globalmente os processos e investimentos industriais. Desde janeiro de 2006, é membro do conselho de administração da Corporación Sidenor na Espanha.

Até 2002, atuava como diretor-executivo das unidades industriais no Brasil. De 1997 a 2000, dirigiu a Gerdau Aços Especiais Piratini, liderando o processo de turnaround da usina que, a partir de então, passou a ter resultados positivos. Em 1996, atuou como gerente industrial da Gerdau Riograndense e, anteriormente, foi gerente de aciaria na Gerdau Courtice Steel, no Canadá e chefe na aciaria da Gerdau Cosigua no Rio de Janeiro.

Começou a trabalhar no Grupo como estagiário nas usinas, paralelamente às suas atividades acadêmicas. Depois de graduado, atuou em várias áreas de produção - aciaria, laminação, trefila, fábrica de pregos, pátio de sucata, engenharia e controle de qualidade. No exterior, realizou os cursos Operations Management na University of London (Canadá), Executive Development na Penn State (Estados Unidos) e de Advanced Management Program em Havard (Estados Unidos).

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