Esta empresa carioca fará R$ 100 milhões servindo (uma boa) comida de hospital
Empresa atende nove hospitais, servindo cerca de 500.000 refeições por mês
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de novembro de 2024 às 08h52.
No imaginário popular, comida de hospital tem fama de ser sem gosto, sem tempero e nada apetecível. Chega até a ser ofensa, quando alguém decide falar que a comida "está igual a de hospital".
Mas o Ateliê SGC, empresa carioca especializada em alimentação hospitalar, vem mudando esse estigma."É possível oferecer uma comida saborosa e que atenda às restrições nutricionais dos pacientes", diz Thiago Benoliel, fundador da rede.
Foi com esse pensamento que o Ateliê SGC, criado em 2012, está prestes a faturar 100 milhões de reais em 2024. A empresa atende nove hospitais, servindo cerca de 500.000 refeições por mês, e conta com uma equipe de mais de 800 funcionários.
E a ideia é crescer ainda mais. Para 2025, a empresa pretende expandir suas operações para o mercado de indústrias e escolas, além de continuar investindo na hospitalidade hospitalar — o conceito que une gastronomia de qualidade com um atendimento digno de hotel cinco estrelas.
Qual é a história do Ateliê SGC
A história do Ateliê SGC começa com Thiago Benoliel, que cresceu em uma família que respira gastronomia.
Sua mãe, Monique Benoliel, é uma das banqueteiras mais renomadas do Rio de Janeiro, e eventos grandiosos, como casamentos e festas luxuosas, eram o cenário natural de Thiago desde cedo.
"Aprendi muito com ela, mas quis seguir meu caminho", diz.
Depois de experiências no mundo corporativo, em áreas que iam de moda a telecomunicações, Thiago decidiu aplicar o que sabia de gastronomia para atender empresas e instituições. A grande oportunidade veio em 2012, quando abriu um restaurante no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. "Ficamos lá por quase 10 anos. Foi o laboratório perfeito para aprender sobre alimentação corporativa", afirma.
Em 2015, o Ateliê SGC entrou no segmento hospitalar, servindo refeições para médicos e acompanhantes na Rede D'Or . Mas o foco permaneceu distante dos pacientes até 2020, quando a pandemia da covid-19 transformou o modelo de negócios da empresa.
"Eu sempre resisti à ideia de fazer comida de paciente", diz. "Achava que seria arriscado, pelo nível de exigência e complexidade. Mas a pandemia mudou tudo".
A virada começou com o convite para operar a alimentação no hospital de campanha do Leblon, gerido pela Rede D’Or.
"Foi uma operação de guerra", diz Thiago. "Durante cinco meses, o Ateliê SGC serviu 2.000 refeições por dia, transportadas em seis turnos ao longo de cada jornada. Cozinhávamos na nossa central e organizamos tudo com contêineres refrigerados, descartáveis, equipes separadas e uma logística milimetricamente planejada. Era como gerenciar um grande evento todos os dias."
O esforço valeu a pena. A taxa de aprovação do serviço chegou a 97%, medida por pesquisas realizadas com pacientes e equipes médicas.
"Foi quando eu percebi que estávamos prontos para abraçar o desafio de atender também os pacientes nos hospitais", diz. "Essa operação me deu coragem para dar esse próximo passo".
A experiência no hospital de campanha também deixou lições valiosas para o futuro da empresa. "Aprendi que parcerias sólidas são fundamentais. Tudo isso só foi possível porque trabalhamos junto com os fornecedores e o cliente, como um time. Não acredito em sucesso isolado".
Com a demanda crescente e o sucesso do modelo testado na pandemia, o Ateliê SGC entrou de vez no mercado de refeições hospitalares completas, incluindo pacientes. "Foi a oportunidade de transformar uma crise em um momento de reinvenção e crescimento".
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O que o Ateliê SGC faz hoje
Hoje, o Ateliê SGC opera em nove hospitais, atendendo diferentes públicos dentro das unidades. Além dos pacientes, a empresa serve refeições para médicos, acompanhantes, diretores e colaboradores. "A gente não vende comida, vende experiência", diz Thiago.
Esse diferencial é impulsionado por uma equipe que inclui profissionais com passagens pelo Copacabana Palace e pelo Country Club do Rio de Janeiro. "Nosso DNA é de hotelaria. Trazemos o padrão de luxo para o ambiente hospitalar, respeitando, claro, as exigências clínicas de cada dieta", afirma.
No hospital, o cardápio pode incluir desde refeições simples, como arroz e feijão, até pratos mais elaborados, sempre feitos com atenção aos detalhes. "Dá para fazer o simples bem feito", diz Thiago. O Ateliê também implementa ações especiais, como criar versões personalizadas de lanches famosos para crianças internadas, um gesto que, segundo ele, faz toda a diferença na recuperação dos pacientes.
Quais são os planos futuros
Para 2025, o Ateliê SGC planeja expandir suas operações para São Paulo e outros estados, mirando grandes indústrias e escolas.
"Aprendemos na melhor escola possível: o hospital", diz Thiago. Ele explica que o rigor exigido no ambiente hospitalar torna a entrada em outros mercados mais simples.
A estratégia de expansão inclui consolidar as operações atuais antes de abraçar novos desafios. "Decidimos segurar as inaugurações em 2024 para amadurecer nossos processos e lideranças", afirma o fundador.
Com um faturamento projetado de mais de R$ 100 milhões e um modelo de negócios que une qualidade, eficiência e hospitalidade, o Ateliê SGC mostra que até a comida de hospital pode surpreender — no melhor dos sentidos.