Especialistas em liderança comentam a trajetória de Jack Welch
Confira os depoimentos a EXAME de alguns dos mais importantes especialistas americanos em liderança a respeito do ex-presidente da GE
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h26.
Leia abaixo a opinião de especialistas americanos em liderança sobre o novo livro de Jack Welch.
"No livro que escrevi, comparo Jack Welch com Alfred Sloan. No século 20, as pessoas costumavam dizer que Sloan, que liderou a General Motors, seria relembrado como o guru da administração moderna. Mas já em 1994, eu dizia que Welch seria escolhido como o gerente do século, e a revista Fortune chegou à mesma conclusão sete anos depois.
Creio que Welch será lembrado como o líder cujo o foco foi desenvolver outros líderes essa foi a prioridade número um de sua gestão. A GE tem uma história sem paralelo no mundo nos negócios em desenvolver líderes. Calculo que existam hoje cerca de trinta CEOs em outras grandes empresas, líderes que foram desenvolvidos na GE sob a liderança de Welch, como Bob Nardelli, à frente da Home Depot, e Jim McNerney, na 3M.
Eu me lembro que, quando passei um bom tempo em Crotonville na década de 80, toda semana Welch aparecia por lá, ensinando e dizendo que ele esperava que os seus líderes também ensinassem aos outros. Então, além dos 6 000 que a cada ano iam a Crotonville, todos os 300 000 funcionários da GE estavam envolvidos na aceleração das mudanças promovidas pela empresa. Isso é completamente inédito na história do mundo dos negócios.
E agora no século 21, com a globalização e uma economia baseada do conhecimento, os funcionários sabem que eles só podem progredir se souberem tanto aprender quanto ensinar. Tenho certeza de que Welch vai passar para a história como aquele que estabeleceu esse parâmetro. Agora, todas as companhias tentam copiá-lo.
Carisma nada mais é do que alguém dotado de uma autoconfiança extraordinária, capaz de dizer aos demais o que está certo e o que está errado. Welch tem um carisma inato, apesar de ter começado na vida como um garoto pobre, filho de um maquinista de trem. Quando me perguntam se líderes nascem prontos ou podem ser formados, respondo que essa é uma questão óbvia: com trabalho intenso e muito treinamento e conselho, grande parte das pessoas podem atingir bons resultados, sejam líderes empresariais ou atletas. Mas apenas 1% deles, ou menos, chegarão às Olimpíadas ou se tornarão um Jack Welch."
"Acredito que Welch e Alfred Sloan, que comandou a GM, são os dois maiores e mais influentes líderes corporativos da América do século 21. Welch criou uma das mais bem-sucedidas e poderosas empresas do mundo. Durante os vinte anos em que ele comandou a GE, a empresa teve resultados impressionantes.
E ele foi capaz de criar um modelo de como uma empresa global poderia funcionar. Seu estilo de gestão é o mais progressivo da América. Imagine uma empresa que se transforma no exemplo, no modelo que outras empresas podem copiar cuidadosamente! E Welch também criou uma incubadora de ótimos executivos dentro da GE. Além de ser inovador, com programas como Six Sigma, ele proporcionou uma inacreditável educação executiva na GE. Não consigo me lembrar de mais ninguém que tenha deixado sua empresa numa posição de tanto sucesso.
E por último, ele é um dos poucos líderes que melhoraram e ousaram continuar mudando num momento em que a GE já obtinha resultados positivos e portanto sem nenhuma necessidade premente de mudança. E continuar mudando é extremamente raro para uma empresa que já é bem-sucedida. Sob o comando de Welch, a GE continuou mudando e melhorando ainda mais.
O legado de Jack Welch, estou certo, continuará de muitas maneiras, como os seus livros e também, sobretudo, casos-estudos da GE serão, que serão pesquisados e ensinados em escolas de administração pelo menos pelos próximos cinquenta anos."
"Jack Welch diz que é besteira ter medo de mudar. Para ele, mudar é excitante, desafiador e imaginativo. Se você tem certeza de que está certo, não fique sentado esperando: você pode mudar as coisas e reivindicar mudança para o seu chefe.
Enquanto ele estudava a empresa, uma coisa ficou bastante clara: o tipo de mudança que a GE precisava não era paliativa. Para tornar a General Electric de fato competitiva, ele teria que submetê-la a mudanças dramáticas e muito mais abrangentes do que qualquer empresa americana já havia passado. E nada o intimidava, nem mesmo a gritaria e os choramingos dos executivos juniores da GE, que argumentavam que a empresa estava em boa forma. Ele estava convencido de que estava certo e isso era o bastante.
Ninguém tinha tentado fazer essa mudança monumental antes. Ninguém tinha se atrevido. As mudanças pioneiras de Jack Welch no começo dos anos 80 eram tão novas que nem tinham um nome. Hoje chamamos isso de reestruturação."