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Enfim, móveis para a geração Y

Constance Gustke © 2016 New York Times News Service Em uma conversa durante um jantar, Edgar Blazona ouviu muitas reclamações sobre as dificuldades de se comprar peças de mobiliário. Prazos de entrega longos. Falta de opções. Então, em meados de 2015, ele abriu uma empresa de móveis, a BenchMade Modern, para fazer sofás personalizados sob […]

EDGAR BLAZONA, DA BENCHMADE: ele liga pessoalmente para os clientes / Alanna Hale/The New York Times
DR

Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 12h12.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h45.

Constance Gustke
© 2016 New York Times News Service

Em uma conversa durante um jantar, Edgar Blazona ouviu muitas reclamações sobre as dificuldades de se comprar peças de mobiliário. Prazos de entrega longos. Falta de opções.

Então, em meados de 2015, ele abriu uma empresa de móveis, a BenchMade Modern, para fazer sofás personalizados sob demanda.

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O comprimento dos sofás pode ser definido pelo cliente com aumentos de 2,5 centímetros. A empresa também oferece dezenas de cores, amostras de tecidos e impressões em papel em tamanho natural dos sofás, para que os consumidores vejam como a peça vai ficar em suas casas.

A fábrica da BenchMade Modern em Los Angeles acompanha o processo de construção, dá aos clientes atualizações on-line ao vivo e oferece entrega gratuita. O prazo normal de produção é de sete dias.

“Queria acabar com as frustrações dos clientes”, conta Blazona, que foi designer da Pottery Barn e cuja empresa hoje tem 16 funcionários. “Com vendedores de móveis grandes, você pode comprar sofás em poucos tamanhos e cores, e eles só entregam em duas ou quatro semanas.”

À medida que varejistas como a Ikea e a Crate & Barrel perdem seu brilho entre os compradores, uma série de startups de móveis como a BenchMade Modern veem uma oportunidade. Elas estão cortejando clientes, cada vez mais pessoas da geração Y, que querem móveis únicos e duráveis. E as entregas mais rápidas vêm se tornando muito mais importantes já que os vendedores on-line oferecem prazos cada vez menores para todos os tipos de produtos.

A BenchMade Modern, de San Francisco, já está atingindo o equilíbrio financeiro, conta Blazona. Para manter os custos baixos, ele usa um modelo híbrido de loja, em que os móveis são vendidos on-line e em um showroom no bairro de Mission. Para agilizar o processo, os pedidos são mandados diretamente para a fábrica.

A tecnologia está tornando as coisas mais fáceis, e baratas, na hora de oferecer produtos personalizados.

Jason Hancock se encaixa no perfil de consumidor que essas startups estão tentando atrair. Hancock estava à procura de dois sofás que coubessem na casa nova que ele e a mulher estão montando em San Francisco. Ele diz que primeiro pesquisou nas ofertas do West Elm e do Room & Board.

Então, Hancock, gerente de contas de publicidade, ouviu falar sobre a BenchMade Modern. E decidiu comprar os sofás da empresa por causa dos tamanhos customizados, que poderiam caber melhor no seu espaço comprido. O prazo de entrega curto e os preços comparáveis também serviram de estímulo para a compra.

“Prefiro comprar de uma companhia pequena porque você se sente parte do processo”, conta Hancock. Ele afirma que ficou impressionado com o fato de Blazona ligar pessoalmente para confirmar o pedido.

Leura Fine, fundadora e executiva chefe do site de design de interiores on-line Laurel & Wolf, diz que os integrantes da geração Y são criativos e querem que sua casa seja especial, o que aumenta o interesse nessas marcas menores. Seu site apresenta mais de 800 designers que trabalham com clientes on-line por uma taxa fixa.

“Os dias em que entrávamos na Pottery Barn e comprávamos um quarto inteiro” se foram, afirma Leura. “Há também um apetite enorme por customização.”

As menores barreiras de entrada são outro fator que leva à proliferação dos negócios de móveis de design. John Humphrey começou a Greycork em Rhode Island em 2013 com a missão de oferecer móveis bem desenhados feitos de madeira de alta qualidade como bétula báltica, da Escandinávia, e freixo russo e americano. Quatro designers da Greycork se formaram na Escola de Design de Rhode Island. Os móveis podem ser montados pelos clientes em minutos. A empresa também oferece entrega e avaliação por 60 dias gratuitos.

Humphrey, que era analista de uma firma de capital de risco, espera que a receita da Greycork alcance US$ 1 milhão este ano. Seu objetivo é crescer rapidamente, como a Warby Parker, oferecendo peças a preços acessíveis. Ele vende uma mesa de centro por US$ 185.

Sua campanha de financiamento on-line, via Indiegogo, queria levantar US$50 mil e acabou com mais de US$270 mil. Desde então, conseguiu mais dois milhões de dólares de empresas de capital de risco e investidores anjos.

A empresa, diz ele, está focada principalmente em atrair os integrantes da geração Y, um mercado consumidor crescente de pessoas entre 18 e 34 anos. “A oportunidade é muito grande”, afirma. “Estamos criando uma marca que fala com o pessoal dessa geração.”

A geração Y se tornou o maior grupo comprador de móveis nos Estados Unidos em 2014, segundo pesquisa da Fung Business Intelligence. Seu gasto com mobiliário aumentou 142 por cento de 2012 a 2014.

Mas apesar de as startups terem oportunidades no mercado, estão precisando encarar questões de produção. A longa cadeia de fornecedores da Greycork, conta Humphrey, é difícil de gerenciar porque a madeira vem da Rússia e o tecido é importado da China para peças montadas no sudeste dos Estados Unidos. “Estamos trabalhando em uma curva de aprendizado”, afirma.

Algumas startups de móveis estão de olho no típico cliente da Ikea. Brad Sewell, que foi engenheiro da Apple, começou a Campaign Living no ano passado. Está recebendo pedidos prévios e pretende oferecer móveis com linhas simples e entrega entre três e cinco dias. Os móveis acessíveis podem ser montados em poucos minutos sem ferramentas e facilmente recolocados em duas caixas. Uma poltrona, por exemplo, custa US$495.

A Campaign Living, que tem três funcionários, levantou mais de US$1 milhão em capital inicial, conta Sewell, cuja empresa fica em Emeryville, na Califórnia. “Todo mundo precisa de um lugar para sentar. Então há muito espaço para todos nós existirmos.”

Suas ofertas não se encaixam na categoria “móveis descartáveis” aos quais muitos jovens estão acostumados. Ele passou um ano criando os protótipos. E diz que testou moldes de móveis usando cilindros hidráulicos em Detroit que simulavam a carga de uma pessoa de 113 quilos.

As estruturas dos móveis são feitas de aço cortado a laser. As pernas são criadas a partir de madeiras sustentáveis do Meio Oeste. O aglomerado é proibido. Ele diz que espera que seus móveis possam ser passados de geração a geração.

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