Energisa viu riscos na Cepisa e avalia outras distribuidoras da Eletrobras
Leilão foi vencido pela Equatorial, única a apresentar proposta, embora analistas apontassem que certame poderia atrair também Energisa, Enel e Neoenergia
Reuters
Publicado em 26 de julho de 2018 às 17h24.
São Paulo - A Energisa , que controla nove distribuidoras de energia no Brasil, viu riscos no modelo de privatização da Cepisa, distribuidora da Eletrobras no Piauí vendida nesta quinta-feira, mas segue interessada em outras subsidiárias de distribuição que a estatal federal pretende vender, disse a empresa em nota.
O leilão da Cepisa foi vencido pela Equatorial Energia, única a apresentar proposta pela empresa, embora analistas do Itaú BBA apontassem na véspera que o certame poderia atrair também a Energisa, a italiana Enel e a Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola.
Mas a Energisa afirmou em nota que a Cepisa possui um desequilíbrio financeiro "que exigirá elevados aportes de capital", muitos passivos financeiros e judiciais e índices regulatórios distantes de metas definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que reduziu seu interesse.
Para a empresa, os riscos associados a essas condições não foram tratadas de forma equilibrada para garantir a sustentabilidade da aquisição.
"O grupo... tem como premissa a alocação prudente de capital, buscando geração de valor para acionistas e sustentabilidade do negócio no longo prazo", escreveu a Energisa.
A elétrica, no entanto, disse que "tem estudado profundamente" os ativos de distribuição da Eletrobras e que "analisa cada oportunidade de forma individualizada", continuando a avaliar as empresas que operam no Acre, Alagoas, Amazonas, Roraima e Rondônia.
As análises têm sido conduzidas por uma equipe de cerca de 120 pessoas na Energisa, incluindo consultores contratados, adicionou uma fonte do mercado, que falou sob a condição de anonimato.
Especialistas dizem, no entanto, que a venda das distribuidoras da Eletrobras na região Norte está associada à aprovação de um projeto de lei em tramitação no Senado, que soluciona passivos dessas empresas junto a fundos do setor elétrico.
A Energisa destacou, em nota, que "aguarda com expectativa a resolução das restrições que impedem a alienação das demais empresas designadas da Eletrobras, tais como a aprovação definitiva do projeto de lei no Senado Federal e impedimentos judiciais, como liminares."
Em meio a uma busca por expansão, a Energisa chegou a apresentar em abril uma proposta pela aquisição da Eletropaulo , maior distribuidora do Brasil em faturamento, mas posteriormente a elétrica recebeu mais ofertas e acabou comprada pela italiana Enel.