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Em operação truncada, Interbrew compra a Ambev

Depois de cinco meses de negociação, a complexa troca de ações e ativos entre a Ambev e a Interbrew resultou na compra da companhia brasileira. Anunciado nesta quarta-feira (3/3) em conferências em Bruxelas e em São Paulo, o acordo tornou o grupo belga acionista majoritário da cervejaria brasileira, com 71% do capital votante e 51,6% […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Depois de cinco meses de negociação, a complexa troca de ações e ativos entre a Ambev e a Interbrew resultou na compra da companhia brasileira. Anunciado nesta quarta-feira (3/3) em conferências em Bruxelas e em São Paulo, o acordo tornou o grupo belga acionista majoritário da cervejaria brasileira, com 71% do capital votante e 51,6% do capital total. Apesar de majoritária, a Interbrew concordou em manter a gestão compartilhada da Ambev até 2019, prazo que poderá ser renovado. A operação não cria nenhuma nova empresa: tanto Ambev quanto Interbrew continuam operando independentemente.

O controladores da Ambev saíram da sociedade ao venderem para a Interbrew a Braco S/A, empresa que detinha 52,8% do capital votante da cervejaria brasileira. Em troca, os donos da Braco receberam 24,64% do capital da Interbrew e o direito de participar das decisões do grupo europeu com 50% dos votos do conselho de administração. Isso significa que, a fatia brasileira das ações da cervejaria belga não está nas mãos da Ambev, mas sim de seus ex-controladores.

Em troca do repasse do capital para os belgas, a Ambev recebeu ativos do grupo Interbrew: a cervejaria canadense Labatt, participações na Femsa Cerveza S/A, do México, e na Labatt USA, nos Estados Unidos.

O presidente da Interbrew, John Brock, e os executivos da Ambev negam que a empresa belga esteja comprando a brasileira com a operação. Dizem que trata-se de uma "aliança estratégica global" a partir da troca de ações e ativos entre as duas companhias. "O que vale não é a parte patrimonial mas o acordo de acionistas para a gestão da empresa", afirmou o co-presidente do Conselho de Administração da Ambev, Victorio de Marchi.

Segundo o diretor-geral da Ambev, Carlos Brito, uma das principais vantagens do acordo com a Interbrew está na incorporação da Labatt, que possui 43% de participação do mercado de cervejas do Canadá e ocupa o segundo lugar no segmento de cervejas importadas dos Estados Unidos. "Com a Labatt, conseguimos entrar em uma mercado poderoso que é a América do Norte", disse Brito. Além disso, as duas corporações terão ganhos avaliados em 350 milhões de dólares por ano a partir das sinergias que conseguirão criar juntas - como gestão de custos e desenvolvimento de marcas.

Como a Interbrew é obrigada pela legislação brasileira a realizar uma oferta pública de compra de ações ordinárias a 80% do preço que pagou (nesse caso pagou com ações e ativos do grupo Interbrew), muitos investidores acreditaram ser um bom negócio comprar a ação ON da Ambev na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em razão disso, o preço do papel na Bovespa subiu cerca de 8% somente nesta quarta-feira, vendido por 94 centavos de real. Estima-se que a empresa belga tenha avaliado o preço da ação em 1,5 real. Caso todos os donos de ações ordinárias concordem em vender os papéis para a Interbrew, a empresa passará a ter 87% do capital votante e 57,4% do capital total da Ambev.

Unidas pela aliança global, a Ambev e a Interbrew serão responsáveis por 15% de toda a produção global de cerveja, tornando-se o grupo número 1 no ranking dos maiores produtores mundiais. Em termos de faturamento, a Anheuser-Bush, fabricante da Budweiser, mantém-se em primeiro lugar.

Pelo acordo, a Ambev lançará a Brahma como uma marca global, junto com a belga Stella Artois e a alemã Becks do grupo Interbrew. Os executivos da cervejaria brasileira não anunciaram quando, onde e em que volumes a Brahma passaria a ser vendida. Segundo afirmaram, os planos ainda estão sendo desenvolvidos. A administração da aliança entre as duas empresas ficará geograficamente dividida: a Ambev cuidará da operação nas Américas, mantendo a sede em São Paulo, e a Interbrew administrará a Ásia e a Europa de sua sede na Bélgica.

O acordo ainda precisa ser aprovado no Brasil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e também nos Estados e na Europa, onde as empresas têm as suas ações negociadas.

Aliança Interbrew + Ambev
  • produção de 19,2 bilhões de litros
  • receita de 10,65 bilhões de dólares;
  • Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, amortizações e
    depreciação) de 2,7 bilhões;
  • operação em 32 países, sendo líder ou vice-líder de mercado em 22 desses
    países;
  • ganhos de 350 milhões de dólares em sinergia das duas empresas
  • Obs.: os indicadores das duas empresas foram somados e referem-se
    a 2003
    Fonte: Ambev
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