Ele era vendedor ambulante. Hoje, é dono de construtora e faz R$ 1,5 bilhão no setor imobiliário
Empresa é especializada em galpões logísticos, obras industriais e projetos no setor de petróleo e gás
Repórter de Negócios
Publicado em 18 de novembro de 2024 às 15h54.
Nem toda história de sucesso começa em um escritório. No caso do capixaba Mateus Oliveira, a trajetória para o topo do mercado de construção civil começou na porta de baladas, onde ele ajudava a mãe a vender churrasquinho e bebidas para complementar a renda da família. Hoje, aos 30 anos, Mateus é fundador e CEO da Private Construtora, uma empresa na construção civil faturou 800 milhões de reais no último ano e deve bater 1,5 bilhão de reais neste ano.
“A gente nunca passou fome, mas minha mãe fazia de tudo para sustentar a casa. E isso me ensinou o valor do trabalho duro”, diz Mateus.
Foi com essa lição que ele fundou a Private Construtora há quase 10 anos. A empresa é especializada em galpões logísticos, obras industriais e projetos no setor de petróleo e gás. Hoje, a Private está presente em mais de 50 canteiros de obras e planeja crescer ainda mais. A meta é dobrar de tamanho ano que vem.
Como a história começou
Mateus Oliveira cresceu em Vitória, no Espírito Santo, em uma casa humilde. Seu pai saiu de casa quando ele tinha apenas três anos. Sua mãe, agente comunitária de saúde e costureira, acumulava trabalhos para sustentar Mateus e sua irmã.
“Minha mãe trabalhava o dia inteiro e, à noite, vendia churrasquinho e bebidas na porta de baladas e eventos”, afirma Mateus.
Desde criança, ele ajudava a mãe no trabalho. “Catava latinhas para complementar a renda e carregava caminhões para ganhar um trocado. Minha mãe sempre foi muito boa em vendas, e isso me inspirou desde cedo”, diz.
Aos 17 anos, Mateus conseguiu seu primeiro emprego fixo em uma fábrica da Fortlev, em Vitória. A empresa é uma das maiores fabricantes de caixas d'água do país.
“Eu ia todos os dias até a empresa e via os gerentes almoçando. Um dia, abordei um deles na rua, pedi uma oportunidade e consegui", diz. "Na entrevista, falei que daria meu melhor. Eu não era o mais qualificado, mas compensaria com esforço”.
Na Fortlev, Mateus se destacou rapidamente. Assumiu um projeto de carteiras escolares feitas de polietileno, um tipo de plástico que estava parado, e conseguiu reverter a situação. “Em seis meses, eu criei um plano de vendas e fechei contratos com prefeituras", diz. "Vendemos 7 milhões de reais em carteiras e pagamos todo o investimento”.
A experiência o aproximou dos donos da empresa, que se tornaram mentores informais. “Eles me ensinaram muito sobre negócios e gestão. Mas, com 20 anos, decidi que era hora de empreender. Montei um plano de negócios e fui honesto com eles: queria começar algo meu.”
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O que a Private faz hoje
Fundada em 2014, a Private Construtora começou com pequenos projetos de reforma em apartamentos. O salto veio quando Mateus passou a atender obras industriais e logísticas.
Hoje, a Private é dividida em cinco unidades de negócios:
- Galpões logísticos (carro-chefe da empresa);
- Obras corporativas, como supermercados e escolas;
- Projetos industriais;
- Licitações públicas;
- Obras de infraestrutura para o setor de petróleo e gás.
Com mais de 50 canteiros de obras em operação, a empresa atende clientes como fundos de investimento e empresas do setor de energia.
Só em 2024, a Private projeta faturar R$ 1,5 bilhão, impulsionada pela demanda crescente do e-commerce e da logística. E o Espírito Santo é um hub de logística importante para empresas, por estar, ao mesmo tempo, no Sudeste e mais próximo do Nordeste brasileiro. Com a demanda em alta, a Private faz mais galpões, e fatura mais.
Sustentabilidade também é um pilar da empresa. “Investimos em tecnologias que reduzem emissões de carbono e otimizam o uso de recursos. Queremos crescer sem deixar de lado nosso compromisso com o meio ambiente”, diz Mateus.
Quais são as dificuldades do setor
A construção civil é um setor conhecido por seus altos e baixos. Mateus Oliveira, que começou sua trajetória no mercado há quase uma década, aprendeu cedo a importância de resiliência e boa gestão para enfrentar as dificuldades.
"A construção civil é cíclica. Temos momentos de grande expansão e outros de retração", diz. Para sobreviver, é preciso ter governança e eficiência em todas as etapas do negócio".
Outro obstáculo enfrentado por Mateus foi a entrada em novos mercados, especialmente no início da atuação em obras industriais. “Foi desafiador. Eu não tinha experiência nesse segmento, mas sempre fui muito transparente com os clientes. Isso nos deu credibilidade e me obrigou a aprender rapidamente", afirma. "Hoje, entregamos projetos industriais com um padrão que nem imaginávamos no início.”
Além disso, gerenciar pessoas em um setor tão exigente foi outra curva de aprendizado. Com mais de 1.700 funcionários diretos, Mateus destaca a necessidade de engajamento para manter a qualidade.
“A produtividade de um time não depende só de ferramentas. Um ambiente de trabalho acolhedor impacta diretamente os resultados", diz. "É por isso que investimos tanto no bem-estar da equipe, como oferecendo café da manhã nos canteiros de obras. Pequenas atitudes fazem uma diferença enorme”.
Os planos para o futuro
A meta de Mateus é levar a Private para novos mercados e dobrar o faturamento até 2025. “Queremos expandir nossa atuação em São Paulo e em outras regiões onde a demanda por galpões logísticos e projetos industriais é alta”, afirma.
Além disso, Mateus tem planos de investir em formação de mão de obra.
“Estamos desenhando um projeto para capacitar profissionais da construção civil. É uma forma de devolver à sociedade o que aprendemos e ajudar outras pessoas a transformarem suas vidas”, diz.
Com o foco na expansão e um modelo de negócios ajustado às demandas do mercado, Mateus acredita que a Private ainda tem muito espaço para crescer.
“Meu objetivo não é ser a maior empresa do setor, mas entregar o melhor trabalho possível. É isso que vai nos levar para onde queremos estar.”