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É preciso competir com os melhores do mundo

Empresas emergentes só terão sucesso se pensarem e agirem globalmente, se preparando para concorrer com grandes empresas em qualquer lugar

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Para o economista Antoine Van Agtmael, holandês naturalizado americano, empresas como as brasileiras Embraer, Aracruz e Natura estão no caminho de se tornarem marcas globais. Mas o sucesso das empresas oriundas de países emergentes dependerá de sua capacidade de competir globalmente. Leia, a seguir, a íntegra da entrevista publicada por EXAME:

EXAME Quem deve prestar mais atenção às grandes empresas emergentes?
ANTOINE VAN ATGMAEL Virtualmente todo mundo. Começando pelos executivos de empresas de países desenvolvidos. Eles enfrentarão não apenas a competição dessas empresas, que hoje já são muito boas e grandes, mas também serão cada vez mais vistas como potenciais parceiras de negócios. Tais empresas estão operando numa parte do mundo que costumava ser periférica para o resto da economia global, mas agora está começando a ocupar um lugar central nela. E eu não estou falando apenas da China e da Índia, mas também do Brasil, Rússia e grandes mercados emergentes que, juntos, estão tornando-se mais importantes. Essas empresas podem se transformar em grandes empregadores para, por exemplo, estudantes de MBA. A Cemex é, hoje, a maior empresa produtora de cimento nos Estados Unidos. A Hyundai agora tem plantas nos Estados Unidos e em Roma, além do Japão. Os investidores devem estar mais atentos. Aliás, os investidores de países desenvolvidos já controlam cerca de metade do capital dessas empresas. E eles não podem se dar ao luxo de se comportar como os aristocratas do século XIX, que viram a Revolução Industrial acontecer, mas desprezavam esses empreendedores. Eles devem reconhecer que as empresas emergentes significarão ao mesmo tempo uma ameaça e novas oportunidades para eles.

EXAME Como o senhor define uma empresa emergente de primeira linha?
ATGMAEL Para começar, elas têm uma verdadeira escala global. Elas exportam para todo o mundo e, em muitos casos, elas também produzem em várias partes do mundo. Em segundo lugar, tanto em termos tecnológicos quanto de administração, e de benchmarking, elas não são empresas de segunda linha. Elas estão aptas a competir com qualquer um no mundo. Elas estão entre as empresas com os mais baixos custos de produção do mundo. Além disso, elas têm presença garantida em temos de market share entre as cinco maiores empresas globais de seu setor. Finalmente, essas empresas também pensam de uma maneira global.

EXAME Por que o senhor diz que é a "massa cinzenta barata" e não a mão-de-obra barata o principal fator a impulsionar essas empresas?
ATGMAEL Acredito que a mão-de-obra barata tem um papel importante em certos mercados, de têxteis a software. Mas não é apenas a mão-de-obra barata que torna essas empresas instituições de primeira linha. Em muitos casos, não é a mão-de-obra barata que faz a diferença. A Embraer não tem mão-de-obra barata no chão de fábrica. Eles têm "massa cinzenta barata," engenheiros altamente capacitados que custam muito pouco à empresa se comparado com seus colegas de países desenvolvidos e que são capazes de reverter o processo de outsourcing de cabeça para baixo. Eles estão comandando o processo. E eles são integradores construindo aviões. Hoje a Embraer tem fornecedores nos Estados Unidos, Japão e Rússia. O mesmo vale para a Aracruz. Eles têm fábricas de papel tão eficientes quanto as finlandesas e são altamente mecanizadas. Mão-de-obra é uma parte importante do sucesso deles, mas aquilo em que as pessoas ainda não querem acreditar é que são outros fatores que realmente contam para tornar tais empresas líderes globais. Além disso, essas empresas são administradas por gerentes que estão entre os melhores do mundo. A Embraer vem sobrevivendo num mercado extremamente competitivo, em que companhias como a Focker acabaram falindo. E agora a Embraer está batendo pesado na Bombardier, do Canadá, simplesmente porque eles estão fazendo melhores produtos. Não é que eles estejam apenas produzindo aviões mais baratos. A mensagem básica é de que elas são empresas de primeira linha porque elas são melhores e mais rápidas.

EXAME Qual sua avaliação sobre a disputa entre a Embraer e a Bombardier?
ATGMAEL As pessoas costumam usar várias desculpas para explicar o sucesso da Embraer, como a de que ela tomou dinheiro do BNDES. Mas é preciso lembrar que a indústria de aviação americana só chegou onde está porque conseguiu enormes contratos da NASA, etc. Portanto, receber subsídios oficiais não é uma coisa única do Brasil. Isso acontece aqui, no Canadá, Europa, em todo lugar. Para mim, o sucesso da Embraer resulta da combinação de inteligência e sorte. A uma certa altura, no mercado americano, as pessoas passaram a não querer várias escalas para chegar ao seu destino final. Elas querem voar ponto a ponto, rápido e sem escalas. A Embraer enxergou esse nicho de mercado, começando a produzir aviões no tamanho exato pedido pelo mercado. E por causa dessa combinação que lhes garante projetar aviões do zero, com engenheiros que custam pouco, mas são extremamente capacitados, eles são capazes de produzir aviões que são melhores do que os da concorrência.

EXAME Por que quase todas as empresas brasileiras de primeira linha são ex-estatais, à exceção da Aracruz?
ATGMAEL Durante os governos militares, e num mundo protecionista e voltado para o mercado interno, aconteciam três coisas: a primeira é que o protecionismo torna as pessoas preguiçosas. O número dois é que a propriedade estatal empurra os empresários para fora do mercado. E o número três é que o Brasil fez algumas coisas por conta própria. Por exemplo, tentar criar sua própria indústria de aviação. Pode ser que isso fosse uma idéia tola naquela época, porque eles jamais conseguiram tornar-se uma empresa de primeira linha. Mas ao final, ela forneceu as sementes para a Embraer que nós conhecemos hoje. Portanto, não é que não existam empreendedores no Brasil. Esse é um país que fez tudo errado em vários sentidos, mas as crises sofridas pelo país tornaram seus empreendedores e gerentes bastante adaptáveis. E isso criou uma nova linhagem de gerentes que agora está começando a ter um papel chave. Falo de gente como Roger Agnelli, da Companhia Vale do Rio Doce, um ex-executivo de um banco de investimentos que se tornou um minerador. Ou o norueguês de nascimento Erling Lorentzen, que iniciou a Aracruz. Esse também é o caso do Maurício Botelho, da Embraer, que iniciou sua carreira na selva amazônica. Portanto o empreendedorismo tem avançado no país, depois de uma dura luta. Entre as 25 empresas de países emergentes que estarão na minha lista, existem entre três ou quatro que são brasileiras. As três que são verdadeiramente de primeira linha no Brasil são Vale, Embraer e Aracruz. Petrobras é, de uma certa forma, de primeira linha. Ela ainda não se libertou completamente dos braços do Estado. Os seus altos executivos são nomeados pelo governo. Eles são líderes em perfuração em águas profundas, o que poucas empresas sabem fazer. Mas ela não é uma empresa de primeira classe em tudo o que faz. É certamente a melhor companhia petrolífera de um país emergente.

EXAME Existem empresas emergentes que já se tornaram marcas mundiais?
ATGMAEL Existe apenas um punhado de empresas que construíram sua marca. Temos as coreanas Samsung e Hyundai, e a vinícola chilena Concha y Toro. Também temos a cervejaria Modelo, com a cerveja Corona. No México e na América Latina, a Cemex está em vias de se tornar uma verdadeira marca de cimento. A Embraer não é muito conhecida, mas também está em vias de se tornar uma marca. Já a Aracruz transformou-se numa produtora de commodities feita sob medida para o cliente. A América Latina não tem um forte mercado consumidor, um fator essencial para a construção de uma marca. O guaraná, por exemplo, não conseguiu ainda se firmar como uma marca global. E o mesmo pode ser dito da Brahma ou do suco de laranja brasileiro. Além disso, não existe uma única marca latino-americana líder mundial em têxteis ou eletrônicos. Acredito que uma empresa como a Natura tenha a chance de se tornar uma marca global, mas isso ainda não aconteceu.

EXAME Os países emergentes passarão por um processo de consolidação?
ATGMAEL Acredito que vamos ver os chineses indo às compras. A siderúrgica coreana Posco, por exemplo, tem uma parceria com a Vale para produzir pellets. Vamos ver duas coisas acontecendo: empresas latino-americanas tornando-se empresas globais, como a Cemex. E esse fenômeno vai se repetir com empresas coreanas e chinesas. Portanto, não existe mais um território reservado para as antigas multinacionais, como uma IBM, que agora vendeu sua unidade de PCs para a chinesa Lenovo. Vamos ver mais fusões e aquisições entre empresas de países emergentes e isso vai ser um movimento explosivo nos próximos anos.

EXAME Quem ganhará com esse processo?
ATGMAEL Os ganhadores serão aqueles que entenderem que, para sobreviver e prosperar, terão que ser, pensar e competir globalmente para competir com os melhores do mundo, não apenas no seu território. Já os perdedores serão aqueles que não entenderem isso e que usam proteção artificial seja no Brasil ou nos EUA. A indústria automobilística americana é um belo exemplo de um perdedor. Eles têm recorrido ao protecionismo. O mesmo pode ser dito da indústria brasileira de computadores. Ela jamais foi competitiva. Outro fator essencial é continuar na dianteira tecnologicamente.

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Para o economista Antoine Van Agtmael, holandês naturalizado americano, empresas como as brasileiras Embraer, Aracruz e Natura estão no caminho de se tornarem marcas globais. Mas o sucesso das empresas oriundas de países emergentes dependerá de sua capacidade de competir globalmente. Leia, a seguir, a íntegra da entrevista publicada por EXAME:

EXAME Quem deve prestar mais atenção às grandes empresas emergentes?
ANTOINE VAN ATGMAEL Virtualmente todo mundo. Começando pelos executivos de empresas de países desenvolvidos. Eles enfrentarão não apenas a competição dessas empresas, que hoje já são muito boas e grandes, mas também serão cada vez mais vistas como potenciais parceiras de negócios. Tais empresas estão operando numa parte do mundo que costumava ser periférica para o resto da economia global, mas agora está começando a ocupar um lugar central nela. E eu não estou falando apenas da China e da Índia, mas também do Brasil, Rússia e grandes mercados emergentes que, juntos, estão tornando-se mais importantes. Essas empresas podem se transformar em grandes empregadores para, por exemplo, estudantes de MBA. A Cemex é, hoje, a maior empresa produtora de cimento nos Estados Unidos. A Hyundai agora tem plantas nos Estados Unidos e em Roma, além do Japão. Os investidores devem estar mais atentos. Aliás, os investidores de países desenvolvidos já controlam cerca de metade do capital dessas empresas. E eles não podem se dar ao luxo de se comportar como os aristocratas do século XIX, que viram a Revolução Industrial acontecer, mas desprezavam esses empreendedores. Eles devem reconhecer que as empresas emergentes significarão ao mesmo tempo uma ameaça e novas oportunidades para eles.

EXAME Como o senhor define uma empresa emergente de primeira linha?
ATGMAEL Para começar, elas têm uma verdadeira escala global. Elas exportam para todo o mundo e, em muitos casos, elas também produzem em várias partes do mundo. Em segundo lugar, tanto em termos tecnológicos quanto de administração, e de benchmarking, elas não são empresas de segunda linha. Elas estão aptas a competir com qualquer um no mundo. Elas estão entre as empresas com os mais baixos custos de produção do mundo. Além disso, elas têm presença garantida em temos de market share entre as cinco maiores empresas globais de seu setor. Finalmente, essas empresas também pensam de uma maneira global.

EXAME Por que o senhor diz que é a "massa cinzenta barata" e não a mão-de-obra barata o principal fator a impulsionar essas empresas?
ATGMAEL Acredito que a mão-de-obra barata tem um papel importante em certos mercados, de têxteis a software. Mas não é apenas a mão-de-obra barata que torna essas empresas instituições de primeira linha. Em muitos casos, não é a mão-de-obra barata que faz a diferença. A Embraer não tem mão-de-obra barata no chão de fábrica. Eles têm "massa cinzenta barata," engenheiros altamente capacitados que custam muito pouco à empresa se comparado com seus colegas de países desenvolvidos e que são capazes de reverter o processo de outsourcing de cabeça para baixo. Eles estão comandando o processo. E eles são integradores construindo aviões. Hoje a Embraer tem fornecedores nos Estados Unidos, Japão e Rússia. O mesmo vale para a Aracruz. Eles têm fábricas de papel tão eficientes quanto as finlandesas e são altamente mecanizadas. Mão-de-obra é uma parte importante do sucesso deles, mas aquilo em que as pessoas ainda não querem acreditar é que são outros fatores que realmente contam para tornar tais empresas líderes globais. Além disso, essas empresas são administradas por gerentes que estão entre os melhores do mundo. A Embraer vem sobrevivendo num mercado extremamente competitivo, em que companhias como a Focker acabaram falindo. E agora a Embraer está batendo pesado na Bombardier, do Canadá, simplesmente porque eles estão fazendo melhores produtos. Não é que eles estejam apenas produzindo aviões mais baratos. A mensagem básica é de que elas são empresas de primeira linha porque elas são melhores e mais rápidas.

EXAME Qual sua avaliação sobre a disputa entre a Embraer e a Bombardier?
ATGMAEL As pessoas costumam usar várias desculpas para explicar o sucesso da Embraer, como a de que ela tomou dinheiro do BNDES. Mas é preciso lembrar que a indústria de aviação americana só chegou onde está porque conseguiu enormes contratos da NASA, etc. Portanto, receber subsídios oficiais não é uma coisa única do Brasil. Isso acontece aqui, no Canadá, Europa, em todo lugar. Para mim, o sucesso da Embraer resulta da combinação de inteligência e sorte. A uma certa altura, no mercado americano, as pessoas passaram a não querer várias escalas para chegar ao seu destino final. Elas querem voar ponto a ponto, rápido e sem escalas. A Embraer enxergou esse nicho de mercado, começando a produzir aviões no tamanho exato pedido pelo mercado. E por causa dessa combinação que lhes garante projetar aviões do zero, com engenheiros que custam pouco, mas são extremamente capacitados, eles são capazes de produzir aviões que são melhores do que os da concorrência.

EXAME Por que quase todas as empresas brasileiras de primeira linha são ex-estatais, à exceção da Aracruz?
ATGMAEL Durante os governos militares, e num mundo protecionista e voltado para o mercado interno, aconteciam três coisas: a primeira é que o protecionismo torna as pessoas preguiçosas. O número dois é que a propriedade estatal empurra os empresários para fora do mercado. E o número três é que o Brasil fez algumas coisas por conta própria. Por exemplo, tentar criar sua própria indústria de aviação. Pode ser que isso fosse uma idéia tola naquela época, porque eles jamais conseguiram tornar-se uma empresa de primeira linha. Mas ao final, ela forneceu as sementes para a Embraer que nós conhecemos hoje. Portanto, não é que não existam empreendedores no Brasil. Esse é um país que fez tudo errado em vários sentidos, mas as crises sofridas pelo país tornaram seus empreendedores e gerentes bastante adaptáveis. E isso criou uma nova linhagem de gerentes que agora está começando a ter um papel chave. Falo de gente como Roger Agnelli, da Companhia Vale do Rio Doce, um ex-executivo de um banco de investimentos que se tornou um minerador. Ou o norueguês de nascimento Erling Lorentzen, que iniciou a Aracruz. Esse também é o caso do Maurício Botelho, da Embraer, que iniciou sua carreira na selva amazônica. Portanto o empreendedorismo tem avançado no país, depois de uma dura luta. Entre as 25 empresas de países emergentes que estarão na minha lista, existem entre três ou quatro que são brasileiras. As três que são verdadeiramente de primeira linha no Brasil são Vale, Embraer e Aracruz. Petrobras é, de uma certa forma, de primeira linha. Ela ainda não se libertou completamente dos braços do Estado. Os seus altos executivos são nomeados pelo governo. Eles são líderes em perfuração em águas profundas, o que poucas empresas sabem fazer. Mas ela não é uma empresa de primeira classe em tudo o que faz. É certamente a melhor companhia petrolífera de um país emergente.

EXAME Existem empresas emergentes que já se tornaram marcas mundiais?
ATGMAEL Existe apenas um punhado de empresas que construíram sua marca. Temos as coreanas Samsung e Hyundai, e a vinícola chilena Concha y Toro. Também temos a cervejaria Modelo, com a cerveja Corona. No México e na América Latina, a Cemex está em vias de se tornar uma verdadeira marca de cimento. A Embraer não é muito conhecida, mas também está em vias de se tornar uma marca. Já a Aracruz transformou-se numa produtora de commodities feita sob medida para o cliente. A América Latina não tem um forte mercado consumidor, um fator essencial para a construção de uma marca. O guaraná, por exemplo, não conseguiu ainda se firmar como uma marca global. E o mesmo pode ser dito da Brahma ou do suco de laranja brasileiro. Além disso, não existe uma única marca latino-americana líder mundial em têxteis ou eletrônicos. Acredito que uma empresa como a Natura tenha a chance de se tornar uma marca global, mas isso ainda não aconteceu.

EXAME Os países emergentes passarão por um processo de consolidação?
ATGMAEL Acredito que vamos ver os chineses indo às compras. A siderúrgica coreana Posco, por exemplo, tem uma parceria com a Vale para produzir pellets. Vamos ver duas coisas acontecendo: empresas latino-americanas tornando-se empresas globais, como a Cemex. E esse fenômeno vai se repetir com empresas coreanas e chinesas. Portanto, não existe mais um território reservado para as antigas multinacionais, como uma IBM, que agora vendeu sua unidade de PCs para a chinesa Lenovo. Vamos ver mais fusões e aquisições entre empresas de países emergentes e isso vai ser um movimento explosivo nos próximos anos.

EXAME Quem ganhará com esse processo?
ATGMAEL Os ganhadores serão aqueles que entenderem que, para sobreviver e prosperar, terão que ser, pensar e competir globalmente para competir com os melhores do mundo, não apenas no seu território. Já os perdedores serão aqueles que não entenderem isso e que usam proteção artificial seja no Brasil ou nos EUA. A indústria automobilística americana é um belo exemplo de um perdedor. Eles têm recorrido ao protecionismo. O mesmo pode ser dito da indústria brasileira de computadores. Ela jamais foi competitiva. Outro fator essencial é continuar na dianteira tecnologicamente.

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