Negócios

Dívida gerada por compra da Inco será absorvida rapidamente pela Vale

Em três anos, a Vale do Rio Doce voltará a apresentar indicadores de endividamento próximos aos atuais, afirma seu presidente, Roger Agnelli

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

O endividamento causado pela compra da mineradora canadense Inco não preocupa a direção da Companhia Vale do Rio Doce. Para o presidente-executivo, Roger Agnelli, a boa geração de caixa da empresa brasileira, os elevados preços das commodities minerais no mercado mundial, e a oferta de recursos financeiros à mineradora - que detém o grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco - farão com que a dívida decorrente da compra da Inco seja rapidamente absorvida pela companhia. "Talvez em três anos, estejamos em uma situação semelhante à atual. Não estamos preocupados", afirmou Agnelli nesta quarta-feira (25/10), durante entrevista coletiva em Toronto, no Canadá.

Após o anúncio da compra de 75,66% do capital da Inco por aproximadamente 13,22 bilhões de dólares americanos, as agências de classificação de risco revisaram as notas da Vale, sem, contudo, rebaixá-la de sua condição de investment grade. A Fitch, por exemplo, manteve a nota dos títulos referenciados em moeda estrangeira (BBB-), mas rebaixou a dos papéis emitidos em reais (de BBB para BBB-). A Standard & Poor';s também reduziu a classificação da empresa de BBB+ para BBB.

Em comum, as agências mostraram-se preocupadas com a dívida que será contraída pela Vale para concluir a aquisição da Inco. Um consórcio de 34 bancos ofereceu até 33 bilhões de dólares para que o negócio seja fechado. A Vale pretende comprar 100% do capital da canadense, o que pode elevar o valor da transação para cerca de 18 bilhões de dólares. O dinheiro será liberado na forma de um empréstimo-ponte de dois anos. A companhia ainda estuda como vai rolar a dívida ao final deste período.

Segundo relatório divulgado nesta terça-feira (24/10), a S&P afirma que os indicadores de endividamento da Vale sofrerão uma forte deterioração. A porcentagem do endividamento total coberto pela geração de caixa, por exemplo, cairá de 96% para 40% nos próximos dois anos. Já a relação dívida total/ebitda, hoje em 0,9, deve subir para perto de 2.

Agnelli garantiu, hoje, que a mineradora vai procurar equilibrar as contas o mais rápido possível. "Trabalhei durante muitos anos em banco [Agnelli era do Bradesco]. Por isso, não gosto de alavancagem. Não queremos criar alavancas. Vamos reduzir o nível rapidamente", afirma.

Recursos

O executivo também afirmou que não pretende vender nenhum ativo da Inco para quitar a compra. "Todos os ativos são excelentes e temos uma ótima situação de caixa. Não precisamos disso para concluir o negócio". Atualmente, a Inco mantém operações em três minas canadenses - Thompson, Sudbury e Voisey';s Bay - e em uma na Indonésia - a PT Inernational, da qual detém 61%. Outro projeto, o complexo de Goro, na Nova Caledônia (perto da Polinésia), está em implantação e a Inco possui 85% de seu capital.

Agnelli assegurou que não interromperá os planos de investimento da Inco. Observou, ainda, que a nova controlada tem caixa suficiente para tocar os projetos sem recorrer a empréstimos. "Vamos acelerar os projetos ao máximo", disse.

Não estão previstas grandes mudanças na direção da Inco no curto prazo. Scott Hand será mantido no cargo de presidente-executivo. Segundo Agnelli, um dos principais ativos adquiridos com a Inco foi justamente sua equipe, o que inclui a diretoria. Para Hand, o acordo encerra um período em que "os funcionários da Inco viveram em uma verdadeira montanha-russa". Até ser arrematada pela Vale, a canadense foi disputada pela conterrânea Teck Cominco e pela americana Phelps Dodge, com que chegou a firmar um termo de entendimento.

Para demonstrar o clima amigável em que ocorreu a compra, ao final da coletiva, Hand e Agnelli trocaram presentes. O canadense entregou a Agnelli uma camisa do time de hockey de Toronto. Em retribuição, Hand recebeu uma camisa da seleção brasileira de futebol.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Ele deixou a TI para abrir um plano de saúde com IA. Após 3 anos, o negócio já fatura R$ 30 milhões

PUMA faz investimento histórico em marketing para reforçar posição de marca mais rápida do mundo

The Garage da Nexmuv lança mais uma startup de IA que impulsionará vendas online e no varejo

“Todo negócio que entramos, tivemos sucesso”, diz Lucas Kallas da Cedro Participações

Mais na Exame