Pedro Parente, presidente da Petrobras, participa da 14ª Rodada de licitação de blocos de petróleo e gás no Rio de Janeiro, Brasil (Bruno Kelly/Reuters)
Mariana Desidério
Publicado em 29 de maio de 2018 às 14h37.
Última atualização em 29 de maio de 2018 às 15h50.
São Paulo – O presidente da Petrobras Pedro Parente classificou como corajosa a decisão da empresa de reduzir temporariamente o preço do diesel como forma de aliviar os ânimos na greve dos caminhoneiros, que já dura nove dias.
“Eu sei que foi uma questão polêmica, mas naquele momento entendemos que, para dar uma chance maior de manter nossos conceitos na política de preços, precisava haver coragem. Qualquer empresa faria. Tivemos a responsabilidade e a coragem de fazer, reconhecendo a gravidade do momento”, afirmou o executivo em teleconferência com acionistas nesta terça-feira.
Parente comentou também a pressão política para que ele deixe o cargo. “Nossa política de preços entrou em intensa discussão, uma discussão personificada na pessoa do presidente da empresa, no caso eu, e várias demandas, especialmente vindas da área política, de que o presidente saia de sua posição”.
Parente disse ainda que há no Planalto hoje uma discussão com participação da Petrobras para a redação de uma Medida Provisória e um Decreto sobre o tema. O texto ainda está sendo elaborado, mas o executivo ressaltou que “qualquer que seja a metodologia, um princípio básico, que são os conceitos da nossa política de preços, seria respeitado”.
A intenção, segundo Parente, é que “o resultado econômico não seja diferente do resultado da política em vigor”. "Temos pleno controle para implementar nosso plano estratégico. Nossas metas e métricas estão garantidas", disse ele. "Precisamos preservar o resultado econômico da empresa, que é o objetivo da política de preços".
Na última quinta-feria, a Petrobras decidiu reduzir em 10% o preço do óleo diesel pelo período de 15 dias. A queda de receita com a redução do preço do diesel será de R$ 350 milhões. A decisão foi recebida com desconfiança pelo mercado, gerando dúvidas sobre a manutenção da atual política de preços, que permite reajustes até diários no preço dos combustíveis, de acordo com os preços internacionais.
Agora, discute-se a possibilidade de reajustes mensais, permitindo maior previsibilidade para o consumidor final. A política, no entanto, não deve impactar os resultados na empresa, como ressaltou o presidente na teleconferência.
Após o anúncio da Petrobras de redução do preço do diesel em 10%, feito na quinta-feira (24/05), o governo federal anunciou mais uma redução, no domingo (27/05), desta vez por 60 dias. Essa segunda redução será bancada integralmente pelo governo.
A redução anunciada pelo governo é de R$ 46 centavos no preço do litro do diesel na bomba. Desses 46 centavos, 16 centavos viriam de cortes em impostos e 30 centavos de subsídios oferecidos pelo governo às distribuidoras de combustível.
Parente lembrou aos acionistas que o movimento dos caminhoneiros "apresentou um impacto e um crescimento da severidade muito rápida". Também fez questão de ressaltar que o preço dos combustíveis é muito impactado pela carga tributária -- no caso da gasolina, o preço na refinaria representa apenas um terço do preço final ao consumidor, no caso do diesel, a proporção é de menos da metade, disse.
O presidente também fez questão de lembrar os avanços feitos na Petrobras durante sua gestão. "A situação é muito melhor do que existia há dois ou três anos. Isso não se deve somente à política de preços, mas a uma série de iniciativas que adotamos com total transparência para o mercado, como a redução do endividamento. Prometemos e cumprimos", afirmou.