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Construtora do Paraná cresce no vácuo da Lava-Jato e alcança o exterior

Com carteira superior a R$ 400 milhões em obras, a Redram prevê dobrar de tamanho nos próximos dois anos e acaba de entregar seu primeiro projeto no Peru

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Porto de Paracas, no Peru: estreia da construtora no exterior (Redram/Divulgação)

Porto de Paracas, no Peru: estreia da construtora no exterior (Redram/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 18 de setembro de 2020 às, 06h00.

Última atualização em 18 de setembro de 2020 às, 14h55.

Em meados da década de 1980, muitos moradores de Cascavel, no interior do Paraná, se uniam para arrecadar recursos e pavimentar as ruas da cidade, já que o poder público não entregava o serviço. "Batíamos de porta em porta vendendo asfalto para as pessoas. Esse foi o começo de mais de 10 milhões de metros quadrados de asfalto executados pela nossa empresa", afirma Mauro Marder, presidente da construtora Redram.

A empresa familiar, hoje com sede em Curitiba, foi fundada em 1974 pelo pai de Mauro, Flávio Marder, e Sergio Festugatto. Até 1996, atuou principalmente na construção de estradas e outros tipos de obras públicas. A partir daí, passou a trabalhar somente no setor privado. "Enfrentávamos muitos problemas de caixa dos governos", diz Marder.

Com mais de 40 anos de mercado, a construtora se especializou em obras pesadas, incluindo aeroportos, terminais portuários, rodovias, pavimentação urbana, saneamento, construção civil e geração de energia.

Marder explica que a lacuna deixada pela falta de atuação de grandes empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato contribuiu para abrir espaço para construtoras de menor porte.

"A disputa por obras, mesmo no setor privado, seria muito mais difícil se não existisse a Lava-Jato. No período em que as grandes empreiteiras do país recuaram, isso possibilitou o avanço de construtoras de menor porte que tinham conhecimento e tecnologia para assumir a lacuna deixada no mercado."

O executivo acredita que isso tenha contribuído inclusive para a Redram iniciar um processo de internacionalização. A construtora acaba de entregar seu primeiro projeto na cidade de Paracas, no Peru, onde há 40 anos a Odebrecht reinava absoluta.

A Redram, em parceria com uma empresa portuguesa, venceu uma licitação para reconstruir o Porto de Paracas, destruído por um terremoto. O contrato de concessão prevê um investimento total de 150 milhões de dólares, dos quais 120 milhões já foram aportados em recuperação estrutural e modernização. A obra foi concluída três meses antes do prazo acordado com uma economia de 17 milhões de dólares em relação ao orçado inicialmente.

Marder afirma que a tecnologia avançada que a Redram aplica em seus projetos foi fundamental na reconstrução do Porto de Paracas. Primeiramente, a obra foi concebida e gerenciada integralmente na plataforma Building Information Modeling (BIM), sistema que permite construir digitalmente todo o projeto, antecipando e resolvendo eventuais falhas e prevendo com exatidão os custos e o uso dos insumos.

Segundo o executivo, atualmente o BIM é uma exigência para a maioria dos contratos de obras públicas nos Estados Unidos e Europa por conferir mais transparência aos projetos.

No canteiro de Paracas, uma das tecnologias utilizadas foi o uso de drones. O convencional realizou levantamentos topográficos e fez monitoramento em tempo real do trabalho diário executado na área do terminal. Já os drones submarinos se encarregaram da tarefa de conferência da dragagem do leito do oceano em frente ao porto, dando agilidade a um trabalho que normalmente emprega navios equipados com sonares.

"O aumento da oferta de aluguel de equipamentos de construção também permitiu que construtoras de menor porte ampliassem sua atuação. Antigamente, só grandes empreiteiras tinham capital para manter frota de máquinas", diz Marder.

Pandemia x expansão

Hoje, a Redram tem uma carteira de obras (backlog) de aproximadamente 450 milhões de reais e espera dobrar essa cifra pelos próximos dois anos.

O presidente da companhia afirma que a pandemia obrigou a empresa a frear suas contratações. Hoje, a Redram tem cerca de 600 funcionários, mas Marder espera que no final deste ano ou em janeiro de 2021 os contratos -- principalmente na área de energia -- devam voltar com força.

Marder diz ainda que a companhia está mudando a sua estrutura, criando um conselho de adminstração com novos funcionários -- muitos seniores -- para agregar experiência à Redram. Outros, mais novos, devem ajudar a trazer ainda mais inovação à construtora. "O Brasil tem uma engenharia muito grande, com profissionais altamente qualificados e de padrão internacional."

A expertise da companhia deve ser importante principalmente no momento em que a economia brasileira apresentar recuperação e todos os gargalos de infraestrutura se tornarem ainda mais evidentes - o que deve demandar um nível maior de obras por todo o país.

"Construtoras estão vindo do exterior para o Brasil, de espanholas a chinesas. Acredito que há espaço para todo mundo, a concorrência vai fazer com que o setor se mova e evolua", avalia Marder.

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