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Como uma startup organizou uma vaquinha de R$ 76 milhões para o Rio Grande do Sul

Essa está sendo a maior campanha da história da plataforma que tem 15 anos de operação

Luiz Felipe Gheller, CEO da Vakinha: campanha para ajudar o RS foi a maior da história da empresa

Luiz Felipe Gheller, CEO da Vakinha: campanha para ajudar o RS foi a maior da história da empresa

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 13 de junho de 2024 às 10h42.

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A tragédia no Rio Grande do Sul mostrou a fragilidade em que cidades e regiões estão expostas por causa de eventos climáticos extremos. Por outro lado, mais uma vez evidenciou a mobilização da sociedade em ajudar os outros em momentos de dificuldade.

Veja como exemplo uma vaquinha organizada pela startup Vakinha, de Porto Alegre. A empresa está há 15 anos no mercado de vaquinhas, possibilitando que pessoas criem campanhas para arrecadar dinheiro para seus objetivos pessoais. Na plataforma, qualquer pessoa pode criar um projeto de arrecadação, com metas e prazos para levantar a grana.

Durante a tragédia das cheias no Estado, a própria Vakinha criou uma campanha para ajudar os gaúchos. E o resultado foi muito maior do que o esperado.

“Já tínhamos visto campanhas semelhantes em outras enchentes e a média arrecadada era de 4 milhões de reais”, diz o fundador da Vakinha, Luiz Felipe Gheller.

Mas a mobilização agora foi muito maior. Ainda no ar, a campanha já levantou até agora 76 milhões de reais, com mais de um milhão de doadores. É a maior arrecadação da história da plataforma.

“Essa campanha foi o ápice do que a gente construiu nesses 15 anos de Vakinha”, diz Gheller. “Somos a primeira plataforma desse tipo que surgiu no Brasil, não tinha nada parecido. E nascemos já com a ideia de incentivar a mobilização das pessoas”.

Hoje em dia, o Vakinha tem cerca de 150 milhões de acessos anuais, 250.000 doações mensais e uma média de 3.500 vaquinhas criadas por dia.

Como foi o trabalho para criar a maior vaquinha da história

A maior vaquinha da história da plataforma, com uma arrecadação que passa dos 76 milhões de reais, começou a ser criada assim que a tragédia chegou ao seu ápice, no início de maio.

Na ocasião, a Vakinha, por meio de seu instituto social, criou a campanha e chamou para embarcar na ideia parceiros, principalmente influenciadores do Rio Grande do Sul. O mote da campanha foi fazer “a maior campanha solidária do Rio Grande do Sul”.

De imediato, embarcaram no projeto dois nomes fortes da comédia do Estado: o grupo Pretinho Básico e o comediante Badin. Ambos tem alcance milionários de usuários (não só dentro do Rio Grande do Sul). Com o barulho feito, rapidamente as doações começaram a aumentar.

“A gente teve que organizar tudo sem deixar que as outras campanhas ficassem sem atendimento”, diz Gheller. “Ao mesmo tempo, teve o desafio adicional de estarmos sem nosso escritório”.

A sede da Vakinha fica num prédio muito próximo ao Guaíba, cujo subsolo segue alagado até hoje. Por causa disso e pelas oscilações de energia, a equipe ainda não voltou para o escritório desde o início de maio.

A mobilização fez com que a equipe da Vakinha trabalhasse como nunca. Gheller, por exemplo, ficou praticamente o mês inteiro sem folgar sequer um dia.

“Nunca tivemos nada nem perto dessa magnitude”, diz. “Na Vakinha, lidamos com um número grande de campanhas, mas que costumam ter uma movimentação menor, de no máximo 3 milhões de reais. Essa quantia muito maior exigiu da gente um trabalho maior também, porque precisamos ter um nível de transparência exemplar e uma distribuição rápida do dinheiro”.

Aliás, a distribuição rápida do dinheiro é uma das prioridades da Vakinha, porque a empresa entende que esse é um dos motivos que fizeram as pessoas doarem pela plataforma: pular algumas etapas burocráticas de outras possíveis doações.

Até agora, cerca de 40 milhões de reais já foram distribuídos, principalmente para necessidades emergenciais, como pagamentos de combustível para botes, compra de cestas básicas, produtos de higiene, ajuda a causas animais, etc.

O restante do dinheiro deve ser destinado a ajudas focadas na reconstrução do Rio Grande do Sul. Para ter mais clareza de onde destinar o dinheiro, a startup contratou uma consultoria que já trabalhou em catástrofes antes e que ajudará na seleção da alocação do dinheiro.

“A consultoria vai olhar as regiões mais afetadas, qual é o IDH desses locais, e entender como fazer a destinação dos recursos”, diz. “É difícil escolher prioridades porque a gente não vai conseguir ajudar todo mundo e também porque os 70 milhões de reais são só um pequeno pedaço dos bilhões que o Estado precisará para se reerguer”.

Além da campanha oficial, outras 100 vaquinhas estão abertas no site para arrecadar recursos para o Estado. A perspectiva é que novas abram nos próximos dias, à medida que famílias também criem suas vaquinhas para se reerguer.

Negócios em Luta

A série de reportagens Negócios em Luta é uma iniciativa da EXAME para dar visibilidade ao empreendedorismo do Rio Grande do Sul num dos momentos mais desafiadores na história do estado. Cerca de 700 mil micro e pequenas empresas gaúchas foram impactadas pelas enchentes que assolaram o estado no mês de maio.

São negócios de todos os setores que, de um dia para o outro, viram a água das chuvas inundar projetos de uma vida inteira. As cheias atingiram 80% da atividade econômica do estado, de acordo com estimativa da Fiergs, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Os textos do Negócios em Luta mostram como os negócios gaúchos foram impactados pela enchente histórica e, mais do que isso, de que forma eles serão uma força vital na reconstrução do Rio Grande do Sul daqui para frente. Tem uma história? Mande para negociosemluta@exame.com.

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