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Como uma empresa faz R$ 160 milhões levando pessoas ao trabalho — sem ter sequer um veículo

Meta da empresa é faturar R$ 250 milhões neste ano e bater os R$ 500 milhões em 2026

Danilo Tamelini, da Busup: “Dentro dos próprios e-commerce, temos espaço para crescer” (Busup/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de abril de 2024 às 16h16.

Última atualização em 11 de abril de 2024 às 17h22.

O retorno ao trabalho presencial ou híbrido, cada vez mais frequente nas empresas brasileiras, revive um dilema em diversas cidades: o da mobilidade urbana.

O vai e vem das pessoas intensifica o trânsito. Há mais carros nas ruas, e as estruturas de transporte público precisam estar bem azeitadas.

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Grandes empresas, porém, tentam ajudar nesse fluxo diário. São companhias, geralmente, que têm grandes operações fora de capitais e que dependem dos trabalhadores da metrópole para funcionar. Nesse caso, elas disponibilizam fretes corporativos que trazem e levam seus funcionários da casa para o trabalho.

A operação, porém, pode ser bem trabalhosa. Grandes empresas acabam empregando centenas, senão milhares de pessoas, e gerir a frota de todos esses funcionários pode dar um trabalhão -- e custar caro. Às vezes o empregado se muda e não faz mais a rota, e não tem mais necessidade de um ônibus passar num ponto específico, por exemplo.

A espanhola Busup ajuda essas companhias a cuidar das frotas de trabalhadores. A empresa faz a intermediação entre empresas de ônibus e operações que precisam de transporte corporativo. Além disso, ajuda a traçar as rotas mais curtas e menos custosas -- e as mantém atualizadas.

A startup nasceu na Espanha em 2016 com a ajuda de sócios brasileiros. Por aqui, chegou em 2018. Hoje, a companhia fatura 162 milhões de reais — e 60% desse faturamento já vem do Brasil.

Como a Busup nasceu

A startup de gestão de frotas para empresas nasceu em 2016 da junção de três sócios espanhóis e do brasileiro Danilo Tamelini.

Tamelini é de uma família dona de uma frota de ônibus. Em 2015, num evento no Brasil, os sócios espanhóis foram contratados para organizar o deslocamento dos convidados. Na ocasião, contrataram a empresa da família de Tamelini para fornecer os veículos e fazer o translado.

Na mesma época, chegavam ao Brasil os aplicativos de transporte, como Uber, e a discussão sobre mobilidade estava muito aquecida. Os espanhóis viram uma oportunidade de desenvolver um projeto na área, e convidaram Tamelini para embarcar na ideia.

No ano seguinte, submeteram o projeto de um negócio para um fundo europeu e conseguiram captar 1,4 milhão de euros para desenvolver uma startup. Nascia assim a Busup.

Dois anos depois, a empresa também estacionou pelo Brasil, hoje já o principal mercado para a startup. Por aqui, contam com clientes como

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Como a Busup funciona

No início, a ideia era ter um modelo parecido com o do Uber, mas para ônibus. “Em 2018, viramos a chave”, conta Tamelini. “Começamos a atender grandes condomínios empresariais e vimos que pessoas de diversas empresas poderiam usar um mesmo ônibus para ir e voltar do trabalho”.

Hoje, a Busup se reconhece como uma empresa de gestão e tecnologia para transporte coletivo.

“Atendemos desde o gerenciamento e contratação da empresa de ônibus até o passageiro”, diz o brasileiro. “Não temos ônibus próprio, não temos essa intenção. Fazemos todo gerenciamento com o facilitador da nossa tecnologia”.

Pelo dashboard da Busup, a empresa consegue, por exemplo, ver a localização exata dos passageiros e saber a pontualidade de um ônibus. Isso ajuda também o funcionário, que tem acesso a essas mesmas informações.

Qual é a aposta da Busup no Brasil

O crescimento da Busup no Brasil está bem atrelado ao retorno das pessoas aos escritórios e postos de trabalho presenciais. Hoje, 60% do faturamento da companhia é em solo brasileiro.

“Algumas empresas, no final de 2022 estavam em home office e depois voltaram para o híbrido ou presencial. Essa é uma fatia do crescimento”, diz. “Tivemos upselling de clientes operacionais para administrativos. Teve também a chegada de novos clientes”.

Mas o grande impulsionador para a Busup foi a consolidação do mercado de e-commerce. Um contrato grande com a Amazon fez com que a receita crescesse significativamente.

“Dos 10 maiores varejistas do Brasil, atendemos seis”, afirma Tamelini. “São operações que rodam de segunda a segunda, que não param”.

Para esse ano, estão mirando um crescimento na casa de dois dígitos para Brasil e global. “Nosso grande objetivo é o Ebitda positivo”, diz. “Queremos chegar a isso em outubro deste ano, globalmente”.

Em números absolutos, a Busup quer faturar 250 milhões de reais neste ano, e 500 milhões de reais até 2026.

“Dentro dos próprios e-commerce, temos espaço para crescer”, diz. “Por exemplo, no Grupo Casas Bahia, atendemos sete dos nove centros de distribuição. Tem espaço”.

Há também desafios pela frente. A mão de obra no setor de transporte vem caindo, e os custos, dobrando. Isso diminuiu o poder de investimento de algumas empresas em relação à renovação da frota.

A Busup está de olho nisso e quer ajudar. A empresa vai começar, ainda neste ano, a alugar alguns veículos para empresas de frete. Novos caminhos no radar dessa empresa de mobilidade.

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