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Com R$ 1,5 bi em carteira, Paineiras Investimentos fecha após 13 anos

A Exame apurou que o distanciamento físico da equipe brasileira que conduzia a gestão, agravada pela pandemia, foi um dos catalisadores para a decisão

Paineiras: gestão dos fundos para a Ventor Investimentos, também sediada no Rio de Janeir (Divulgação/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2020 às 15h42.

Última atualização em 18 de julho de 2020 às 15h55.

A gestora de recursos carioca Paineiras Investimentos vai fechar as portas. Fundada em 2007 por Antônio Bittencourt e Ney Marinho, a única estratégia da casa, a macro, vinha sendo acompanhada pelos sócios à distância desde 2015, quando ambos se mudaram para Portugal. A Exame apurou que o distanciamento físico da equipe brasileira que conduzia a gestão, agravada pela pandemia, foi um dos catalisadores para a decisão, que foi motivada por “razões pessoais”.

Conforme informações obtidas pela reportagem com pessoas próximas do assunto, o home office vinha sendo praticado na gestora desde 2016, estrutura que vinha funcionando bem na comunicação entre os gestores dos fundos no Brasil e os sócios alocados em Portugal. “A questão da quarentena acabou ajudando na decisão de fechar as portas, por motivos pessoais dos dois fundadores. O estresse provocado por tudo isso acabou não compensando na decisão de prosseguir com a gestão de capital de terceiros e ambos decidiram que não queriam mais fazer isso”, afirmou a fonte.

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Conforme carta distribuída ontem aos clientes da casa, a que a reportagem teve acesso, a Paineiras fechou um acordo de transferir a gestão dos fundos para a Ventor Investimentos, também sediada no Rio de Janeiro e formada por uma equipe cuja filosofia é bastante parecida com a Paineiras, sobretudo porque ambas equipes atuaram juntas por muitos anos em outras casas, como o banco Icatu. “A equipe da Paineiras está em colaboração com a equipe da Ventor para a transição, para aqueles que desejem permanecer nos fundos, ser a mais tranquila e transparente possível”, diz a carta.

No intervalo até a transferência dos fundos, que deverá ser aprovada em assembleia de cotistas a ser convocada em breve, a gestão do Paineiras Hedge será feita por um comitê de investimentos. O objetivo, também de acordo com a apuração da reportagem, é garantir a manutenção de posições líquidas o suficiente para suportar eventuais pedidos de resgates feitos no intervalo. Cerca de metade dos recursos da gestora, cujo montante atinge R$ 1,5 bilhão, é dinheiro proprietário, ou seja, dos próprios sócios, inclusive os minoritários; a outra parte do dinheiro é formada por cotistas vindos das plataformas de investimentos e corretoras.

O fundo Paineiras Hedge FIC FIM e a sua segunda versão, o Paineiras Hedge II FIC FIM, ambos fundos chamados de feeders (que investem em cotas de um fundo principal), não estavam indo bem desde o estouro da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. No acumulado deste ano, os fundos acumulavam queda de 7,63%, principalmente por causa do efeito provocado nas posições em março, auge da queda dos ativos brasileiros em meio à pandemia. Desde o começo da operação dos fundos, em 2005 para o Paineiras Hedge FIC FIM e em 2007 para o Paineiras Hedge II FIC FIM, a rentabilidade acumulada é de 543,2% e de 304,8%, respectivamente. Os dados são da Economatica com base nos dados do dia 16 de junho de 2020.

“Chegamos a cogitar fazer a gestão sem Antonio e Ney, mas ponderamos que seria um risco muito grande e deixaria a companhia ainda mais fragilizada, com perda de captação rapidamente e em um ano em que a performance não está boa”, afirma a fonte ouvida pela reportagem. “A Ventor tem a mesma cultura da Paineiras, é uma casa com gestores provenientes do Icatu e que tem o mesmo DNA. O melhor caminho para deixarmos alguma continuidade [da gestão] é essa transferência, mas teremos a assembleia e daremos o tempo possível para os pedidos de resgate de quem não quiser ficar.”

Ainda de acordo com a pessoa ouvida pela reportagem, algumas pessoas da atual estrutura da Paineiras devem migrar para a Ventor, mas não os gestores. No Brasil, os responsáveis diretos pelos fundos no dia a dia eram sócios minoritários, entre os quais estão David Cohen, Theodoro Messa e Guilherme Foureaux. A Exame apurou ainda que alguns gestores não definiram ainda os próximos passos em suas carreiras, mas é pouco provável que decidam abrir gestoras próprias neste momento; Foureaux estuda a possibilidade de ir para o banco Safra.

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