Com pandemia, lojas de shoppings perdem R$ 20 bilhões de faturamento
Comércios pediram linha de crédito específica ao BNDES; 10 mil estabelecimentos e 80 mil empregos estão ameaçados por conta da paralisia dos negócios
Reuters
Publicado em 30 de abril de 2020 às 16h26.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 20h55.
As lojas de shopping centers do país já deixaram de faturar mais de 20 bilhões de reais durante a pandemia de coronavírus e 10 mil estabelecimentos e 80 mil empregos do setor estão ameaçados por conta da paralisia dos negócios, disse o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun.
Segundo ele, apenas 62 dos 577 shoppings do Brasil estão abertos e o setor vem negociando com governos estaduais a possibilidade de retomada das atividades a partir da adoção de protocolos de saúde e segurança sanitária como uso de máscaras, controle de acesso e circulação, distribuição de álcool em gel entre outras medidas.
"Estamos com tudo pronto para abrir assim que houver a autorização dos governos", disse Sahyoun à Reuters.
A posição é semelhante à informada mais cedo pelo presidente-executivo da Multiplan, José Isaac Peres, que administra 18 shopping centers de alto padrão no país. A empresa citou dados do setor comentando que até a próxima segunda-feira o número de empreendimentos em operação deve subir para 73.
Sahyoun afirmou que a média de faturamento dos lojistas de shoppings é de 16 bilhões de reais por mês e que a maioria deles é de pequeno porte, sem capital de giro para enfrentar a crise. O setor emprega 1,5 milhão de pessoas e tem pouco mais de 105 mil lojas.
"Quanto mais tempo ficar fechado maiores serão as perdas; mais lojas fechadas e mais empregos perdidos. Se não abrirmos até 10 de maio teremos 10 mil lojas fechadas e mais de 80 mil empregos ameaçados", afirmou.
Mais cedo, em entrevista a jornalistas, o governador de São Paulo, João Doria, citou índice de 48% de adesão da população do Estado ao isolamento social, calculado pelo próprio governo a partir de informações recolhidas junto a operadoras de telefonia celular. "Com uma taxa de isolamento de 48%...não há a menor condição de flexibilização de isolamento", disse Doria.
Já a prefeitura de São Paulo afirmou que se for mantida a taxa de isolamento atual abaixo de 50% "é remota a possibilidade de afrouxamento das regras atuais no curto prazo e existe a possibilidade de tornar as restrições ainda mais rígidas"...a partir do próximo dia 4.
O próprio governador paulista havia dito na semana passada, em meio a fortes queixas do empresariado do paulista, que a economia de São Paulo seria reaberta a partir de 11 de maio, levando em conta a situação da epidemia de coronavírus em cada uma das regiões do Estado.
Segundo o presidente da Alshop, apesar dos descontos em alugueis e outras taxas cobradas dos lojistas pelos shopping centers do país, as medidas não são suficientes para garantir a sobrevivência das empresas.
O setor tem, segundo Sahyoun, dificuldades para acessar uma linha de crédito de 5 bilhões de reais oferecida pelo BNDES para micro, pequenas e médias empresas. Empecilhos para liberação dos recursos e crédito caro por parte dos bancos comerciais estão entre os problemas enfrentados pelos lojistas.
Apesar disso, ele afirmou que o setor de shoppings pediu ao BNDES uma linha de crédito especial de 10 bilhões de reais, a ser liberada pelos bancos públicos, com garantia do Tesouro, e juros de até 5 por cento ao ano. Os bancos estariam cobrando atualmente uma taxa de aproximadamente 1,7 ao mês, disse Sahyoun.
"Pedimos uma linha especial, com carência de 6 meses a 1 ano, e mais 5 anos pagar, o empresário pequeno de shoppings vai ter chance de respirar e sobreviver...O governo federal tem sido receptivo", disse o presidente da Alshop.
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, nesta quinta-feira que o governo federal provavelmente vai ajustar a linha de crédito criada para ajudar empresas a honrarem compromissos com folha de pagamento durante a pandemia uma vez que a demanda está sendo menor que a esperada.