Chinesa CTG vira a maior geradora privada de energia do país
Depois de comprar os ativos da Duke Energy, a chinesa China Three Gorges virou a maior geradora privada do Brasil
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2016 às 09h02.
São Paulo - Em apenas três anos, a elétrica China Three Gorges Corporation (CTG) se transformou na maior geradora privada do Brasil. O último lance para a conquista da posição foi anunciado na segunda-feira, 10, com a compra dos ativos brasileiros da americana Duke Energy , em operação no País desde 1999, quando o setor elétrico estava sendo privatizado.
Em fevereiro deste ano, a companhia anunciou que venderia todos os ativos da América Central e do Sul para se concentrar nos Estados Unidos. Desde então, a CTG mantinha conversas com o grupo americano.
O negócio, fechado em US$ 1,2 bilhão, inclui oito hidrelétricas e duas pequenas centrais hidrelétricas nos Estados de São Paulo e Paraná. Juntas, elas têm potência de 2,27 mil megawatts (MW) - o suficiente para abastecer 27 milhões de habitantes.
Com a aquisição, a CTG passa a ter capacidade instalada de 8,27 mil MW - superior aos 7,3 mil MW da franco-belga Engie, até então a maior geradora privada do País.
No ranking geral, entre públicos e privados, a chinesa ficará em quarto lugar, atrás das estatais da Eletrobrás, Chesf, Furnas e Eletronorte. "Essa transação é mais um passo importante para consolidar nossa estratégia de ser uma empresa de energia limpa relevante no Brasil", disse o presidente executivo da CTG Brasil, Li Yinsheng, em comunicado oficial. A CTG é uma estatal chinesa, mas no Brasil segue as regras do capital privado.
No mercado, o valor desembolsado pelos ativos da Duke foi considerado baixo. Na avaliação dos analistas do banco UBS Julien Dumoulin-Smith, Marcelo Sá e Jerimiah Booream, apesar de o preço de venda ser ligeiramente superior às expectativas iniciais, é baixo frente às projeções do mercado brasileiro.
Com base numa taxa de câmbio de R$ 3,3, eles estimaram um múltiplo médio - que considera o valor da empresa e a energia assegurada (limite de contratação de uma usina) - de 3,7 vezes.
Esse indicador está bem abaixo do calculado para a AES Tietê, de 6 vezes, e da Engie Brasil, de 7 vezes. Para se ter ideia, em 2015, lembram os analistas, a CTG comprou ativos de geração da Triunfo Participações e Investimentos (TPI) por R$ 1,7 bilhão, que representava um múltiplo de 11,5 vezes.
A escalada do grupo chinês, dono da maior hidrelétrica do mundo (a China Three Gorges), tem sido surpreendente para atual realidade brasileira de baixos investimentos e pouca atratividade para o estrangeiro. A entrada da empresa no Brasil ocorreu em 2013, com o lançamento de uma plataforma de investimentos para América Latina.
No ano seguinte, comprou participação em três hidrelétrica da subsidiária EDP no Brasil no Pará, Amapá e Mato Grosso. Em 2015, repetiu a parceria com a EDP e adquiriu 50% de 11 parques eólicos na Região Sul e no Rio Grande do Norte. Também fechou acordo para compra de hidrelétricas da TPI por R$ 2 bilhões.
A grande tacada da empresa, no entanto, ocorreu em novembro do ano passado, quando o governo federal decidiu leiloar as usinas cujo contrato de concessão havia acabado. Na disputa, a chinesa arrematou as hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira (ex-Cesp) por R$ 13 bilhões. Só nesse leilão a empresa agregou quase 5 mil MW a sua capacidade instalada.
A exemplo da conterrânea State Grid, que comprou a CPFL em julho deste ano, a participação da CTG no setor elétrico não deve parar por aí, segundo fontes do mercado. A empresa está de olho em ativos relevantes na área de energia renovável. Um deles é a Renova, uma das principais geradoras de energia eólica do Brasil. A companhia está em busca de um sócio para diminuir os prejuízos de uma má sucedida parceria com a americana SunEdison.
Segundo fontes, os ativos da Queiroz Galvão também podem estar na mira dos chineses, assim como a Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Um dos principais sócios da usina é a Odebrecht, envolvida na Operação Lava Jato e que precisa de recursos para reforçar o caixa. Executivos da empreiteira já foram até a China apresentar a hidrelétrica às empresas interessadas.
"Os investidores brasileiros estão sem fôlego para grandes aquisições. Hoje quem tem dinheiro são os chineses", afirma um executivo do setor.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Em apenas três anos, a elétrica China Three Gorges Corporation (CTG) se transformou na maior geradora privada do Brasil. O último lance para a conquista da posição foi anunciado na segunda-feira, 10, com a compra dos ativos brasileiros da americana Duke Energy , em operação no País desde 1999, quando o setor elétrico estava sendo privatizado.
Em fevereiro deste ano, a companhia anunciou que venderia todos os ativos da América Central e do Sul para se concentrar nos Estados Unidos. Desde então, a CTG mantinha conversas com o grupo americano.
O negócio, fechado em US$ 1,2 bilhão, inclui oito hidrelétricas e duas pequenas centrais hidrelétricas nos Estados de São Paulo e Paraná. Juntas, elas têm potência de 2,27 mil megawatts (MW) - o suficiente para abastecer 27 milhões de habitantes.
Com a aquisição, a CTG passa a ter capacidade instalada de 8,27 mil MW - superior aos 7,3 mil MW da franco-belga Engie, até então a maior geradora privada do País.
No ranking geral, entre públicos e privados, a chinesa ficará em quarto lugar, atrás das estatais da Eletrobrás, Chesf, Furnas e Eletronorte. "Essa transação é mais um passo importante para consolidar nossa estratégia de ser uma empresa de energia limpa relevante no Brasil", disse o presidente executivo da CTG Brasil, Li Yinsheng, em comunicado oficial. A CTG é uma estatal chinesa, mas no Brasil segue as regras do capital privado.
No mercado, o valor desembolsado pelos ativos da Duke foi considerado baixo. Na avaliação dos analistas do banco UBS Julien Dumoulin-Smith, Marcelo Sá e Jerimiah Booream, apesar de o preço de venda ser ligeiramente superior às expectativas iniciais, é baixo frente às projeções do mercado brasileiro.
Com base numa taxa de câmbio de R$ 3,3, eles estimaram um múltiplo médio - que considera o valor da empresa e a energia assegurada (limite de contratação de uma usina) - de 3,7 vezes.
Esse indicador está bem abaixo do calculado para a AES Tietê, de 6 vezes, e da Engie Brasil, de 7 vezes. Para se ter ideia, em 2015, lembram os analistas, a CTG comprou ativos de geração da Triunfo Participações e Investimentos (TPI) por R$ 1,7 bilhão, que representava um múltiplo de 11,5 vezes.
A escalada do grupo chinês, dono da maior hidrelétrica do mundo (a China Three Gorges), tem sido surpreendente para atual realidade brasileira de baixos investimentos e pouca atratividade para o estrangeiro. A entrada da empresa no Brasil ocorreu em 2013, com o lançamento de uma plataforma de investimentos para América Latina.
No ano seguinte, comprou participação em três hidrelétrica da subsidiária EDP no Brasil no Pará, Amapá e Mato Grosso. Em 2015, repetiu a parceria com a EDP e adquiriu 50% de 11 parques eólicos na Região Sul e no Rio Grande do Norte. Também fechou acordo para compra de hidrelétricas da TPI por R$ 2 bilhões.
A grande tacada da empresa, no entanto, ocorreu em novembro do ano passado, quando o governo federal decidiu leiloar as usinas cujo contrato de concessão havia acabado. Na disputa, a chinesa arrematou as hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira (ex-Cesp) por R$ 13 bilhões. Só nesse leilão a empresa agregou quase 5 mil MW a sua capacidade instalada.
A exemplo da conterrânea State Grid, que comprou a CPFL em julho deste ano, a participação da CTG no setor elétrico não deve parar por aí, segundo fontes do mercado. A empresa está de olho em ativos relevantes na área de energia renovável. Um deles é a Renova, uma das principais geradoras de energia eólica do Brasil. A companhia está em busca de um sócio para diminuir os prejuízos de uma má sucedida parceria com a americana SunEdison.
Segundo fontes, os ativos da Queiroz Galvão também podem estar na mira dos chineses, assim como a Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. Um dos principais sócios da usina é a Odebrecht, envolvida na Operação Lava Jato e que precisa de recursos para reforçar o caixa. Executivos da empreiteira já foram até a China apresentar a hidrelétrica às empresas interessadas.
"Os investidores brasileiros estão sem fôlego para grandes aquisições. Hoje quem tem dinheiro são os chineses", afirma um executivo do setor.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.