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Sem capitalização, Petrobras vai reduzir investimentos

Rio - O gerente de Relações com Investidores da Petrobras, Alexandre Quintão, destacou hoje que, para cumprir seu plano de negócios de até US$ 220 bilhões até 2014, a estatal conta com a capitalização. Caso contrário, segundo ele, a companhia será obrigada a reduzir investimentos. "Por que a capitalização com a cessão onerosa é importante? […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

Rio - O gerente de Relações com Investidores da Petrobras, Alexandre Quintão, destacou hoje que, para cumprir seu plano de negócios de até US$ 220 bilhões até 2014, a estatal conta com a capitalização. Caso contrário, segundo ele, a companhia será obrigada a reduzir investimentos.

"Por que a capitalização com a cessão onerosa é importante? Porque ela melhora a minha alavancagem em duas pontas. Primeiro, aumentando minha disponibilidade de caixa e, segundo, aumentando meu patrimônio líquido. E o cálculo da alavancagem financeira é em cima do patrimônio líquido. Quando tenho aumento dos dois (caixa e patrimônio), eu melhoro meu índice de alavancagem", destacou Quintão, durante reunião com acionistas promovida pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), na sede da estatal, no Rio.

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Quintão também confirmou que, caso a capitalização não ocorra, o corte de gastos é inevitável. "Teremos que reduzir investimentos", afirmou. Segundo o gerente, a Petrobras poderia alterar os investimentos dos anos seguintes, principalmente de projetos ainda não iniciados. "A maior dificuldade seria mexer nos investimentos deste ano, já que há muitos projetos começados com recursos comprometidos", disse.

A opção de recorrer ao lançamento de bônus não está sendo avaliada, segundo Quintão, porque isso elevaria o endividamento da companhia. "A Petrobras levou muito tempo para conquistar seu investment grade (grau de investimento) e não vai perder agora de jeito nenhum. E por isso a gente tem que manter a alavancagem dentro de um limite aceitável pelas agências de rating (classificação de risco). Uma das variáveis nesse processo vai ser a geração de caixa. Tenho minhas projeções, mais só vou saber isso mês a mês", disse.

A companhia fechou o ano com uma alavancagem de 31%. Essa alavancagem tem que ficar em até 35% para ser considerada uma condição adequada. "Isso não quer dizer que, se fecharmos um trimestre com 36%, perderíamos o investment grade. Se sinalizarmos a entrada de capital na sequência, nos meses seguintes, isso é considerado", comentou.

O gerente destacou ainda que há recursos para este ano, apesar do aumento de 25% do volume de investimentos previstos, de R$ 70 bilhões em 2009 para R$ 88,5 bilhões em 2010. "Nós ainda não sabemos o caixa gerado no primeiro trimestre, que pode ter sido superior ao que prevíamos e (talvez) não precisemos de uma captação no segundo trimestre, talvez (precisemos) de repente para o terceiro. Também sacamos apenas duas parcelas do financiamento junto à China, de US$ 2 bilhões cada, e fizemos poucas retiradas do financiamento de US$ 2 bilhões do Eximbank americano", lembrou.

Chamada de capital

A Petrobras pode fazer uma chamada de capital apenas entre acionistas preferenciais caso sua capitalização, com previsão de cessão onerosa de cinco bilhões de barris de petróleo da União, que está tramitando no Senado, não seja aprovada até o fim do primeiro semestre.

Quintão frisou, no entanto, que esta é apenas uma possibilidade prevista na Lei das S/A e que independe de qualquer autorização do Congresso Nacional. A possibilidade não chegou a ser estudada de fato pela companhia. A possibilidade foi citada por Quintão em resposta a jornalistas sobre como se daria o processo de capitalização sem que o governo precisasse fazer o aporte dos barris do pré-sal. Ele lembrou que a companhia também poderia fazer uma chamada de capital dos acionistas ordinários. Mas neste caso o governo teria que participar, por ser majoritário, e precisaria de autorização do Congresso Nacional.

Atualmente, o governo possui 55,6% das ações ordinárias e 32,1% do capital social total da Petrobras. O governo só participa das ações preferenciais por meio do BNDESPar, com 15,5%. No capital social total, o BNDESPar tem 7,7%.

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