EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A Braskem, que pertence ao grupo Odebrecht, anunciou nesta quarta-feira (5/4) a aquisição da Politeno, controlada pela Suzano Petroquímica. Com isso, a Braskem assumirá 100% do capital votante da Politeno, contra os 35% que detinha anteriormente, e 96,15% do capital total da companhia.
A transação foi dividida em duas fases. Na primeira, a Braskem pagará uma parcela de 111,3 milhões de dólares aos atuais acionistas da companhia. Além da Suzano, também fazem parte do quadro de acionistas as japonesas Sumitomo, com 20%, e Itochu, com 10%. A Suzano receberá 60,6 milhões de dólares e os japoneses, 50,7 milhões.
Após 18 meses, será pago o restante do valor da empresa, calculado com base no desempenho da Politeno. Esse valor irá considerar o preço médio do eteno (principal matéria-prima da empresa) e o preço médio do polietileno - principal produto da companhia. Segundo o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, apenas como exercício, se o cálculo fosse aplicado à média de preços dos últimos 18 meses, a parcela da Politeno comprada pela empresa corresponderia a 150 milhões de dólares - logo, no momento do acerto, seria necessário o desembolso de mais 38,7 milhões, equivalentes à diferença entre a primeira parcela e o valor final.
Sinergia
Atualmente, a Politeno possui 16% do mercado de polietileno brasileiro. Com sua aquisição, a Braskem elevará sua participação nesse segmento para 46%, equivalente à produção de 1,2 milhão de toneladas de polietileno. Segundo Grubisich, a intenção é avançar ainda mais. "Não compramos esse ativo para manter o status quo da Politeno. Nossa primeira decisão foi elevar a produção da empresa", diz.
Localizada no Pólo Petroquímico de Camaçari, a Politeno tem uma capacidade produtiva de 320 000 toneladas de polietileno por ano. A Braskem pretende elevar a atual capacidade para 360 000 toneladas até o final do ano, mas já em 2007 o objetivo é expandi-la para 400 000 toneladas por ano. Os investimentos somarão 10 milhões de dólares no período. A Politeno faturou 1,4 bilhão de reais em 2005.
A aquisição da Politeno trará ganhos de sinergia de 138 milhões de reais à Braskem. A maior quantia, 48 milhões, virá de sinergias tributárias e fiscais. Outros 38 milhões decorrerão de economias de escala. Os custos da aquisição estão avaliados em 28 milhões de reais. Por isso, o ganho líquido de sinergia será de 110 milhões.
Bônus
Para financiar parte da aquisição, a Braskem pretende emitir bônus perpétuos. Como está no período de silência determinado pela legislação americana, a empresa não quis detalhar a operação, mas informou que iniciará um roadshow junto a investidores internacionais ainda nesta semana.
"O valor final da emissão dependerá dos custos de captação, do apetite do mercado e de nossa disponibilidade de caixa", afirma o diretor financeiro da empresa, Paul Altit. Em dezembro, segundo Altit, a companhia possuía cerca de 1 bilhão de reais em caixa.
Ainda restam 3,85% de capital da Politeno nas mãos de acionistas minoritários. De acordo com Altit, a Braskem estuda agora o melhor modo de incorporar essas ações e assumir efetivamente 100% do capital da empresa. Indagado três vezes sobre um eventual fechamento do capital da Politeno, o executivo evitou uma resposta direta. "Estamos estudando a melhor modelagem para essa operação", afirma. Já Grubisich declarou que a marca Politeno será mantida por algum tempo, apesar de as perspectivas serem de "incorporação da empresa pela Braskem".
Relação com a Petrobras
Detentora de 10,02% do capital votante da Braskem, a Petroquisa (subsidiária da Petrobras) tem o direito de elevar essa participação para 30%. No entanto, na última sexta-feira a Petrobras anunciou que não houve acordo entre as duas empresas e decidiu não exercer seu direito.
A decisão da Petrobras pode prejudicar alguns planos da Braskem, que contava com essa capitalização para expandir sua capacidade produtiva. A Braskem irá reunir a imprensa na tarde de hoje para anunciar seus novos planos.