Brasil vive nova fase de consolidação bancária
Fase marca corrida dos gigantes para firmar posição em segmentos de crédito ao consumo, em meio a projeções de expansão forte
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2011 às 13h39.
São Paulo - A disputa cada vez mais acirrada por participação de mercado entre os grandes bancos de varejo e a necessidade de bancos médios se adaptarem a regras mais rígidas de capital estão levando o Brasil a outra fase de consolidação bancária, segundo analistas.
Na ponta forte da corda, a corrida dos gigantes para firmar posição em segmentos de crédito ao consumo, em meio a projeções de expansão forte por um período longo à frente que tendem a elevar os preços das oportunidades cada vez mais raras, num mercado já altamente concentrado.
"Daqui para frente, os bancos se disporão a pagar preços maiores", diz Erivelto Rodrigues, sócio da consultoria Austin Rating, citando o exemplo mais recente, o da compra de 49 por cento do Banco Carrefour pelo Itaú Unibanco, na semana passada.
Para bater a concorrência, que segundo fontes do mercado, incluía Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander Brasil, o Itaú pagou 725 milhões de reais, valor que corresponde a 2,6 vezes o patrimônio líquido da instituição comprada, segundo cálculos da Austin.
De acordo com Rodrigues, na média, os bancos de médio porte com ações negociadas em bolsa são avaliados atualmente em cerca de 1,5 vez o patrimônio líquido. "A tendência é que esses números subam", diz.
Por outro lado, o tempo joga contra uma alta dos preços de bancos médios, diz João Augusto Frota Salles, economista da consultoria Riskbank. Especialmente para instituições que têm se habituado a operações de compra de carteira de crédito, que terão regras mais rígidas de alocação de capital no Acordo de Basileia 3.
Em fevereiro, o Banco Central deu orientações preliminares e o cronograma de implementação no Brasil das novas regras de capital de Basileia, mostrando intenção de antecipar a adoção das novas regras no país.
Segundo Salles, as novas regras podem pegar vários bancos menores de 'calças curtas', tanto por terem que alocar capital para operações com vendas de carteiras, como por terem que equacionar a relação de prazos entre captação e empréstimos.
"As captações são de curto prazo e os empréstimos de longo, o que provoca muitas distorções e deixará muitos deles fragilizados", diz.
Para aliviar o receio de potenciais compradores com a solidez de bancos menores, acirrado depois da fraude bilionária no Banco Panamericano, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) estaria oferecendo condições atrativas de financiamento aos que mostrarem interesse em potenciais alvos de aquisição, segundo fonte do mercado.
Consultado, o FGC preferiu não comentar. O fundo, um órgão privado que pode conceder empréstimos de última instância a instituições financeiras com problemas, intermediou a venda para o BTG Pactual do Panamericano, em fevereiro.
Segundo notícias da mídia, o próximo negócio no setor pode ser a compra do Banco Schahin pelo BMG, que não se manifestou sobre o assunto.
São Paulo - A disputa cada vez mais acirrada por participação de mercado entre os grandes bancos de varejo e a necessidade de bancos médios se adaptarem a regras mais rígidas de capital estão levando o Brasil a outra fase de consolidação bancária, segundo analistas.
Na ponta forte da corda, a corrida dos gigantes para firmar posição em segmentos de crédito ao consumo, em meio a projeções de expansão forte por um período longo à frente que tendem a elevar os preços das oportunidades cada vez mais raras, num mercado já altamente concentrado.
"Daqui para frente, os bancos se disporão a pagar preços maiores", diz Erivelto Rodrigues, sócio da consultoria Austin Rating, citando o exemplo mais recente, o da compra de 49 por cento do Banco Carrefour pelo Itaú Unibanco, na semana passada.
Para bater a concorrência, que segundo fontes do mercado, incluía Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander Brasil, o Itaú pagou 725 milhões de reais, valor que corresponde a 2,6 vezes o patrimônio líquido da instituição comprada, segundo cálculos da Austin.
De acordo com Rodrigues, na média, os bancos de médio porte com ações negociadas em bolsa são avaliados atualmente em cerca de 1,5 vez o patrimônio líquido. "A tendência é que esses números subam", diz.
Por outro lado, o tempo joga contra uma alta dos preços de bancos médios, diz João Augusto Frota Salles, economista da consultoria Riskbank. Especialmente para instituições que têm se habituado a operações de compra de carteira de crédito, que terão regras mais rígidas de alocação de capital no Acordo de Basileia 3.
Em fevereiro, o Banco Central deu orientações preliminares e o cronograma de implementação no Brasil das novas regras de capital de Basileia, mostrando intenção de antecipar a adoção das novas regras no país.
Segundo Salles, as novas regras podem pegar vários bancos menores de 'calças curtas', tanto por terem que alocar capital para operações com vendas de carteiras, como por terem que equacionar a relação de prazos entre captação e empréstimos.
"As captações são de curto prazo e os empréstimos de longo, o que provoca muitas distorções e deixará muitos deles fragilizados", diz.
Para aliviar o receio de potenciais compradores com a solidez de bancos menores, acirrado depois da fraude bilionária no Banco Panamericano, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) estaria oferecendo condições atrativas de financiamento aos que mostrarem interesse em potenciais alvos de aquisição, segundo fonte do mercado.
Consultado, o FGC preferiu não comentar. O fundo, um órgão privado que pode conceder empréstimos de última instância a instituições financeiras com problemas, intermediou a venda para o BTG Pactual do Panamericano, em fevereiro.
Segundo notícias da mídia, o próximo negócio no setor pode ser a compra do Banco Schahin pelo BMG, que não se manifestou sobre o assunto.