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Brasil não está preparado para liderar a América Latina, dizem especialistas

A preferência do Brasil em comercializar com os EUA e Europa é uma das razões para a falta de políticas de integração

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Apesar do otimismo em relação à situação econômica do Brasil, o país ainda não está preparado para liderar a região da América Latina, afirmaram especialistas presentes em debate organizado pela revista The Economist, nesta quarta-feira (21/10).

De acordo com o presidente da Fundação Cívico Republicana, Ricardo López Murphy, o Brasil tem traçado políticas erradas ao dar preferências comerciais aos Estados Unidos e Europa.

"O Brasil está não está certo ao deixar de lado as potencialidades de uma maior integração com a América Latina. Com isso, perdemos a oportunidade de participarmos da importante Rodada Doha por exemplo", afirmou Murphy.

Além disso, um dos principais empecilhos para que o país seja a referência latina, segundo ele, deve-se à postura de negociador do presidente Lula.

"O governo não gosta de confrontações internacionais. Ele só negocia com todas as partes e não escolhe uma posição. Até mesmo com países explicitamente antidemocráticos como a Venezuela e Honduras", disse Murphy.

De modo geral, os especialistas que participaram do debate não acreditam na eficácia dos blocos latino-americanos como o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e União das Nações Sul-americanas (Unasur).

Para o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Eduardo Giannetti da Fonseca, a região é carente de integração em todos os aspectos.

"Temos que quebrar as barreiras e ter uma postura muito mais agressiva no sentido de integrar programas de energia, transporte e meio ambiente. Afinal, a riqueza das florestas tropicais está na América do Sul. Além disso, é importante que nos conheçamos culturalmente também, o que não acontece", afirmou Fonseca.

Na opinião de César Gaviria, ex-presidente da Colômbia de 1990 a 1994 e atual presidente do partido Liberal da Colômbia, antes do Brasil reivindicar uma cadeira permanente no conselho da ONU (Oganização das Nações Unidas), o país tem que mudar a forma de conduzir as relações comerciais com o resto da América Latina.

"As oportunidades são fantásticas, mas não estão sendo aproveitadas. O Brasil não tem integrado e aberto a sua economia para a América Latina para que todos possam competir. O país é fechado numa sociedade corporativista", afirmou Jorge Castañeda, professor de política e estudos latino-americanos e do Caribe na New York University.
 

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