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Brasil aproveita mal oportunidades do setor moveleiro

Estudo mostra que há espaço para crescimento nos mercados interno e externo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

O Brasil possui um grande potencial de crescimento no setor de móveis que é pouco aproveitado. A conclusão parte de um estudo realizado pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), encomendado pelo Sebrae, pela Agência de Promoção de Exportações e Investimentos no Brasil (Apex) e pela Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs).

De acordo com o levantamento, há muito espaço para o Brasil expandir suas vendas, tanto no mercado interno quanto externo. "A tendência é o comércio internacional crescer acima da produção mundial, com a migração das fábricas para regiões com baixos custos de produção. A pergunta é: até que ponto o Brasil está apto a aproveitar essa oportunidade?", diz o coordenador da pesquisa, Marcelo Prado. Segundo ele, um dos maiores entraves da indústria brasileira está na produção fragmentada. "Como 65% dos fabricantes são pequenos empresários, será muito difícil ampliar as exportações, já que a capacidade de distribuição dessas firmas é muito limitada", afirma.

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Do total mundial de exportações, o Brasil participa apenas com 1,2%, enquanto os 15 países da União Européia detêm 50% e a China 12%. Apesar de possuir matéria-prima de qualidade e em abundância, a produção nacional representa somente 1,8% da fabricação mundial de móveis. A União Européia participa com 36% e os Estados Unidos com 22%. "Precisamos investir mais em design para conquistar o mercado internacional", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Domingos Rigoni. Segundo ele, a falta de uma política industrial voltada para a exportação também dificulta a expansão do setor. "Os custos de transportes e as tarifas de exportação são muito altos, impedindo o desenvolvimento das vendas no exterior", diz.

Apesar disso, nos últimos cinco anos as exportações cresceram 104%, passando de 494 milhões de dólares em 2000 para 1 bilhão no ano passado. "Esse resultado foi impulsionado pelo câmbio e pelos incentivos fiscais e de promoção em feiras internacionais. Mas bastou uma mudança no câmbio para que as exportações desacelerassem. Se o dólar continuar baixo, as empresas não vão se preocupar em exportar", diz Prado. De acordo com a Abimóvel, o valor ideal do dólar para o setor é de 2,50 reais.

Mesmo com o crescimento verificado a partir de 2000, as exportações brasileiras ficam muito aquém das de outros países. Na China, por exemplo, elas totalizam 9 bilhões de dólares por ano.

Mercado interno

Segundo o presidente da Abimóvel, os últimos dois anos não foram bons para o setor moveleiro. "O poder de compra da classe média caiu muito. Por isso, somente as vendas de móveis baratos, em geral de baixa qualidade, e comercializados com longos prazos de pagamento subiram."

A pesquisa mostra que as classes B e C são responsáveis por mais de 60% do consumo de móveis no país. Já os segmentos D e E detêm apenas 22,5% de participação no mercado. "Para expandir a demanda, é preciso que haja melhor distribuição de renda", afirma o coordenador do estudo.

O crescimento do setor, no entanto, não depende somente de fatores econômicos. De acordo com Prado, a indústria moveleira precisa modificar sua cultura. "Não adianta pensar apenas em aumento de produção e não investir em vendas e promoção de produtos", diz Prado,ressaltando que cada empresa possui, em média, 100 clientes e apenas 1,2 vendedores para atendê-los, além do dono.

No ano passado, foram investidos 212 milhões de reais em equipamentos para modernização e 329 milhões em outros itens. O valor, correspondente a cerca de 2% do faturamentototal do setor,éconsiderado baixo pelo IEMI. "O ideal seria investir pelo menos de 6% a 8%", afirma Prado.

Para 2006, a previsão mais otimista de Rigoni, da Abimóvel,aponta crescimento de 10% sobre o faturamento de 2005. Já Prado não acredita em resultados acima de 3%. No ano passado, as vendas somaram 17 bilhões de reais.

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